Gripe ou constipação? Descubra as diferenças

Muitas pessoas confundem gripe com constipação, mas é importante perceber que existem diferenças entre gripe e constipação. Apesar de ambas serem infeções respiratórias causadas por um vírus, diferem principalmente pela intensidade, duração dos sintomas e complicações. Saiba como distingui-las.

O inverno traz consigo uma das fases do ano em que estamos mais suscetíveis às gripes e constipações. Tosse, nariz obstruído, dores no corpo, cansaço fazem-se sentir frequentemente nesta altura do ano. No entanto, nem todas as pessoas conseguem distinguir uma gripe de uma constipação.
Apesar de ambas as condições serem infeções causadas por vírus respiratórios e terem alguns sintomas semelhantes, podem ser facilmente confundidas e mal diagnosticadas. Marta Drummond, pneumologista, chama a atenção para o facto de a gripe ser uma doença mais grave do que o resfriado comum ou coriza, vulgarmente designado por constipação. As complicações da gripe “não são de todo comparáveis às de um resfriado comum, que muito raras vezes poderá fazer perigar a vida de um doente”, alerta.

Gripe ou constipação

Por essa razão, importa saber reconhecer a diferença entre os sintomas da constipação e da gripe, de forma a assegurar que recebe o tratamento adequado. Esta distinção torna-se ainda mais premente dado que os medicamentos antivirais eficazes no tratamento da gripe devem ser tomados durante as fases iniciais, quando os sintomas aparecem.
Sintomas bastante semelhantes, doenças diferentes:
Causada pelo vírus influenza, a gripe caracteriza-se por um aparecimento inesperado, sendo de propagação muito rápida. Já a constipação, implica o envolvimento de vários tipos de vírus, como o rinovírus, e costuma desaparecer dentro de alguns dias, sem causar grandes complicações.

A constipação comum apresenta, sobretudo, manifestações respiratórias como aumento de mucosidade, tosse, irritação da garganta, congestão e secreção nasal, mas raramente produz febre e o mal-estar é mais leve. Habitualmente cura-se de forma espontânea, sem tratamento, em poucos dias.

O mesmo cenário não se repete com a gripe. De acordo com Marta Drummond, os seus sintomas são mais intensos e a recuperação bem mais lenta, podendo demorar até duas semanas. Quem não se lembra de ter, pelo menos uma vez na vida, arrepios de frio, dores musculares e articulares generalizadas, cansaço, prostração, dores de cabeça, tosse, espirros e congestão nasal? Ao contrário do que acontece num resfriado comum, “a febre é geralmente elevada, superior a 39ºC, fazendo sentir os seus efeitos. Existem ainda outros sintomas, embora menos frequentes, que podem surgir quando estamos perante uma gripe. É o caso da congestão ocular, náuseas e vómitos”, revela a pneumologista.

A gripe faz com que as pessoas se sintam pior do que com uma constipação, sendo mais perigosa nas crianças pequenas, nos idosos (com mais de 65 anos de idade – saiba mais), nos doentes com problemas do sistema imunitário ou com doenças crónicas. Por norma, o paciente começa a sentir-se melhor 2 a 5 dias após o início dos sintomas e fica completamente restabelecido, no máximo, em duas semanas.

Alívio dos sintomas

Os vírus da gripe e da constipação entram no nosso corpo pelas membranas mucosas da boca, nariz e ouvidos e são geralmente transmitidos pelo ar, o que os torna altamente contagiosos.

Marta Drummond explica que “o diagnóstico de ambas as situações faz-se, sobretudo, pela história clínica e exame físico, os quais são muito indicativos, tais as suas caraterísticas típicas e exuberantes”. No entanto, para um diagnóstico de confirmação de gripe, “é necessário proceder a exames laboratoriais, com isolamento e identificação do vírus implicado, recorrendo-se, por exemplo, à realização de esfregaço de secreções nasais”, acrescenta a pneumologista.

Uma vez contraídas, a única coisa a fazer é aliviar os seus sintomas e reduzir a duração ou a intensidade do processo. Basicamente, o tratamento consiste em ficar em repouso, ingerir bastantes líquidos (sobretudo água, chá e sumos de frutas), contactar com o mínimo de pessoas possível, durante o tempo em que os sinais e sintomas persistirem, e adotar hábitos de prevenção, de forma a não contagiar as pessoas que vivem à sua volta.

Por norma, o resfriado comum apenas requer a toma de anti-inflamatórios e descongestionantes nasais. Mas no caso da gripe, se se considerar necessário, pode-se administrar “medicação para baixar a febre (antipiréticos) e medicamentos para controlar as dores musculares e articulares (analgésicos e anti-inflamatórios). Existem também medicamentos antivíricos que, quando tomados logo nas primeiras horas de aparecimento dos sintomas gripais, atenuam bastante a sua intensidade e reduzem o risco de complicações”, recomenda a especialista.

Vacinação ajuda a prevenir?

Como se costuma dizer, a prevenção é o nosso melhor aliado. Pelo menos no caso da gripe, já que é impossível prevenir o início de uma constipação comum. No que diz respeito à gripe, a principal medida de prevenção é a vacinação anual, sobretudo daqueles que são considerados grupos de risco, ou seja, idosos, crianças, doentes crónicos, doentes com sistema imunitário comprometido (com mais de 6 meses), grávidas com mais de 12 semanas de gestação e profissionais de saúde.

A época de vacinação teve início no passado mês de outubro. Todavia, se ainda não teve oportunidade de se proteger contra a gripe e essa for sua intenção, saiba que ainda o pode fazer. A vacina da gripe pode ser administrada até ao fim do inverno, mas, quanto mais cedo melhor.

Em Portugal, a vacinação é gratuita nos centros de saúde a alguns dos grupos de risco mencionados, como é o caso das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos. Para quem não tem acesso gratuito às vacinas, estas podem ser compradas nas farmácias, mediante receita médica e com comparticipação estatal.

“Estou com gripe. E agora?”

Se foi contagiado pelo vírus da gripe, existem algumas medidas que podem diminuir a intensidade dos seus sintomas e facilitar a sua recuperação. Conheça-as:

– Procure descansar, ingerir muitos líquidos e manter uma alimentação equilibrada.
– Evite a exposição ao frio, como correntes de ar e alterações bruscas de temperatura.

– Para aliviar a congestão nasal, pode aplicar soro fisiológico.
– Evite fumar e não tome antibióticos sem aconselhamento médico, visto que estes são recomendados apenas para o tratamento de algumas complicações da gripe.
– Se tiver febre, dores de cabeça ou no corpo, pode recorrer a analgésicos para aliviar estes sintomas.
– Em caso de dúvida ou agravamento dos sintomas peça apoio à linha de saúde 24 (808 24 24 24).

 

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