Diabetes, o que fazer depois do diagnóstico de diabetes?

A descoberta de que se é portador de diabetes traz consigo um conjunto de dúvidas e perguntas.

Os doentes têm de aprender a conhecer os seus sintomas, a precaver as suas descompensações e a gerir a sua medicação. Saiba o que acontece partir do momento em que se é diagnosticado.

Quando se é confrontado com o diagnóstico de diabetes, a angústia toma conta da maioria das pessoas e a descoberta desta condição, com a qual se tem de viver toda a vida, pode ser verdadeiramente assustadora. O desconhecimento relativo à doença, as ideias preconcebidas e o receio das complicações que a diabetes pode arrastar consigo são os principais responsáveis pelo choque inicial da notícia. No entanto, saiba que, desde que bem controlada, a diabetes não o/a impedirá de ter uma vida normal, saudável e ativa.

O que deve fazer para isso? João Filipe Raposo, endocrinologista e diretor clínico da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), explica que “a partir do momento em que uma pessoa é diagnosticada deverá ter o apoio de uma equipa de saúde especialmente treinada em diabetes.

Essa equipa permitirá à pessoa com diabetes recém-diagnosticada exprimir o que sabe e que medos poderá ter em relação à diabetes”. Isto porque se trata de uma doença crónica e o seu tratamento passa por uma mudança de comportamentos e por uma aprendizagem de novas competências. O doente não terá, obviamente, de “deixar de viver”, mas sim aprender a viver de uma forma um pouco diferente.

Plano de tratamento definido em grupo

Segundo o endocrinologista, é fundamental definir um plano terapêutico em conjunto com a equipa médica que o/a acompanha, o qual deverá assentar na já conhecida tríade alimentação-exercício-medicação (comprimidos ou insulina). “O que se pede é que as pessoas com diabetes tentem adquirir hábitos mais saudáveis de vida generalizando-os a toda a família e pessoas próximas. Deste modo, não só as pessoas com diabetes andarão melhor, como estarão a contribuir para a prevenção da diabetes das outras pessoas”, revela.

No caso da diabetes tipo 1, caraterizada pela incapacidade do organismo produzir insulina, o tratamento passa obrigatoriamente pela administração desta hormona, a partir do momento em que se confirme o diagnóstico, e, posteriormente, pela alteração do estilo de vida.

Já a principal estratégia para tratar a diabetes tipo 2 consiste na mudança de comportamentos e na adoção de hábitos de vida saudável. Melhor alimentação, mais atividade física, menos stress e horários regulares são alguns dos ingredientes fundamentais.

Só depois entra em campo a medicação oral prescrita pelo médico e, em certos casos – quando as medidas indicadas não são suficientes para controlar a diabetes -, a toma de insulina. Esta é a chamada terapêutica mista da diabetes.

Como não há duas pessoas iguais, o plano de tratamento deve ser adaptado a cada indivíduo, de acordo com a sua idade, presença de complicações tardias e estilo de vida, nomeadamente, exercício físico que pratica, hábitos alimentares, horários de trabalho e estado emocional.

O principal objetivo do tratamento “é aproximar os valores de glicemia dos valores das pessoas sem diabetes sem aumentar significativamente riscos de saúde”, informa João Filipe Raposo. Ou seja, manter o açúcar (glucose) no sangue o mais próximo possível dos valores normais, de modo a prevenir o desenvolvimento das complicações tardias da diabetes e, no caso da diabetes tipo 1, diminuir o risco das descompensações agudas, como a hiperglicemia (níveis muito elevados de glicose no sangue) e cetoacidose (quando não há insulina suficiente e as células não podem captar a glicose).

O diabético deve aprender a ser “médico de si próprio”

Quem sofre de diabetes deve aprender o máximo que puder acerca da doença. Quanto mais souber, melhor poderá, juntamente com o médico, ajustar o seu estilo de vida e tratamento a fim de evitar futuras complicações.

Na realidade, os profissionais de saúde indicam o caminho, prescrevem medicamentos, aconselham novas regras alimentares, alterações de hábitos ou comportamentos, mas não o acompanham vinte e quatro horas por dia. Como tal, só o doente pode mudar os seus hábitos de vida, tratar de si próprio e controlar a diabetes.

Por isso, à tríade terapêutica mencionada anteriormente acrescem ainda dois elementos fundamentais: a autovigilância e autocontrolo do nível de glicose. Para o ajudar nesta tarefa, o doente deverá manter um registo dos resultados das suas medições de glicemia e revê-lo a cada consulta com o seu médico. Esta autovigilância ajudá-lo-á a verificar como os alimentos, a atividade física e a medicação afetam os seus níveis de glicose no sangue e em que momentos do dia as alterações ocorrem.

O diretor clínico da APDP realça ainda a importância do controlo de outros fatores de risco como a tensão arterial elevada e os níveis elevados de colesterol, uma vez que “estes fatores e os valores de glicemia elevados contribuem para o aparecimento de doença vascular que pode originar os enfartes de miocárdio, AVC (acidente vascular cerebral) e doença vascular periférica”.

Mas, entre tantas recomendações, como se sabe se a diabetes está controlada? De acordo com João Filipe Raposo a resposta é simples: a doença estará bem controlada “se não existirem sintomas de descompensação (sede intensa, urinar muito, fome, etc.), se evitarmos o aparecimento ou progressão das complicações da diabetes e se conseguirmos manter uma boa qualidade de vida”.

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