A sexualidade durante a gravidez e pós-parto

Saiba mais sobre a actividade sexual na gravidez.

A gravidez é uma fase emocionante e especial para o casal, mas também é nesta altura que surgem diversos receios e dúvidas, inclusive no campo da sexualidade. Está na hora de descobrir tudo o que sempre quis saber sobre sexo nesta fase da vida e que não se atreveu a perguntar!    

A gravidez – todos sabemos – é uma fase de grandes mudanças. A nível biológico, psicológico e social, as mulheres passam por uma verdadeira revolução, de modo a preparar-se para gerar o novo ser. E uma vez confirmada a gravidez, especialmente se for a primeira, há perguntas que surgem na mente de muitos casais: “Será que podemos continuar a fazer amor como antes e com a mesma frequência? Fará mal ao bebé? E depois de ele nascer, como vai ser?” Pois é! Quando uma mulher engravida, a sexualidade do casal é quase sempre afetada por dúvidas e receios, por mais disparatados que sejam.

Antes de mais, é importante esclarecer uma questão: relações sexuais e gravidez são compatíveis! Para a maioria das mulheres não existe qualquer contraindicação em fazer sexo durante a gravidez, a menos que o seu médico o desaconselhe (ver caixa).

Segundo Ana Cláudia Rodrigues, ginecologista-obstetra, “muitos casais abstêm-se de ter relações sexuais logo que têm conhecimento da gravidez por medo de magoar o bebé. No entanto, estudos recentes mostraram que o sexo numa gravidez normal não causa traumatismos no bebé, nascimento de bebés prematuros ou com baixo peso, nem rotura da bolsa de águas, sendo por isso considerado seguro.”

Assim, se está grávida e é saudável, pode viver e expressar a sua sexualidade com naturalidade, pois desde que o casal se sinta confortável, não haverá qualquer problema para a gestante e para o feto.

 

Quando há contraindicações…

O sexo durante a gravidez é seguro e saudável, desde que não existam indicações médicas em contrário. Contudo, uma mulher grávida deve evitar sexo durante a gravidez se existir:

– Perigo de aborto ou história anterior de aborto;

– Risco de parto prematuro, se está de menos de 36 semanas;

– Hemorragia vaginal;

– Rompimento da bolsa de água ou perda de líquido amniótico;

Placenta prévia ou deslocamento;

– Cérvix dilatado. Se existe dilatação do colo uterino as relações sexuais podem facilitar a entrada de germes;

– Infeções sexualmente transmitidas (IST)

 

Desejo: muito, igual ou nenhum?

De qualquer forma, durante esta fase, é frequente homens e mulheres sentirem-se apreensivos quanto à sua sexualidade, até porque não deixa de ser verdade que a sua vida sexual se modifica na gravidez. As mulheres sofrem grandes alterações hormonais no decorrer desse período e, como tal, a libido também vai variando.

Como a obstetra nos explica, “o efeito da gravidez no desejo sexual é variável. Algumas grávidas têm aumento do desejo pela ausência de preocupações com a contraceção e a conceção, outras diminuem o seu interesse por práticas sexuais em consequência das alterações hormonais, enjoos e vómitos, aumento do volume abdominal ou preocupações com o parto”. E também porque, com o aumento do volume corporal, algumas sentem-se desinteressantes e menos sensuais.

E depois do parto?

Quando o bebé nasce, ocorre, naturalmente, o período de adaptação do casal ao novo dia-a-dia. Antes eram dois, agora são três. Há novos papéis e funções a desempenhar. Tudo se altera e, por isso, também a sexualidade do casal.

De acordo com Ana Cláudia Rodrigues, a atividade sexual pode ser reiniciada entre as 4 e as 6 semanas após o nascimento do bebé. “Este é o tempo necessário para o retorno do corpo à normalidade e para a cicatrização de episiotomias ou cesarianas”, constata. Este período, designado puerpério, deve coincidir com uma consulta de revisão ginecológica, na qual o médico avaliará o estado da recém-mamã.

Mas a mulher precisa de recuperar física e psicologicamente. E se a primeira recuperação ocorre de forma mais rápida, a segunda poderá levar mais tempo. Como a ginecologista-obstetra nos explica, “após o parto, ocorre diminuição da hormona feminina (estrogénios) e aumento da hormona associada à produção de leite (prolactina). Esta alteração condiciona frequentemente redução do interesse sexual”. Para além disso, as preocupações constantes com o bebé e as novas responsabilidades tendem a agravar esta redução. “Será por isso importante apostar em outras formas de intimidade sexual (estimulação não genital, preliminares, fantasias sexuais)”, ressalva.

Quem também partilha desta opinião é Letícia Martins. A especialista defende que cada casal deverá impor o seu próprio ritmo, à medida que, tanto a mulher como o homem, se forem sentindo mais confortáveis, e não apenas por permissão médica.

Com todas as alterações inerentes a esta nova fase, e à semelhança da gravidez, a comunicação no casal torna-se imprescindível. Devem por isso “dialogar, exprimindo claramente o que sentem e pensam, propor alternativas e/ou soluções proporcionadoras do bem-estar de ambos e disporem-se a, conjuntamente, discutir os inúmeros desafios com que se vão deparando”, sublinha a sexóloga.

Mas atenção! O período pós-parto também requer atenção e cuidados no que concerne à retoma da atividade sexual. “Mesmo durante a amamentação, há risco de uma nova gravidez, pelo que se esta não é desejada pelo casal, deve ser utilizado um método contracetivo”, alerta Ana Cláudia Rodrigues. Portanto, se não quer surpresas nesta fase, aconselhe-se com o seu médico.

De resto, não se esqueça: salvo restrições médicas, sexo e gravidez não são incompatíveis, muito pelo contrário! E depois do parto? Bom, nessa altura, com um pouco de paciência e diálogo entre o casal, retomarão progressivamente a vossa sexualidade e, quem sabe, de ânimo renovado!

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