Vertigens, quando tudo parece andar à roda…

Sente com frequência tonturas, desequilíbrio, instabilidade, náuseas, sensação de cabeça vazia ou a andar à roda?

A vertigem é a sensação ilusória de movimento e pode ser sintoma de um problema no sistema de equilíbrio situado no ouvido.

De repente, tudo o que está nossa volta começa a girar. Ou, pelo menos, assim parece. Estamos parados mas sentimos que estamos em movimento, como se estivéssemos a andar à roda, mas, na verdade, não estamos. Ou então, fazemos um movimento com a cabeça ou o pescoço mas sentimos que fizemos outro mais rápido. Já lhe aconteceu?

As vertigens são uma das queixas mais frequentes que chegam aos consultórios médicos, sendo também uma das perturbações do equilíbrio mais comuns. Como Leonel Luís, otorrinolaringologista, afirma, “os números não mentem: 1 a 3 por cento de todas as urgências tanto em Portugal como em todo o Mundo são por esta causa”.

Este valor expressivo deve-se ao facto de, segundo o médico, 20 a 30 por cento das mulheres e 15 por cento dos homens com menos de 65 anos apresentarem queixas de vertigem em algum momento da sua vida. Esta condição é também “cada vez mais reconhecida na criança – crianças que caem repetidamente ou o bebé que chora sempre que é embalado”, admite o otorrinolaringologista.

sentir vertigem

Para além da sua prevalência, a vertigem é um sintoma particularmente angustiante pela insegurança e sensação de incapacidade que provoca, mas também pela ansiedade que gera. Há quem diga que é uma guerra dos sentidos. Como se, de repente, a nossa perceção do real entrasse em conflito com a própria realidade. Esta sensação parece tão autêntica e é tão intensa que implica uma perda do equilíbrio e obriga a pessoa a parar ou mesmo sentar-se para prevenir uma queda.

Leonel Luís diz-nos que, na maioria das vezes, a sensação descrita por quem sofre este problema é a de morte iminente e dá-nos um exemplo para que possamos compreender melhor o seu impacto. Imaginemos uma criança a rodar sobre si própria continuamente.

Quando pára sente que continua a girar e acha graça. No entanto, se sentir que anda à roda sem causa aparente fica assustada e ansiosa. O mesmo acontece com quem tem uma vertigem. Mas se a este quadro “juntarmos a náusea, o vómito e a desorientação espacial, então conseguimos perceber muito bem quão debilitante é esta situação”, constata o especialista.

Em casos extremos, a constante sensação de vertigens leva ao desenvolvimento fobias, como sentir medo de sair à rua, medo de correr, medo de dançar ou qualquer actividade que implique a movimentação brusca da cabeça.

Vertigens não são uma doença

A vertigem, também designada de síndrome vertiginoso ou – como Leonel Luís prefere chamar – síndrome vestibular agudo, não é uma doença, mas sim um sintoma que pode resultar de uma disfunção no sistema vestibular, situado no ouvido interno. Quando este falha, ou seja, quando o cérebro recebe a informação de que estamos em movimento apesar de estarmos imóveis, aparecem as vertigens.

De acordo com o otorrinolaringologista, as suas causas são muito diversas e “podem ser divididas em dois grandes grupos: as periféricas, que dependem do ouvido, e as centrais do tronco cerebral e cerebelo”. Processos inflamatórios ou infecciosos, traumatismos, intoxicações, perturbações vasculares, tumores, entre outros, são algumas das causas que podem afetar cada uma destas estruturas.

No entanto, existe ainda uma outra classificação que “divide as causas duma forma muito mais ‘eficaz’, distinguindo causas emergentes, pois perigam a vida (um AVC, por exemplo), daquelas menos perigosas mas muito debilitantes, como a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) ou patologia dos ‘cristais’, como é conhecida pelas pessoas [e também uma das mais frequentes]”, explica Leonel Luís.

Geralmente, as vertigens manifestam-se por crises e um episódio pode durar apenas alguns segundos, horas ou manter-se durante dias, consoante sejam agudas e de início brusco ou crónicas. Quando se devem a alterações do ouvido interno, as vertigens fazem-se acompanhar de sudação excessiva, palidez, náuseas, vómitos e zumbidos (acufenos) em um ou em ambos os ouvidos, entre outros sintomas.

Quem experiência esta sensação costuma sentir-se melhor deitado e imóvel, pois os seus movimentos corporais e da cabeça podem piorar a situação e desencadear outros sintomas. No entanto, sempre que se verifiquem situações de vertigens é necessária uma avaliação especializada para que se possa identificar a sua origem e prescrever o tratamento adequado, pelo que Leonel Luís recomenda que procure “imediatamente observação médica, de preferência numa urgência hospitalar e por um médico otoneurologista, isto é, um médico de formação base em otorrinolaringologia (ORL) ou neurologia que se tenha subespecializado nesta área”.

Tratamento das vertigens caso a caso.

Para que o médico possa confirmar a presença do síndrome vertiginoso, tem de ser feita uma observação geral do doente e realizados vários exames, nomeadamente ao equilíbrio, através de alguns exercícios, e aos olhos, de forma a verificar se existem movimentos anormais de oscilação (nistagmo).

Só depois desta avaliação detalhada, é que o especialista poderá descobrir o que está a causar a vertigem e prescrever o tratamento mais adequado, pois cada vertigem exige um tratamento diferente, consoante o problema que a está a originar. Leonel Luís sublinha que “a vertigem é um sintoma que resulta de uma doença. O que devemos fazer é tratar a doença que se manifesta com vertigem, e o tratamento dependerá da doença em causa”.

Assim sendo, dependendo da causa das vertigens, o tratamento pode ser médico – mediante a toma de medicamentos ou apoiando-se em técnicas específicas de reabilitação vestibular –, ou, mais raramente, cirúrgico. Qualquer que seja o motivo das vertigens, é importante que procure investigar a causa, para encontrar uma solução que faça desaparecer os sintomas ou pelo menos aliviar.

Se sofre de vertigens, consulte o seu médico para juntamente com especialistas encontrar a solução ideal para o seu caso.

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