A primeira consulta no ginecologista

A primeira consulta de ginecologia levanta muitas dúvidas entre as adolescentes, criando muitas vezes crenças e receios infundados.

Antes de se deixar levar pelo medo, saiba em que consiste esta consulta e como é essencial à sua saúde.

Uma altura da vida em que tudo começa a mudar e se atropela ao tentar tomar forma: o corpo, a personalidade e as inúmeras perguntas à espera de resposta. Assim se diz ser o início da passagem para a idade adulta.

Com a chegada da puberdade chegam também as questões quanto ao novo ciclo de vida e às alterações e funções do corpo. Neste sentido, a primeira consulta de ginecologia é, como nos diz a ginecologista Fátima Palma, “um acontecimento marcante na vida de uma adolescente que assinala o início de uma nova relação entre médico e utente”, sublinhando a importância da comunicação entre ambos para uma vida sexual e reprodutiva saudável, para além de ser uma ótima oportunidade de esclarecimento de dúvidas e prevenção de comportamentos de risco.

Apesar de não existir uma idade estipulada, a recomendação geral dos especialistas é que a consulta aconteça depois do aparecimento da primeira menstruação, antes do início da atividade sexual ou entre os 13 e os 15 anos da adolescente, excetuando os casos com queixas pré-existentes.

A primeira consulta de ginecologia tem um formato diferente das suas subsequentes, parecendo-se mais com uma sessão de esclarecimento, quase que uma introdução à nova fase da vida da mulher. Por essa razão, e ao contrário do que muitos possam pensar, esta consulta não tem de ser obrigatoriamente realizada por um ginecologista, sendo o médico de família ou até o pediatra apropriados para o efeito.

Como explica Fátima Palma, “o importante é que se realize num ambiente onde os técnicos estejam sensibilizados para as questões mais frequentes da adolescência, que garantam a confidencialidade da consulta e não emitam juízos de valor”.

 

O que acontece na primeira consulta de ginecologia?

Só conversa de mulheres, quase se pode dizer. A primeira consulta de ginecologia é um ótima altura para se conhecer o funcionamento do aparelho ginecológico, discutindo e elucidando sobre as características possíveis do ciclo menstrual, hábitos alimentares, atividade física, vida sexual e contraceção.

Este é o sítio e altura certa para tirar todas as dúvidas relacionadas com a fertilidade da mulher e com as questões que envolvem a vida sexual e reprodutiva, como por exemplo, a escolha de um método contracetivo, o início da atividade sexual, entre outras. Helena Leite, ginecologista, explicou-nos que as dúvidas mais frequentes prendem-se com “o desenvolvimento do corpo, nomeadamente a assimetria mamária, irregularidades com o ciclo menstrual, fertilidade futura e as diferentes opções contracetivas”.

Após ter esclarecido todas as dúvidas, o especialista faz um exame físico geral para descartar a existência de eventuais problemas. Fátima Palma indicou-nos os exames habituais desta primeira consulta: a medição da altura, do peso, do índice de massa corporal e exames mamário e abdominal.

Quanto ao exame pélvico, Helena Leite refere que “na ausência de sintomas ou de sinais sugestivos de patologia ginecológica o exame pélvico é prescindível e pode ser realizado em consultas subsequentes”.

A ginecologista refere ainda que “a pesquisa de determinados agentes infeciosos como clamídia é importante uma vez que o tratamento precoce previne o desenvolvimento de doença inflamatória pélvica e consequente compromisso infertilidade”.

Não podemos esquecer também que, para além da importância de prevenção e despiste de sintomas, é importante conhecer a fisionomia interna dos órgãos genitais e o seu funcionamento. Como refere Fátima Palma, “o simples facto de conhecer a anatomia dos genitais externos pode facilitar a colocação de um tampão na altura da menstruação e por exemplo facilitar uma ida à praia”.

Para muitas adolescentes, uma das principais preocupações na ida ao ginecologista deve-se à exposição do corpo perante o médico, pois será necessário ficar sem roupa durante alguns dos exames. Neste sentido, é importante lembrar que, por mais constrangedor que possa ser para a mulher, os médicos estão acostumados a estas situações no seu dia-a-dia, pois faz parte do seu trabalho”.

A questão da confidencialidade também as inquieta e, por isso, Helena Leite recomenda que “a maior parte da consulta seja efetuada com a adolescente sozinha, principalmente a partir da fase intermédia da adolescência, não invalidando o importante papel que os pais desempenha na recolha dos dados da história clínica”.

É importante que as adolescentes sejam informadas logo na primeira consulta de ginecologia sobre a fácil acessibilidade e flexibilidade na marcação das consultas e sobre a garantia de privacidade e de confidencialidade.

 

Como funciona o acesso às consultas 

Em Portugal, a ida ao ginecologista é, em geral, um processo simples. Para a marcação da primeira consulta, as jovens podem optar pelo sistema público ou privado, consoante as possibilidades financeiras.

Para quem está inscrito na Segurança Social, basta dirigir-se ao centro de saúde da sua área de residência e pedir informações sobre as consultas de planeamento familiar. Será a partir daqui que surgirá o reencaminhamento para as consultas de ginecologia.

Por se tratar de uma consulta de foro mais íntimo e sensível, habitualmente é dada à adolescente a hipótese de escolher entre um médico ou uma médica ginecologista e, por norma, as mulheres dividem-se neste assunto: enquanto muitas preferem médicas ginecologistas, outras nem sequer perdem tempo a pensar no assunto.

A importância das consultas de ginecologia não deve diminuída. Este será sempre um espaço de aconselhamento para todos os assuntos relacionados com a saúde reprodutiva e atividade sexual, bem como o passo essencial em direção à promoção da saúde reprodutiva da mulher.

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