Vida de casal após ter um filho.

Será que ter um filho muda a vida de um casal?

Com noites sem dormir, horas para biberãos e horas de adormecer, a chegada de um bebé realmente não favorece um clima erótico para o casal. O que fazer para despertar o desejo e recuperar uma sexualidade satisfatória?

O bebé nasceu. Chegou o momento de recuperar um pouco de intimidade com o seu parceiro. É certo que o seu corpo dorido, onde se fixaram algumas gorduras, as noites em branco e alguns sinais de depressão tipo “baby blues” não propiciam o desenvolvimento da sua líbido. Um decréscimo do desejo na mulher que acaba de ter um bebé é natural.

É preciso dar tempo ao corpo para se recuperar e ao espírito para desligar daquele pequeno ser que acabou de chegar e que consome toda a sua energia. O seu parceiro pode por vezes mostrar-se inquieto e não perceber a sua indisponibilidade. Se ainda não se sente pronta, fale-lhe no assunto.

Adopte uma atitude calma e não se esqueça de que não é anormal não ter pressa de retomar uma vida sexual imediatamente após o parto. Do ponto de vista médico, as relações sexuais podem começar desde que as perdas de sangue que se seguem ao parto terminem. Conte mais ou menos com três ou quatro semanas. Porém, para a maioria das jovens mamãs, a vida sexual demora um pouco mais a entrar na ordem.

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Seja paciente com o seu corpo

Ainda dorida, a mulher está muitas vezes apreensiva na primeira relação sexual. Receia sentir-se mal. Esta apreensão é ainda mais justificada quando a mulher sofreu uma epistomia. Este corte (dois a cinco centímetros) da vulva, por vezes praticado para permitir a passagem da cabeça do bebé, permanece sensível durante várias semanas (em média quatro a seis), por vezes mais tempo, quando a cicatriz é acompanhada por uma inflamação.

Além disso, a diminuição das secreções hormonais após o parto conduz a uma secura vaginal. Menos lubrificada, a mulher receia a penetração. Não se preocupe, existem determinados produtos como geleias lubrificantes ou óvulos que podem resolver esta pequena desordem passageira. Outro motivo que leva à redução do desejo é o receio de não voltar a sentir tanto prazer como anteriormente.

É também preciso dizer que a vagina se distendeu durante o parto, e geralmente são necessárias várias semanas para voltar ao seu tamanho normal. Neste momento, o desejo pode encontrar-se diminuído.

Em alguns casos surge a necessidade de seguir regularmente sessões de reeducação com um fisoterapeuta para recuperar a tonicidade do períneo e reencontrar em seguida uma sexualidade plena. O reforço da tonicidade muscular do períneo, favorece o contacto dos órgãos sexuais durante o coito e, por consequência, facilita o orgasmo na mulher e mais sensações no homem.

Se dá de mamar, verifica-se uma diminuição da secreção vaginal (vários meses). O elevado índice de prolactina (hormona do leite) e a diminuição da taxa de estrógénio (hormona do desejo) aumentam a secura da vagina e inibem o desejo sexual. Quanto aos seios, podem também estar doridos. Esta zona, geralmente erógena, nessas circunstâncias, inibe a mulher ao toque.

Enfim, aqueles quilos a mais reenviam-lhe a imagem dolorosa de um corpo que se foi transformando aos poucos (peito pesado, gorduras, etc.). Uma metamorfose por vezes mal aceite por aquelas que se sentem muitas vezes menos bonitas, menos desejáveis.

Vida de casal

 

Ultrapasse o “Baby blues”

A isto juntam-se desordens psicológicas normalmente reagrupadas sob o nome de “baby blues”. O excesso de trabalho e o cansaço associados a uma sucessão de noites brancas têm as suas consequências. Muitas vezes surge irritação, vontade de chorar que agravam o receio de não fazer o suficiente ou de não fazer as coisas bem. Você sente-se perdida. Sente-se esgotada, vazia, indisponível para o seu consorte, o seu único desejo consiste em descansar algumas horas antes do próximo biberão.

Nada de pânicos. É natural. Quando nasce uma criança é preciso um tempo de adaptação aos novos ritmos impostos por mais um elemento na família. Dê-se tempo para o bebé encontrar os seus próprios lugar e ritmo. Porém, atenção, ainda que o seu novo papel de mãe a ocupe afectivamente, não se esqueça que é uma mulher.

 

Preserve a vida de casal

A relação privilegiada que mantém com o seu filho é suficiente para si. Por vezes, tal envolvimento resulta em sentimento de exclusão, evocado e sentido por um grande número de pais, que também os pode levar a um estado depressivo. É verdade que os “blues” dos pais também existem. Sem esquecer que eles também sofrem de perturbações psicológicas.

Agora ele vê-a não só como uma amante, mas também como mãe. Se esta imagem se torna demasiado marcada ou invasora, corre o risco de esmagar a da sensualidade.

É assim que, em períodos como este, certos casais, não aguentando a pressão, optem pelo divórcio, uma vez que os dois protagonistas não são capazes de expressar os seus sentimentos, nem de se apoiarem mútuamente. Com um pouco de compreensão e de tempo, as coisas acabam por se equilibrar. Conversem os dois e dêm-se tempo. Um novo equilíbrio surgirá dentro de pouco tempo. Se não, é melhor consultar um especialista antes que as coisas descambem de forma irremediável.

 

Conselhos para voltar a despertar o desejo

1- Multiplique as pequenas atenções que criam um clima erótico no casal: algumas palavras sedutoras enfiadas no bolso do casaco dele, telefonemas surpresa para o escritório, um sorriso à chegada.

2- Privilegie sempre o diálogo. Ouse conversar com o seu parceiro, torne-o cúmplice dos seus pensamentos, receios ou frustrações a fim de desdramatizar os vossos problemas de casal e não deixar as situações azedarem.

3- Não deixe os bloqueios instalarem-se. Consultem juntos um especialista: ginecologista, sexólogo ou terapeuta de casal que vos ajudará a atravessar esse momentos difíceis e a reencontrar o caminho da harmonia.

4- Promova momentos a dois – não hesite em confiar o bebé a uma baby sitter ou familiares – para um jantar tête-à-tête, ou para irem ao cinema, longe das fraldas e dos biberões.

5- Não procure performances e desperte o desejo lentamente. Leve o tempo que precisar para se redescobrir com carícias ternurentas e outras massagens eróticas. Peça ao seu parceiro que lhe dê massagens para relaxar e que a ajudem a descontrair e que podem constituir-se em jogos eróticos.

6- Adopte uma posição sexual que evite a crispação da penetração – para as primeiras relações depois do parto, a posição mais adaptada é geralmente aquela em que a mulher se senta por cima do seu parceiro.

7- Mantenha-se sexy e esqueça o fato de treino deformado e as t-shirts velhas que tapam o rabo. Use antes roupas mais provocantes. Mesmo se ainda não recuperou a sua silhueta, não existe motivo para deixar de se arranjar. Pense também na maquilhagem para apagar as marcas deixadas por muitas noites brancas. Algumas notas de blush e de rimel voltarão a dar brilho ao seu rosto.

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