Hipertensão, saiba como controlar!

Estima-se que haja no nosso país cerca de dois milhões de pessoas que sofrem de hipertensão, uma patologia por vezes desvalorizada, mas que pode ter consequência graves para todo organismo.

A boa notícia é que seja através de uma mudança de hábitos, seja, nos casos mais complicados, através de medicação, é possível controlá-la.

A tensão (ou pressão) arterial não é mais do que a força que o sangue exerce sobre as paredes das artérias, sendo que é esta pressão que permite a circulação do sangue, de forma a chegar a todo o organismo.

Acontece que, quando a pressão exercida pelo sangue aumenta demasiado, estamos perante um problema hipertensão arterial, uma condição que pode causar vários problemas de saúde, nomeadamente, conduzir ao aparecimento de doenças cardiovasculares.

A explicação para a hipertensão elevada está em fatores de ordem genética e ambiental. E se quanto aos primeiros nada podemos fazer, já os segundos podem ser controlados pois não são mais do que a forma como vivemos a nossa vida: as nossas escolhas alimentares, hábitos desportivos e eventuais vícios.

De acordo com a Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), em Portugal existem cerca de dois milhões de hipertensos. Destes, apenas 50 por cento sabe que sofre da patologia, só 25 por cento está medicado e, de todos, só 11 por cento tem a tensão efetivamente controlada: números que chamam a atenção para a necessidade de vigilância e controlo deste parâmetro da nossa saúde.

Alimentação: o primeiro passo para controlar tensão arterial

Manter um peso adequado e seguir uma dieta saudável, evitando o sal, é um dos conselhos básicos para controlar a tensão arterial. E, para isso, é necessário termos noção de onde vem o sal que consumimos. A recomendação é não ultrapassar diariamente os 6g de sal por pessoa, o equivalente a 1 colher de chá, no entanto, um estudo recente conclui que os portugueses consomem quase o dobro deste valor.

Como nos explica a nutricionista Elsa Feliciano, assessora de nutrição da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), o sal que ingerimos vem por duas vias: a mais óbvia, aquele que se adiciona aos alimentos quando cozinhamos, a outra, o que ingerimos ao consumir produtos processados.

E ao contrário do que pudesse pensar, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos países mais desenvolvidos, a ingestão de sal ocorre em maior percentagem não através do que se adiciona à comida, mas através dos produtos processados como o pão, cereais de pequeno-almoço, charcutaria, queijos, enlatados alimentos pré-confecionados.

Assim para reduzir o consumo de sal para níveis adequados temos de “atacar” nas duas frentes. Quanto ao sal que se adiciona aos alimentos, o conselho de Elsa Feliciano é ir reduzindo de forma gradual e, para isso, “é aconselhável utilizar uma medida, que podemos escolher em casa – como uma colher ou um pequeno copo – e irmos reduzindo a pouco e pouco.

Se as reduções forem pequenas e regulares, acontece quase sem darmos conta.” Por oposição, a nutricionista desaconselha o uso da mão pois é muito mais difícil quantificar. Para substituir o sal que corta, uma boa dica pode ser usar mais as ervas aromáticas como substituto.

Já para reduzir a ingestão do sal que nos chega ao organismo por via dos alimentos processados – que quase todos nós consumimos diariamente – é fundamental saber ler os rótulos.

“É essencial saber que 1g de sal contem 0.4g de sódio. Portanto, estamos a falar de coisas diferentes. Quando olhamos para um rótulo não é igual o produto conter 1.5g de sal ou 1.5g de sódio”, esclarece a nutricionista. Naturalmente que para reduzirmos a ingestão deste mineral temos de comparar os rótulos dos vários produtos da mesma categoria e adquirirmos o que contêm menores quantidades de sódio.

Como se deteta e trata a hipertensão?

Entre os sintomas de hipertensão podem estar tonturas, hemorragias nasais e dores de cabeça, no entanto, esta condição, por norma, é totalmente assintomática, sendo a medição da tensão arterial a única forma de conhecer os seus valores.

A recomendação da Fundação Portuguesa de Cardiologia é a medição pelo menos uma vez por ano para a população saudável e, no caso de fazer parte de um grupo de risco (população obesa, diabética, fumadora ou com antecedentes familiares de doença cardiovascular), é recomendado um controlo mais frequente, de acordo com as indicações médicas.

Naturalmente que não é apenas uma medição de tensão elevada que “transforma” o paciente em hipertenso. É possível em alguns momentos – e por razões de ordem diversa – a tensão subir, por exemplo, após um esforço (razão aliás pela qual a medição deve ser feita com individuo em repouso).

Assim, como nos explica Manuel Carrageta, cardiologista e Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), “considera-se que um indivíduo é hipertenso quando tem uma tensão arterial repetidamente superior ou igual a 140mmHg para a sistólica e/ou 90mmHg para a diastólica. Em cada consulta devem-se fazer pelo menos duas medições, com um intervalo de um a dois minutos.”

Já para as crianças, de acordo com o presidente da FPC, não existe uma definição claramente estabelecida para os valores da tensão arterial, no entanto, considera-se geralmente que valores tensionais acima 110/70 mmHg, antes dos 10 anos de idade, devem ser considerados suspeitos.

O cardiologista refere ainda que embora com a idade a tensão arterial tenha tendência a subir, uma tensão elevada no idoso não deve ser considerada normal.

E atenção porque, embora haja uma certa tendência para associar a tensão alta ao nervosismo, como esclarece Manuel Carrageta, embora a tensão arterial suba em momentos de grande ansiedade trata-se, no entanto, de uma subida transitória que não implica o diagnóstico de hipertensão arterial.

O presidente da FPC esclarece mesmo que “já foram mesmo efectuados ensaios clínicos com a administração de ansiolíticos a doentes hipertensos, que não obtiveram grandes resultados.”

 

Classificação da pressão arterial

 

Máxima                                              Mínima

Até 120                                             Até 80          Normal
120-139                                            80-89          Pré-hipertensão
140-159                                            90-99          Hipertensão arterial estádio 1
>160                                                   >100         Hipertensão arterial estádio 2

 

É recomendável medir habitualmente a sua tensão e caso esteja em Pré-hipertensão ou já em hipertensão, deverá controlar para evitar problemas graves.

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