Como manter a motivação para praticar exercício físico?

Embora seja necessária alguma motivação, é relativamente fácil iniciar um programa de exercício. Aliciado pelo amigo, pelo vendedor e até pela sociedade, toma-se a decisão iniciar um programa de exercício mais ou menos estruturado. No inicio do processo, parece fácil abdicar de outras atividade em prol do exercício e, embora possa significar algum sacrifício, este encontra justificação no objetivo que brilha ao fundo do túnel e nas palavras que nos vão repetindo.

É importante frisar que os efeitos do exercício se relacionam com a sua prática e se perdem pouco tempo após o seu abandono. Assim, para que se possa usufruir das vantagens apregoadas por meio mundo, é necessário manter a prática regular de exercício no longo prazo, mesmo quando o encanto inicial desaparece, quando se chega ao fundo do túnel, quando deixa de ser novidade digna de aparecer nas redes sociais ou quando aparece algum obstáculo.

Como manter a motivação para praticar exercício físico?

Essa não é uma tarefa tão fácil. De facto, estima-se que cerca de metade das pessoas que iniciam um programa de exercício desistem até aos 6 meses. Quando não se obtém uma gratificação instantânea da atividade, nem esta se encontra alinhada com os nossos valores, inúmeros compromissos esgotam o dia e podem ser legitimamente apontados como motivos para não realizar exercício.

A chave para a regularidade pode estar na motivação, entendida como a energia necessária para a ação. Esta pode ter origem em fontes mais controladas, como a necessidade de caber num vestido, agradar ao cônjuge, o controlo da evolução de uma determinada doença e até incentivos monetários ou mais autônomas, como a evolução pessoal, a identificação com um dado comportamento e o prazer inerente à atividade.

De acordo com a Teoria da Autodeterminação nem toda a motivação é igual e a qualidade é mais importante do que a quantidade, influenciando a saúde mental e o bem-estar, a performance e a estabilidade do comportamento no tempo, a criatividade e a aprendizagem. A principal distinção é feita entre motivação autónoma, caracterizada pela vontade própria e motivação controlada, associada a uma regulação externa e a uma pressão para pensar ou agir de determinada forma.

A investigação nesta área encontra evidência que a satisfação das necessidades psicológicas básicas de autonomia (controlo pessoal sobre a decisão de realizar o comportamento), competência (capacidade de desempenhar a tarefa com sucesso) e relacionamento positivo (relações interpessoais) possibilita o envolvimento dos indivíduos numa dada tarefa de forma mais autónoma e/ou intrinsecamente motivados. Quando o indivíduo vê frustradas as suas necessidades, procura em objetivos mais externos a confirmação do seu valor, porém esta substituição não leva a real satisfação das necessidades, nem ao bem-estar ambicionados.

A decisão pessoal de iniciar a atividade assume vital importância, bem como a autonomia na seleção e a gratificação que se obtém da mesma. É determinante que o exercício escolhido se traduza num bom momento, satisfatório das necessidades e que contribua para o desenvolvimento pessoal, em lugar de mais uma tarefa na agenda. Assim, se o objetivo for manter a prática de exercício físico a longo prazo, mesmo nos dias mais frios ou nas semanas mais ocupadas, há que faze-lo por si, para si, da forma que mais gosta e quando lhe for oportuno.

Atualizado a:

você pode gostar também