Acesso ao tratamento para a artrite reumatoide preocupa médicos

Dia 5 de Abril é o dia Mundial do Doente com Artrite Reumatoide, um dia em que os médicos internistas aproveitaram para chamar a atenção para a desigualdade no acesso ao tratamento que sofrem estes doentes.

São 40 mil os portugueses que sofrem desta doença inflamatória crónica, de causa ainda desconhecida, mas que, de entre as doenças autoimunes, foi uma das que mais beneficiou com a introdução de fármacos biológicos. No entanto, estas terapêuticas ainda não chegam a todos os doentes que precisam delas,  lembra o Núcleo de Doenças Auto-imunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. “Estes fármacos permitiram começar a discutir o conceito de remissão, isto é a possibilidade de o doente ficar sem sintomas ou com eles controlados. A entrada dos medicamentos biológicos permitiu aumentar essa percentagem, fundamentalmente à custa dos casos mais graves, que são obviamente os que mais nos preocupam e devem ser a prioridade”, afirma  José Delgado Alves, coordenador do NEDAI.

Segundo o especialista, o acesso desigual deve-se não só à prudência na prescrição resultante do preço elevado destes fármacos, mas também às resistências e obstáculos colocados por muitas administrações hospitalares que, ao tentarem limitar o orçamento da respetiva instituição, se esquecem que esse dinheiro é na realidade de todos e para todos. Esses obstáculos acabam por resultar em prejuízo do doente em causa, promovendo a desigualdade de acesso, ainda mais condenável.   “O paradigma deste estado de coisas é a facilidade de prescrição em consultórios em relação à quantidade de dificuldades impostas nos hospitais, apesar de serem eles próprios os responsáveis pelos mecanismos de qualidade e segurança em vigor e em última instância os responsáveis pela disponibilização e pagamento destes fármacos”, esclarece José Delgado Alves.

Para debater este e outros problemas que afetam a artrite reumatoide e outras doenças auto-imunes, o NEDAI vai promover a sua 21ª reunião anual e o 4º Congresso Nacional de Autoimunidade de 16 a 18 de Abril, em Coimbra, um evento que conta com a colaboração e participação de muitas especialidades médicas que estão interessadas neste tipo de doenças e que querem colaborar num espírito aberto de entreajuda.

A principal preocupação nesta reunião será discutir o doente como um todo, porque, como refere José Delgado Alves, “nas doenças autoimunes sistémicas é mais importante o médico (ou a equipa) que sabe tratar a doença e as suas complicações, vendo o doente como um todo, do que a especialidade formal que tem. Entendo que estes doentes não devem ser tratados obrigatoriamente por uma ou outra especialidade específica, mas sim pela equipa que sabe de facto tratá-los por inteiro, qualquer que seja a sua formação de base.

Por estas razões, acreditamos que a Medicina Interna é uma das especialidades mais preparadas para o fazer. E esse reconhecimento já existe no serviço nacional de saúde através de múltiplas consultas e unidades de Doenças auto-imunes da responsabilidade de especialistas de Medicina Interna, presentes em todo o país”.

Fonte: Guess What

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