Ioga, o que é!

O Ioga tem como objectivo a união entre o corpo físico, mental e emocional.

Através do exercício de Ioga pretende-se estabelecer uma interligação coerente entre estes três factores, em direcção a uma harmonia que faz circular toda a energia vital. Esta prática milenar constitui uma das melhores vias para manter a mente sã num corpo são.

O ioga não pode ser encarado como mais uma actividade física, mas sim como uma forma de estar na vida. É um conjunto de ferramentas e técnicas que se vão adquirindo através de trabalho físico, de respiração e de concentração, através das quais se pode controlar a mente e, consequentemente, atingir altos índices de serenidade e estabilidade.

Para se atingir um estado emocional sereno, primeiro é essencial ter o corpo saudável. A disciplina proporciona o auto-conhecimento profundo das capacidades do corpo e o desenvolvimento da utilização racional de todos os recursos físicos e mentais que normalmente estão desaproveitados.

Através de uma série de exercícios respiratórios -acompanhados de posições psico-físicas, meditação, relaxamento e vocalizações -, os princípios da filosofia de vida do ioga vão ao encontro das leis da natureza. Não tem como função mudar o mundo mas pode contribuir para influenciar positivamente as pessoas.

“O maior mestre é o nosso interior”, descreve João Alvo, professor de ioga há oito anos, acrescentando que esta forma de vida “não é uma religião e não tem deuses nem mestres”. Ao apregoar o amor universal e incondicional, ou a compreensão entre todos os seres, é essencialmente uma filosofia de vida que não se revela incompatível com qualquer crença espiritual, pelo contrário, tem pontos de contacto com todas elas.

Apesar de ser um método oriental, não é necessário vestir roupas diferentes e adoptar a maneira de viver dos indianos para se praticar ioga. Mas convém lembrar que a morfologia entre orientais e ocidentais é diferente. Por exemplo, nós nascemos numa cultura que nos habituou a sentar em cadeiras, logo, é impossível termos a mesma postura de quem aprende desde cedo a sentar-se no solo.

 

Nas salas de aula

As aulas de ioga são o espaço onde vai encontrar as ferramentas para desenvolver a filosofia de vida que contempla a actividade. É uma forma de aprendizagem que permite incutir a regularidade da prática, pois a maior dificuldade é manter a persistência e a assiduidade – a única maneira de atingir efeitos visíveis. Ser rigoroso, justo e coerente são as leis básicas para quem quer frequentar as aulas de ioga.

Apesar de inicialmente o objectivo do ioga não ter sido terapêutico, a constatação dos benefícios para a saúde física e mental originou a sua aplicação no tratamento de algumas situações patológicas, com excelentes resultados. Umas das razões do sucesso do ioga enquanto terapia é a mudança que induz no estilo de vida do praticante, atingida de forma equilibrada e planeada.

Os exercícios contribuem para o alongamento dos músculos, melhorando a flexibilidade e, deste modo, a circulação sanguínea aumenta em todo o corpo, libertando a tensão. É por esta razão que a prática de ioga está associada à diminuição do nervosismo, depressão e ansiedade, proporcionando um alto nível de relaxamento.

Apesar de o ioga ser indicado para todas as pessoas, é aconselhável aos frequentadores das aulas que expliquem ao professor todos os seus problemas e limitações. Como a maior parte das pessoas que chegam aos ginásios apresentam determinados desequilíbrios funcionais, o mestre tem de conhecê-los para adequar correctamente os exercícios a cada problema.

Para quem inicia esta prática o professor João Alvo aconselha a frequência das aulas duas vezes por semana, mas o ideal é praticar três vezes. O horário deve ser escolhido de acordo com a actividade de cada pessoa, porque as características das aulas da manhã são diferentes das das aulas da noite. Ao início do dia é necessário captar mais energia e ao final da tarde não se pode exagerar nos exercícios das técnicas respiratórias.

 

10 razões para praticar ioga:

1- Os benefícios pessoais são inúmeros: a harmonização do físico e da mente ajuda ao auto-conhecimento profundo do corpo humano e à utilização racional de todos os recursos subaproveitados.

2- Reduz as situações de stress, ansiedade e desequilíbrios emocionais ao proporcionar tranquilidade e relaxamento; corrige problemas de postura relacionadas com deficiências na coluna; ajuda a flexibilidade das articulações.

3- Altos índices de aproveitamento da concentração e uma maior serenidade

4- Através da prática regular do ioga obtém-se o reforço da auto-estima e da auto-confiança.

5- O praticante começa a sentir-se bem consigo mesmo e deixa de ter necessidade de criar comportamentos de dependência, ao mesmo tempo que aprende a reforçar as emoções positivas e a evitar as negativas.

6- É indicado no tratamento de pessoas que sofrem de problemas ósseos, musculares, circulatórios, articulares, respiratórios e asmáticos. Além de ajudar na flexibilidade das articulações ensina a respirar correctamente, pois a maioria das pessoas respira para sobreviver e não para viver.

7- Durante a gravidez beneficia o estado de saúde do feto e estabelece uma relação mais precoce entre mãe e filho, extremamente importante para o desenvolvimento da criança.

8- Nos idosos retarda o aparecimento das manifestações do envelhecimento e tem óptimos efeitos nas doenças crónicas e na preservação da autonomia.

9- Na criança, permite o desenvolvimento harmónico entre o físico e a mente possibilitando um melhor aproveitamento das suas capacidades.

10- Pode ser encarado como um método de auto-tratamento, na medida em que o praticante transfere os conhecimentos das aulas para a sua vida diária.

Ioga como prática milenar

A história do ioga remonta aos primórdios da Humanidade. Surgiu há alguns milénios atrás com os ascetas que viviam nas selvas da Índia e que desenvolviam uma vida de recolhimento, exercício físico e ascese. Dedicavam-se ao controlo total do corpo e alimentavam-se daquilo que a natureza lhes dava, vivendo à margem da uma sociedade conturbada, dividida entre guerras, invasões e ocupações.

Apesar da origem do ioga se perder nos tempos sabe-se que houve alguém que começou teoricamente a adoptar uma linha de acção. Supõe-se ter sido codificado inicialmente pelo indiano Pantanjali que desenvolveu os aforismos da técnica nomeada Ioga Sutras de Pantanjali – um dos primeiros documentos escritos sobre a disciplina.

Com a colonização da Índia, o ioga foi levado primeiro para a América e só depois chegou à Europa. “Ainda permanece a ideia de que se pratica muito ioga na Índia, o que é falso. Um iogi era um intocável, um indivíduo que vivia à margem da sociedade, assim como Buda era um príncipe que não conhecia a vida e ao ver a realidade quando saiu do palácio fugiu e foi viver com os ascetas na selva”, explica o professor João Alvo.

Em Portugal começou a praticar-se ioga na década 60, mas o método só ficou relativamente conhecido há cerca de 20 anos. Hoje, são vários os clubes e ginásios de norte a sul do País que proporcionam aos interessados a aprendizagem desta prática milenar.

objetivo do ioga

 

Indicações úteis para as aulas de ioga:

• Utilize um tapete de ioga – tapete pequeno, toalhão turco ou manta – e um pequeno rolo, para se sentar, com cerca de um palmo de diâmetro e dois de comprimento. Se preferir pode optar por uma almofada redonda, que lhe possibilite ficar sentada de forma confortável.

• Não tome duche a seguir à aula, para evitar que a água limpe a energia existente à periferia do corpo.

• Na primeira aula informe o professor se tem algum problema de saúde: problemas de coluna, coração ou respiratórios.

• Mantenha rigor consigo mesma, ao não competir com os outros nem consigo.

• Trabalhe o físico de modo coerente e inteligente ao ter consciência das sua limitações e não sinta vergonha delas, aceitando-as. Só deve ir até aonde pode não fazendo demasiados esforços.

• Esteja concentrada no trabalho que está a fazer não desviando a atenção para os exercícios dos colegas.

• Seja pontual, pois ao começar o trabalho sem aquecimento, afecta a harmonia da aula já em curso.

 

Os caminhos do ioga:

Há vários ramos de ioga, mas que convergem para a mesma unificação do ser. Ou seja, são vários os caminhos e vias que levam a um único destino:

Hatha ioga: “Ha” representa a lua e “Tha” representa o sol. O sol é o Prana, ou seja a energia e a força vital e a lua é a energia mental. Assim Hatha ioga significa a união das forças prânicas e mentais; quando se atinge produz nos seus praticantes um grande acontecimento na vida humana. Esta via trata do corpo físico baseado na série clássica de Pratipica (conjunto de exercícios que foram codificados) e compõe-se de três disciplinas: postura física (Asana) + exercícios de respiração (Pranayama) + meditação ( Dharana).

Raja ioga: ioga da meditação pura ou ioga da mente.

Karma ioga: ioga da vida no dia-a-dia e do destino. Resulta de uma atitude, em que a união do corpo e da mente está relacionada com a sociedade.

Bhakti ioga: ioga da devoção, que assenta em vários princípios – ser verdadeiro e justo fazendo tudo com amor.

Laia ioga: ioga religioso, que habitualmente é desenvolvido pelo monges, na sua entrega a um divino. Mostra, de modo particular, o que há de comum nas várias religiões e crenças espirituais, pois as suas práticas contribuem para a salvação da alma e reconciliação com Deus.

Mantra ioga: ioga do som e da palavra. Os sons são repetidos diversas vezes, normalmente no idioma sânscrito, mas a sua tradução é irrelevante, o que importa é o poder da vibração sonora. O som “OM” é a base dos Mantras ióguicos, que na Índia representa o vocábulo único e o som cósmico por excelência. Segundo as tradições orientais, quando se formou o universo, foi a força do “OM” que fez vibrar a matéria pela primeira vez. Este som quando pronunciado regularmente durante a meditação traz calma e paz de espírito.

Tantra ioga: é o caminho que contribui para a harmonia na sexualidade. Esta técnica considera que o corpo biológico e a mente são apenas um instrumento através dos quais as forças cósmicas operam; o segredo da vida está no controlo da energia sexual. Para o tantra ioga tudo o que existe no universo também deve existir, de certa forma, no corpo humano.

Iantra ioga: assenta na união com um ser superior consumado na visualização geométrica. É um instrumento eficaz para a contemplação, concentração e meditação, que também pode ser chamado Mandala ioga.

Agni ioga: síntese de todos os iogas, especialmente do karma ioga, Bhakti e do Raja ioga. Em sânscrito, Agni significa o fogo da criação do cosmos.

Não deixe de experimentar fazer Ioga e conhecer as suas virtudes.

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