Bebés prematuros e a dificuldade da amamentação

A Maternidade Dr. Alfredo da Costa (MAC) irá inaugurar brevemente o primeiro Banco de Leite Humano (BLH) do nosso País.

Uma solução para si e para muitas mães que, por vários motivos, não consigam ter leite próprio para amamentar os seus filhos.

O BLH permitirá conservar e armazenar leite materno proveniente de dadoras, com todas as condições de segurança, de forma a poder disponibilizá-lo a bebés que não possam ser amamentados pelas próprias mães, com especial prioridade para bebés prematuros.

Para nos explicar melhor a iniciativa, a Bebé Saúde entrevistou o Dr. Jorge Branco, Diretor da MAC.

Quais os grandes objetivos do lançamento do Primeiro Banco de Leite Humano da MAC?

Corresponder às recomendações da OMS, UNICEF e das guidelines, baseadas nas melhores evidências científicas, de promover o aleitamento materno a todas as crianças nos primeiros meses de vida.

E, nas situações em que tal não seja possível, especialmente nos casos de prematuridade ou outras doenças, leite humano de dadoras voluntárias, criteriosamente selecionadas, submetido a pasteurização sob rigoroso controlo de qualidade.

Quem irá usufruir do mesmo e como se irá desenvolver na prática?

De acordo com a disponibilidade de leite no BLH, serão adotadas, nos moldes de outros BLH da Europa e dos EUA, critérios de prioridade:

– Prematuridade, síndromes de má absorção, intolerância alimentar, deficiências imunológicas, certas doenças congénitas, nutrição pós-operatória, agaláctia materna, adoção, doença materna, situações de risco de transmissão de doenças pelo leite da própria mãe e óbito da mãe.

Na prática, de acordo com as reservas de leite pasteurizado e a sua prescrição pelos médicos do Hospital, vai sendo disponibilizado seguindo aqueles critérios.

Quando será inaugurado o Banco de Leite Humano?

Quando for autorizado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS). O processo organizacional (do recrutamento e seleção das dadoras, receção, processamento e controlo de qualidade) está em vias de ser testado.

Neste momento, podemos considerar que o apetrechamento técnico está praticamente concluído, faltando apenas acertar alguns pormenores relativos ao controlo de qualidade.

Esperamos que estes processos organizacionais e técnicos estejam finalizados nas próximas quatro a seis semanas.

Este será um serviço pioneiro no País?

Em Portugal este será o primeiro BLH.

Como surgiu a ideia da criação deste primeiro BLH?

Surgiu na sequência da abertura do primeiro BLH em Espanha, há cerca de um ano e de palestras efetuadas a esse propósito em Madrid e, depois, em Viseu, pelo Dr. João Aprígio e Dra. Carmen Medina.

Constatámos então que Portugal era um dos poucos países europeus que não oferecia a alternativa do leite humano doado e pasteurizado aos seus prematuros, nas situações (relativamente frequentes) em que as próprias mães não têm leite ou não o podem dar.

A MAC possui a maior Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do país, tratando cerca de 16 a 18% dos prematuros de Portugal.

Além disso, o leite materno ou, na sua falta, o humano pasteurizado, é um fator de proteção, comprovado, às infeções intestinais graves (enterocolite necrotizante) e sépsis.

Além de outros benefícios a mais longo prazo, ainda em estudo, este investimento é uma importante alternativa, na ausência de leite materno, com repercussão benéfica no futuro destas crianças.

Reduzem-se os custos humanos e económicos daquelas morbilidades, o tempo até á autonomia alimentar e, portanto, também os tempos de internamento destas crianças.

Quais os parceiros da iniciativa?

Atualmente, as parcerias são internas, entre os diversos serviços e pessoal envolvido neste processo.

Como o processamento e a divulgação acarretam custos e o serviço é prestado sem retribuição (sem custos para o utente), provavelmente, o BLH deverá vir a ser um destinatário de contribuições voluntárias ou iniciativas visando angariação de fundos para a concretização dos seus objetivos.

Banco de Leite Humano

Um investimento a rondar os 25000 euros

A Geofar é a empresa responsável para equipar o primeiro BLH em Portugal, a inaugurar na MAC.

Há 14 anos a trabalhar para ajudar e incentivar a amamentação, a Geofar é a única entidade no nosso país com este tipo de serviços.

Com experiência comprovada, a é ainda responsável por equipar todos os Cantinhos da Amamentação disponíveis nos Centros de Saúde por todo o país.

A empresa organiza frequentemente ações de formação de aconselhamento em aleitamento materno para profissionais de saúde, bem como apoia encontros científicos neste âmbito.

José Guerra, diretor-geral da empresa explica melhor a intervenção da Geofar no primeiro BLH da MAC.

Qual é o apoio concreto dado pela GEOFAR ao primeiro banco de leite materno?

Somos responsáveis pelo fornecimento de todos os equipamentos a custos reduzidos e pela formação relativa ao BLH.

Como se processou o equipamento do primeiro banco de leite materno?

Procedemos à instalação e experimentação de todos os equipamentos.

Na sua opinião, qual a importância do mesmo para as recém-mamãs?

Julgo que a principal vantagem é a motivação em relação ao aleitamento materno e o facto das mães terem disponível leite humano, se porventura o seu leite não for suficiente.

O leite humano é a segunda opção alimentar para um bebé recém-nascido, caso a sua própria mãe tenha dificuldade em amamentar. O leite materno deverá ser sempre a primeira opção.

Qual o investimento desta iniciativa?

Todos os equipamentos representaram um investimento de cerca de 25.000 euros.

Que outras iniciativas são realizadas pela Geofar ao nível do aleitamento materno que gostasse de referir e em que as leitoras possam recorrer ou participar?

Damos apoio domiciliário na maioria dos casos por indicação de um profissional de saúde.

Oferecemos ainda workshops gratuitos em farmácias e no nosso Centro de Formação situado na Av. de Madrid, 12 – R/C Dto., em Lisboa.

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