O lado positivo da tristeza

A tristeza é uma emoção que normalmente está associada à perda de algo significativo, de algo a que atribuímos valor e importância.

Quando estamos deprimidos ou “em baixo” sentimos desalento, irritação, mal-estar e também uma sensação de que não nos apetece fazer nada ou que não há nada de estimulante a acontecer na nossa vida. Às vezes, ficamos sem esperança de que possa haver um futuro melhor…

E, para que isso não aconteça, o que é que normalmente temos tendência a fazer? Pois… Tentamos ao máximo evitar sentir essa emoção! Porque para além de tudo o que ela nos provoca, traz-nos também à memória os nossos erros, fracassos, desilusões e dificuldades.

Fora que, “não fica bem” manifestarmos abertamente os nossos sentimentos e emoções. Há uma pressão social para pormos uma máscara e agirmos como se nada fosse. Até mesmo o discurso das pessoas é do género: “esquece isso, já passou”, “a vida continua, não te podes deixar ir abaixo”, “tens de ser forte”… Como se as “pessoas fortes” fossem aquelas que são capazes de aguentar tudo, que nunca se deixam abalar e que não precisam da ajuda de ninguém. Isso é falso.

A tristeza tem a função de alertar-nos para algo que não está bem. Ela obriga-nos a parar, a pensar e a abrandar o ritmo. E é nossa tarefa fazermos uma introspecção e questionarmos “porque que isto está a acontecer?”, “onde é que eu errei?”, “em que é que tenho de mudar para melhorar?”, “como posso resolver esta situação?”… A tristeza ajuda-nos a analisar os problemas de uma forma mais profunda e, assim, a resolvê-los mais eficazmente.

Na verdade, quando evitamos sentir dor ou simplesmente não a aceitamos, temos mais dificuldade em tomar boas decisões porque, simplesmente, não encaramos os problemas de frente e não percebemos o que é que está mal e o que é que tem de ser mudado para finalmente avançarmos.

Conheço pessoas que depois de terem passado por situações adversas muito complicadas, conseguiram (com muito esforço e persistência) dar um significado a essa experiência. Elas mudaram o seu estilo de vida, marcaram uma viagem à última da hora, iniciaram projectos, fizeram algo que sempre quiseram fazer mas que nunca tinham feito.

Simplesmente encontraram um sentido para a sua dor, mas lá está, só aconteceu depois de uma profunda introspecção, de uma compreensão da dor, de uma busca pelo auto-conhecimento.

Estas pessoas aperceberam-se que tinham de fazer algo por si mesmas, algo que mais ninguém poderia fazer por elas.

Mas também há o outro tipo de pessoas, que depois de uma experiência dolorosa de perda, acabam por desempenhar um papel de vítimas, atribuindo a culpa para cima dos outros ou das circunstâncias, gerando uma situação de ódio, raiva e ressentimento ou simplesmente de resignação e passividade perante a vida.

Numa situação de perda existem duas saídas possíveis. Uma pode levar-nos ao auto-conhecimento, à felicidade. A outra pode levar-nos a trazer ao de cima o pior que há em nós e a entrar numa espiral de negatividade que se torna cada vez mais difícil de supera-la.

As escolhas são única e exclusivamente nossas!

P.s.: quero ressalvar que a depressão é uma manifestação patológica da tristeza, não é adaptativa, e que por isso deve ser procurada ajuda de algum profissional para ultrapassá-la.

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