Diabetes na gravidez, diabetes gestacional

A diabetes durante a gravidez, seja uma diabetes gestacional ou prévia, é uma situação que exige à grávida cuidados particulares e uma vigilância médica apertada.

Mas não é uma condição incompatível com uma gravidez tranquila, um parto normal e um bebé saudável.

A pergunta que se impõe ao falar de diabetes na gravidez ou de diabetes gestacional é a pergunta que todas as grávidas fazem assim que lhe é comunicado este diagnóstico: pode vir a prejudicar o bebé? A resposta do coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, José Manuel Boavida, que esperamos que seja desde já tranquilizadora, é:  “havendo um bom controlo, e sendo a diabetes diagnosticada e tratada, não há risco para o bebé”.

De acordo com o endocrinologista, embora se saiba que no curto prazo o bebé terá tendência para ser demasiado grande e apesar de poder dar origem a algumas dificuldades durante ou a seguir ao parto, um bom controlo garante que à partida tudo corre sem problemas.

Mas antes de falarmos mais sobre diabetes gestacional, teremos de dar um passo atrás para falar, de forma mais geral, sobre a diabetes. Como nos explica José Manuel Boavida, a diabetes distingue-se em dois tipos muitos diferentes.

A diabetes tipo 1, que se caracteriza pela inexistência de insulina, que não é possível prevenir e que implica que se seja insulinodependente, e a diabetes tipo 2, na qual há insulina mas em quantidade insuficiente para a normalização das quantidades de açúcar. Neste caso, há dois grandes factores de risco identificados e que podemos controlar: a obesidade e a vida sedentária.

Assim, a diabetes tipo 2 pode ser controlada durante muitos anos sem insulina, através da alimentação e exercício.

 

Solução: rastreio e controlo 

Mas regressemos à diabetes gestacional. Independentemente dos factores de risco, todas as grávidas fazem o rastreio da diabetes gestacional já que é uma condição que não apresenta sintomas e na qual é essencial o diagnóstico precoce. Se não for detectada e controlada com dieta e, por vezes com recurso a insulina, a gravidez pode complicar-se para a mãe e para a criança e é vulgar nascerem, com recurso à cesariana, bebés com mais de quatro quilos.

Além disso, não estamos na presença de um fenómero raro: de acordo com os dados do Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes a prevalência da diabetes gestacional em Portugal Continental em 2010 foi de 4,4 % da população parturiente que utilizou o Serviço Nacional de Saúde, o que representa também um aumento de um ponto percentual em relação aos anos de 2005 e 2006.

Quando a mulher já é diabética antes de engravidar é recomendado que faça uma consulta de pré-concepção e, ainda antes da gravidez, tem de começar a fazer controlo de peso e exercício físico . Se for diagnosticada uma diabetes gestacional é também por aí que se começa: “o primeiro passo é verificar se houve aumento excessivo de peso, e ver o que pode ser corrigido do ponto de vista alimentar e do ponto de vista de actividade física”, explica José Manuel Boavida.

De acordo com o endocrinologista, feitas essas primeiras correções, a maior parte das vezes os valores normalizam. Caso não normalizem é necessário medicar, por norma com insulina, sendo que depois da gravidez deixa de ser necessária.

E, de resto, o facto de deixar de haver necessidade de insulina no pós-parto é, como explica o endocrinologista, “um bom exemplo para combater o velho preconceito de que a insulina provoca dependência, o que é completamente falso: há  mulheres que durante a gravidez precisam de ser medicadas com insulina e às quais, depois do parto, a diabetes desaparece, deixando por isso de fazer insulina ou qualquer outro tipo de medicação”.

Mas atenção:  as mulheres que tiveram diabetes durante a gravidez devem ser informadas que são pessoas com tendência para vir a ter diabetes no futuro, assim, os cuidados alimentares, o exercício físico e os testes de rastreio são para manter!

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