Dieta dos celíacos tem muita gordura e pouca fibra

A dieta sem glúten feita pelos doentes celíacos apresenta deficiências importantes. A conclusão é de Teba González, investigadora da Universidade do País Basco, Espanha, cujo estudo revelou que estes doentes tendem a comer alimentos com demasiadas gorduras e pouca fibra.

O estudo foi realizado com 101 pacientes celíacos diagnosticados no hospital Cruces, no País Basco, que seguem há pelo menos 15 anos uma dieta sem glúten, a única forma de tratamento para a doença celíaca.

Durante a investigação os cientistas observaram que os pacientes havia uma tendência para o abandono de hábitos saudáveis, como comer entradas, legumes, massas e arroz, e consumir alimentos com mais gorduras e mais açúcares (enchidos e doces). Contudo, o estado nutricional dos celíacos envolvidos no estudo não apresentava diferenças substanciais em relação à demais população.

dieta dos celíacos

“Observamos que a alimentação dos celíacos era, em geral, bastante deficiente. Ao analisar o equilíbrio nutricional que defendemos (pelo menos cerca de 50 por cento de hidratos de carbono, entre 12 e 15 por cento de proteínas e gorduras abaixo dos 35 por cento) vimos que a percentagem de hidratos ocupava a das gorduras e vice-versa”, explicou Teba González à agência Lusa.

Segundo a responsável, também se observou uma certa deficiência na ingestão de fibras: “sendo um grupo que se preocupa com o que come, chamou-me a atenção, esperava que fosse melhor a alimentação dos celíacos”, afirmou. O estudo revelou que a baixa ingestão de fibra é mais acentuada no caso das mulheres com doença celíaca, que apresentavam maiores défices de zinco, ferro, vitamina D e potássio.

A investigadora sublinhou que os problemas dos celíacos na hora das refeições passam por “olhar atentamente os rótulos daquilo que compram, se tem glúten ou não…” e considera que “era necessário facilitar-lhes a vida neste aspecto, torná-la mais fácil, e garantir-lhes que se controlam os produtos que consumem, mas sem os tornar mais caros”.

Também a qualidade de vida destas pessoas pode ser afetada, uma vez que, de acordo com Teba González, os celíacos estão sempre preocupados com a sua dieta, com a contaminação cruzada, nunca se esquecendo de que são “doentes”.

A doença celíaca caracteriza-se por uma intolerância ao glúten presente nos cereais trigo, centeio, aveia e cevada e seus derivados, provocando inflamações no intestino delgado, sendo o único tratamento uma alimentação sem glúten.

Afeta entre 1 e 3 por cento dos portugueses, estando 10 mil casos referenciados, pelo que especialistas consideram que a patologia é subdiagnosticada já que poderão existir cerca de 100 mil celíacos “anónimos”.

Fonte: Lusa

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