Drenagem Linfática Manual: muito mais do que uma massagem

A drenagem Linfática Manual tem benefícios a nível estético mas é também uma terapêutica aconselhada para várias patologias.

Relaxa-nos mas também ajuda o corpo a cuidar de si próprio. E pode, até, ajudar pacientes em situação oncológica. Saiba mais sobre esta técnica que tem ganho novos adeptos.

O nome – drenagem linfática – não é certamente o mais exótico, se pensarmos nas diferentes técnicas de massagens que existem. Mas embora até possa ser relaxante, não se pense que estamos a falar de uma simples técnica de massagem, fácil de ensinar e até de repetir lá em casa. Não é o caso.

É certo que a drenagem linfática tem benefícios ao nível do bem-estar e dos cuidados estéticos. E é possível que tenha sido por estes benefícios que a “fama” da técnica tenha crescido, sendo atualmente praticada por cada vez mais esteticistas. Mas a drenagem linfática é também uma terapia indicada para certas patologias. Implica cuidados ao nível da técnica e, para a aprender, é importante conhecer-se o corpo humano.

Nuno Duarte é fisioterapeuta no Instituto Português de Oncologia e tem dedicado parte da sua carreira à formação em drenagem linfática. Na sua perspetiva, esta técnica “obriga a que o executante tenha um conhecimento aprofundado de anatomia, fisiologia do sistema linfático e fisiopatologia, sem o qual não será fácil obter bons resultados”.

Na drenagem linfática manual há suavidade no toque e o ritmo dos movimentos das mãos é mais prolongado. Isto acontece porque o objetivo desta técnica passa por estimular o sistema linfático. O que o terapeuta faz é ajudar a que a linfa chegue até aos gânglios linfáticos, facilitando um processo de eliminação do excesso de líquido e de toxinas.

A massagem é, por isso, rítmica, cuidadosa e sem necessidade de uma grande pressão – a linfa faz o seu percurso junto à superfície da pele e o seu fluxo é relativamente lento, pelo que não precisa de ser acelerado. Estimulação será mesmo a palavra mais correta.

Curiosamente, o facto de ser uma massagem particularmente suave contribui para que outros benefícios surjam, a começar pelo simples relaxamento. Mas, lá está, seria redutor limitar a drenagem linfática manual ao simples relaxamento ou até aos benefícios no combate à celulite. Esta técnica tem mesmo mais que se lhe diga. Veremos porquê.

Um mundo de possibilidades oferecido pela drenagem linfática:

Nuno Duarte explica-nos que existem diferentes escolas desta técnica, mas que os principais princípios de base são semelhantes. Mais difícil de definir será a forma como decorre uma sessão normal. “A duração de uma sessão depende da condição a tratar, mas por norma requer tempo”, explica-nos Nuno Duarte. Isto acontece porque a drenagem linfática, quando corretamente aplicada, pode ter benefícios a diversos níveis.

O sistema linfático transporta substâncias vitais para a corrente sanguínea, é um fator de proteção contra microrganismos patogénicos e outras substâncias invasoras e tem também um papel na absorção de lípidos. A linfa faz o seu percurso dentro do nosso organismo e nesse percurso faz uma das suas tarefas essenciais: ajuda o corpo humano a desintoxicar. Ora o que a drenagem linfática em essência faz é estimular este processo. E, por simples que possa parecer, esta “pequena” ajuda extra é suficiente para notarmos diferenças.

No seu caso em particular, e sendo Nuno Duarte fisioterapeuta no Instituto Português de Oncologia, a sua grande prática é em situações oncológicas, nas quais a drenagem linfática manual é uma técnica de eleição (as estruturas linfáticas são muito agredidas pelas terapias oncológicas)

Entre os diferentes benefícios existentes da drenagem linfática para o nosso organismo, o fisioterapeuta Nuno Duarte destaca o seu efeito anti-edematoso, mas também “um efeito positivo no trofismo da pele e camadas subcutâneas iniciais, promovendo a saúde dos tecidos, um efeito no sistema imunológico, ligado à aceleração do fluxo linfático, uma melhoria no metabolismo celular” e, finalmente, um efeito analgésico, o que a torna também uma técnica útil para várias situações de pós-operatório.

Neste processo consegue-se assim desintoxicar o organismo, por ajudar na eliminação dos líquidos acumulados, ativar o sistema imunitário, o que em última análise resulta em resultados positivos nas mais variadas situações: edemas, varizes ou até a sensação de pernas pesadas, por exemplo. Embora não possa propriamente recuperar flacidez da pele já existente, pode pelo menos contribuir para a prevenção da flacidez de pele, já que contribui para a renovação dos tecidos.

Finalmente, é também uma técnica adequada para casos de linfedemas (tumefações que resultam precisamente de uma insuficiência linfática) e de gravidez, não porque se trate de uma patologia, como é óbvio, mas porque uma gravidez “altera a circulação de retorno”, como especifica Nuno Duarte. Por tudo isto se percebe assim que não é por acaso que se sintam melhorias tanto a nível da saúde como da estética corporal.

A drenagem linfática permite atuar onde outros métodos não podem!

Há, ainda assim, uma outra área em que a drenagem linfática pode intervir – e em que muitas outras terapias são desaconselhadas. Falamos de pacientes oncológicos.

Nuno Duarte explica-nos que “os doentes submetidos a cirurgias (nas quais houve a remoção de gânglios linfáticos), radioterapia e quimioterapia, poderão sofrer uma agressão das estruturas linfáticas”. Nestes casos, adianta ainda, “a drenagem linfática manual pode ser realizada como prevenção ou com o objetivo de minimizar uma possível complicação, que não tem obrigatoriamente de ser edemas dos membros, já que existem outras complicações linfáticas”.

Muitas das técnicas de massagens são desaconselhadas em certos contextos oncológicos. Isto acontece porque em determinadas situações há o risco de, com a intenção de se querer dar maior conforto ao paciente, se poder estar a estimular células que ajudarão a multiplicar metástases.

A drenagem linfática manual não está isenta desses riscos: daí que o acompanhamento deva ser feito por um profissional de saúde com experiência na área. Mas talvez seja aqui que a necessidade de se conhecer bem o corpo humano seja mais óbvia do que nunca: só alguém com bons conhecimentos de anatomia e fisiologia conseguirá o pleno: aplicar uma sessão que resulte num atenuar de complicações linfáticas, no aliviar de dores e num relaxamento geral, sem correr o risco de estar a prejudicar o tratamento oncológico propriamente dito.

Talvez por isso, numa altura em que a drenagem linfática manual é cada vez mais reconhecida pelas seus benefícios estéticos (e não é por acaso que muitas mulheres encontram nesta técnica um aliado no combate à celulite), fosse bom lembrarmos que esta técnica tem mais que se lhe diga.

É importante que não se trate a drenagem linfática como uma simples massagem pois não faz jus às suas capacidades.

Fonte:  Nuno Duarte, fisioterapeuta (Instituto Português de Oncologia)

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