Dina Abdul Habibo, como um AVC mudou a sua vida

Dina Abdul Habibo levava uma vida sem grandes preocupações de saúde até ao dia em que esta lhe pregou uma partida. Em 2002, um acidente vascular cerebral (AVC) levou-a ao hospital, onde permaneceu internada durante 35 dias. Depois de uma dura luta para recuperar, Dina conta-nos como este episódio a tornou numa mulher mais saudável.

O dia 13 de Outubro de 2002 é uma data marcante na vida de Dina Abdul Habibo. Se por um lado representa um dos episódios mais assustadores que já viveu, por outro lado marca o início de uma nova fase na sua vida. Nem sempre fácil, é verdade, mas definitivamente mais saudável.

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Nesse dia Dina teve fortes dores de cabeça. Nada que fosse novo para si pois tinha dores de cabeça intensas, associadas a náuseas e vómitos, desde os 42 anos, embora nunca tenha consultado um médico por causa delas. “Com o passar do tempo, e, apesar de se terem tornado muito frequentes, fui-me habituando a viver com as dores”, conta. No entanto, estas eram diferentes. Tão diferentes que não passaram com a toma de um analgésico, como era habitual, e tornaram-se insuportáveis, levando Dina às urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada. E foi aqui que, horas mais tarde, descobriu algo que estava longe de imaginar.

Quando deu entrada na unidade hospitalar, na altura com 51 anos, Dina estava muito assustada. Não compreendia o que se passava nem o que estava a sentir. Deixou de ver e de ouvir bem, tinha a tensão arterial a 190/100 mm Hg e as dores de cabeça eram terrivelmente insuportáveis. Foi também nesse momento que descobriu algo que, até então, lhe era totalmente desconhecido: era hipertensa.

Oito horas depois de ter chegado ao hospital e de ter feito uma tomografia-axial computorizada (TAC) Dina Abdul Habibo soube que estava a ter um AVC. “A TAC confirmou a existência de um hematoma no lado direito do cérebro, com cerca de 3 centímetros de diâmetro, ou seja, estava a ter um AVC hemorrágico”, revela.

Como a irmã trabalhava no Hospital dos Capuchos, Dina foi transferida para a unidade de cuidados intensivos desse hospital, onde ficou internada durante 35 dias. “Os médicos deram-me comprimidos sublinguais para ver se a tensão diminuía, bem como o hematoma, mas durante os primeiros 15 dias o meu estado não evoluiu favoravelmente. Para além disso, continuava com dores de cabeça horríveis”, lembra. Mas no fim desse tempo, a medicação foi alterada. Aumentaram a dosagem e finalmente os valores elevados da tensão arterial começaram a ceder. “À medida que baixavam, o coágulo ia diminuindo, acabando por desaparecer”, diz-nos.

A importância da assistência médica imediata

Os primeiros tempos não foram fáceis para Dina e a tomada de consciência de tudo que se estava a passar também não. Quando soube que tinha um hematoma no cérebro Dina entrou em choque, até porque em cima da mesa estava a hipótese de uma cirurgia. “Fiquei muito assustada. Não sabia o que me podia acontecer, mas a minha irmã tentou tranquilizar-me e disse-me que teríamos de esperar para ver qual seria a evolução”.

Felizmente, a cirurgia não foi necessária mas o AVC deixou marcas visíveis em Dina. Não via bem, tinha problemas na fala e esquecia-se de tudo. Foi, então, que passada a fase considerada mais crítica, Dina iniciou o processo de reabilitação, de forma a minimizar e, se possível, eliminar as sequelas existentes. “Comecei a fazer terapia da fala e da visão ainda quando estava internada”, recorda.

Ao 35º dia de internamento recebeu finalmente a notícia que tanto desejava: tinha alta hospitalar e podia ir para sua casa. No entanto, e apesar das melhorias significativas, ainda havia muito trabalho a fazer pela frente. Por isso, Dina continuou a fazer os seus tratamentos de reabilitação por mais dois meses, mas agora no Hospital do Desterro.

O caminho percorrido não foi fácil, mas com muito trabalho, esforço e determinação Dina Abdul Habibo conseguiu recuperar a sua vida. E, em grande parte, isso deve-se à assistência médica que teve durante todo este processo. Tal como nos diz, e sem qualquer tipo de dúvida, “foi graças à rápida intervenção médica e ao bom acompanhamento técnico especializado que tive, que fiquei livre das mazelas causadas pelo AVC ”. Mas existe outro elemento importante na sua recuperação – este inteiramente da sua responsabilidade – e que passou pela mudança do seu estilo de vida.

Mais saúde e hábitos saudáveis

Natural de Moçambique, Dina Abdul Habibo, atualmente com 64 anos, confessa que desde que teve o AVC está mais atenta à sua saúde e leva um estilo de vida saudável. Vigia regularmente a sua tensão arterial e ao contrário de antigamente, altura em que não tinha cuidado com a alimentação, agora faz uma alimentação regrada, com pouco sal e gorduras. “Como mais grelhados e o peixe, a carne vermelha – consumida moderadamente -, os legumes e a fruta são presenças obrigatórias na minha mesa. Também bebo 2 copos de água morna logo pela manhã”, confidencia.

E se antes o exercício era uma presença quase inexistente na sua vida, hoje a prática regular de caminhadas é um fator importante no seu quotidiano. Não só a ajuda na manutenção da sua saúde e a prevenir a ocorrência de outro AVC – a probabilidade aumenta depois de já se ter tido o primeiro -, como lhe permite enfrentar o dia com muito mais energia e satisfação.

Ao olhar para trás Dina reconhece que teve muita sorte em tudo o que lhe aconteceu, pois a sua recuperação foi total. No entanto, nem sempre isso acontece. Mais consciente do que nunca sobre a importância de prevenir um problema tão incapacitante como o AVC, Dina salienta o facto deste ser cada vez mais frequente nas pessoas mais novas. Daí a importância da prevenção.

“É importante que as pessoas adotem hábitos de vida saudáveis. Façam exercício físico. Uma simples caminhada diária já é uma grande ajuda. E depois tenham uma alimentação equilibrada, pobre em sal e gorduras, e bebam muita água. A hidratação também é muito importante”, sublinha.

Na verdade, este é o segredo da saúde e bem-estar de Dina ao longo dos últimos 11 anos, que, tal como nos admite, sente-se muito bem e com uma maior qualidade de vida.

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