Causas mais comuns de coceira vaginal

A coceira vaginal, também conhecida como prurido vulvar, é um sintoma bastante comum, que pode surgir em mulheres de diversas idades.

Apesar de que a coceira vaginal é um sintoma clássico de infecções vaginais, principalmente de candidíase vaginal, pode não ser essa a causa, já que existem várias outras situações nas quais surge a coceira na região genital feminina como sintoma, incluindo alergias e reações a produtos químicos irritantes.

Vamos aqui apresentar as 15 principais causas de coceira vaginal.

O que é a coceira vaginal e o prurido vulvar

São termos que se usam com frequência como sinónimos, mas que, na verdade, apresentam algumas diferenças, já que vulva e vagina não são concretamente a mesma coisa.

Muitas pessoas desconhecem, mas a vulva é a parte externa da genitália feminina, ou seja, em grosso modo é o exterior da vagina. A vulva inclui o monte de Vénus, os lábios maiores e menores, o clitóris e a abertura do canal vaginal. Por outro lado a confusão  surge quando não se distingue daquilo a que chamamos de vagina ou canal vaginal é o túnel muscular e flexível que faz ligação entre o útero e o meio externo.

Desse modo, os termos coceira vaginal e coceira vulvar, se tivermos em conta que são partes diferentes da genetália feminina, indicam dois sintomas diferentes. Contudo, visto que muitas das doenças que provocam prurido vulvar também causam prurido vaginal, e vice-versa, ambos os termos acabam sendo usados de forma intercambiável e apontando para o mesmo sintoma.

Para simplificar vamos usar o termo coceira vaginal de forma mais popular e ampla, envolvendo qualquer tipo de comichão que atinja a zona da genitália feminina.

Causas comuns de coceira vaginal e prurido vulvar

A grande maioria dos casos de coceira vaginal costumam ter causas relacionadas com a inflamação da região genital, seja ela causada por infecção ginecológica (vaginite), alergia ou irritação por produtos químicos, tais como sabonetes ou outros produtos de higiene íntima.

Existem diversas causas para a coceira vaginal. Devendo as pessoas serem conscientes de que sem ser feita uma avaliação por parte de um médico ginecologista é muito difícil fazer a distinção correta e segura entre o vasto leque de possibilidades, visto que os sintomas entre as várias causas podem ser muito semelhantes, havendo corrimento, dor e coceira em praticamente todos os casos. O diagnóstico diferencial, só poderá ser verdadeiramente efetivo se for feito através do exame ginecológico, da coleta de material da vagina para análise laboratorial e de uma boa avaliação do histórico clínico da paciente.

Como é lógico o tratamento da comichão na vagina depende do correto diagnóstico da causa. O medicamento indicado para tratar uma infecção por fungos é diferente do tratamento para uma infecção bacteriana, que por sua vez não tem nada a ver com o tratamento da coceira por atrofia vaginal.

1- Candidíase vaginal

A candidíase vaginal é a causa mais comum e ao mesmo tempo mais importante de coceira vaginal, não só porque a comichão é um dos sintomas mais intensos, mas também porque em média 3 em cada 4 mulheres tem pelo menos um episódio de candidíase vaginal ao longo da sua vida.

A comichão vaginal na candidíase costuma vir acompanhada de ardência na região vaginal e vulvar, que pode surgir de forma muito espontânea, mas costuma ser agravada durante a micção ou o ato sexual.

Outros sinais muito comuns da candidíase são a vermelhidão na região da vulva e o corrimento vaginal, que é habitualmente de aspecto leitoso e sem odor.

Ao contrário do que muita gente pensa, a candidíase vaginal não é uma doença sexualmente transmissível; crianças e mulheres sexualmente inativas podem tê-la.

2- Vaginose bacteriana

A vaginose bacteriana é uma infecção bastante comum que surge quando ocorre substituição das bactérias naturais da flora vaginal por bactérias patogênicas. Estima-se que em mais de 90% dos casos, a bactéria responsável pela vaginose é a Gardnerella vaginalis. Hábitos sexuais de múltiplos parceiros sexuais, uso recente de antibióticos de amplo espectro e uso frequente de ducha vaginal são alguns dos fatores de risco que causam vaginose bacteriana.

Uma curiosidade bastante desconhecida é o facto de a maioria das mulheres com vaginose não ter sintomas. Entre as que os têm, a coceira vaginal não costuma ser muito intensa. Em geral, o corrimento vaginal com mau odor é o sintoma mais importante a ter em conta.

Assim sendo, já temos um ponto de divergência entre os sintomas, porque enquanto a candidíase provoca uma comichão intensa e corrimento sem odor, a vaginose por seu lado costuma ter corrimento muito mal-cheiroso acompanhado de uma leve coceira vaginal, muito raramente é uma comichão intensa.

3- Tricomoníase

A Tricomoníase é uma doença infecciosa sexualmente transmissível causada por um parasita que tem o nome de Trichomonas vaginalis.

A infecção pelo Trichomonas vaginalis é geralmente assintomática nos homens, mas pelo menos duas em cada três mulheres infectadas apresentam queixas. Os sintomas mais comuns, além da comichão, são a inflamação da vagina com corrimento amarelo-esverdeado com um odor muito desagradável associado à dor na hora de urinar e durante o ato sexual.

Para fazer um correcto diagnóstico da tricomoníase deve ser sempre feita uma avaliação microscópica de secreções vaginais obtidas durante o exame ginecológico.

4- Gonorreia

A gonorreia é mais uma doença sexualmente transmissível bastante comum, tendo a fama de ser responsável por mais de 200 milhões de casos anuais em todo o mundo.

O sintoma mais claro de gonorreia é o corrimento uretral, que é mais fácil de ser percebido nos homens do que nas mulheres. Corrimento de origem vaginal (e não uretral) só aparecem nos casos em que haja infecção do colo do útero, situação que geralmente apenas ocorre em menos de metade das mulheres infectadas. Nos casos em que ocorre, a paciente regularmente sente coceira, dor durante o ato sexual ou corrimento vaginal purulento. Se tiver também inflamação do útero é possível ocorrerem escapes de sangue pela vagina.

5- Clamídia

A clamídia é outra doença com que partilha alguns sintomas e que sexualmente transmissível, sendo esta uma das mais comuns, apesar da grande maioria dos pacientes infectados não serem diagnosticados corretamente por défice de sintomas.

No caso das mulheres, as estatísticas apontam que somente 10% desenvolvem sintomas. Os sintomas de clamídia mais comuns são o corrimento vaginal, coceira vaginal, dor durante ato sexual ou ao urinar e sangramento vaginal.

Os sintomas de clamídia são praticamente os mesmos que aos de gonorreia, tornando quase impossível distinguir as duas infecções sem recorrer a uma avaliação laboratorial de uma amostra do corrimento vaginal.

6- Menopausa

Como já muita gente sabe, a parte interna da vagina possui um revestimento composto por tecidos que dependem do estrogenio para se conservarem saudáveis. Na menopausa esses tecidos sofrem alterações pela deficiência de estrogênio que ocorre após a menopausa, isso torna o epitélio vaginal mais fino e frágil, acarretando a consequência que se denomina de atrofia da vagina ou vaginite atrófica.

Como é lógico as paredes vaginais ao ficarem mais frágeis e finas ficam mais propensas a ferimentos e irritações, além de terem mais dificuldade em se manterem húmidas, o que acaba por resultar nos seguintes sintomas: secura vaginal, coceira e dor durante o ato sexual.

O tratamento da vaginite atrófica passa pela aplicação intravaginal de estrogênio, que pode ser feita através de comprimido vaginal, anel ou creme.

7- Irritantes químicos

A coceira vaginal também pode ser resultado de alguma irritação da vagina ou da vulva por algum produto químico. Por vezes, a causa é um produto considerado banal, como pode ser um sabonete, um amaciador usado para lavar a roupa interior ou até uma marca de papel higiénico que possa conter algo que cause irritação.

A listagem dos produtos químicos que podem ser os causadores de irritações é muito extensa, listamos alguns mais conhecidos e mais comuns, mas poderá ser outro que não estes:

  • Preservativos.
  • Contraceptivos de uso vaginal.
  • Produtos de higiene íntima.
  • Sabão em pó.
  • Perfumes.
  • Cremes vaginais.
  • Lubrificantes.

Neste tipo de situações é fundamental descobrir o causante e suspender por completo o uso dessa substância agressora por forma a que o tratamento seja eficaz.

8 – Líquen escleroso vulvar

Líquen escleroso é um problema de saúde crónico e bastante vulgar, que afeta aproximadamente 1 a cada 30 mulheres após a chegada da menopausa.

A aparência vulgar do líquen escleroso é o de uma camada fina, branca e enrugada que fica localizada nos lábios vaginais, que pode também estender-se até a região perianal. A coceira vaginal é o sintoma mais comum deste problema de saúde e pode ser tão intensa que interfere nas atividades da mulher e até no seu tempo de sono. Outros sintomas que habitualmente acompanham doença são também o prurido anal, sangramento retal, dor durante o sexo e dor para urinar.

9 – Higiene íntima inadequada

Pode nem acreditar, mas muitos casos em que a mulher se queixa de comichão na zona genital deve-se a uma higiene íntima inadequada, que inclui os casos de má higiene pessoal e os de higiene íntima excessiva. A verdade é que ambos extremos podem ajudar no aparecimento de infecções que acarretam inflamação e coceira vaginal.

Como é fácil de entender, a má-higiene íntima vai favorecer a proliferação de bactérias ou fungos que podem causar irritação, principalmente na região da vulva. Nas crianças, uma má higiene após a micção pode fazer com que a acidez da urina provoque assaduras na vulva, que além de ardência também podem provocar comichão intensa.

Já no extremo oposto o excesso de limpeza pode provocar coceira não só pela irritação da vulva/vagina pelos produtos químicos, mas também porque este tipo de atitude acaba por enfraquecer ou eliminar a flora bacteriana natural da vagina, sendo ela a única proteção forte contra bactérias externas.

10- Pediculose pubiana

A pediculose pubiana, um problema popularmente conhecido como chato, é uma doença altamente contagiosa causada pelo inseto Phthirus pubis, chamado também popularmente de piolho-do-púbis.

O sintoma mais típico e notável da pediculose pubiana é uma intensa comichão na região púbica e ao redor da vulva. A coceira é em regra geral mais intensa durante a noite e o impulso de coçar continuamente acaba por em muitos casos provocar feridas na pele.

Ao contrário das causas de coceira vaginal/vulvar mencionadas anteriormente, a pediculose não provoca corrimento vaginal nem lesões no interior da vagina.

11- Oxiuríase ou enterobíase

A oxiuríase, que também é conhecida como enterobíase, é na realidade uma verminose intestinal provocada pelo verme Enterobius vermicularis ou Oxiurus vermicularis.

É importante reter que o principal sintoma da oxiuríase é a por norma a coceira anal, que habitualmente é intensa e tem predomínio noturno. No caso das mulheres, os vermes adultos podem acabar por migrar para locais além do ânus, nomeadamente a região vaginal que está ali perto, acabando por provocar um quadro de vulvovaginite (inflamação da vulva e da vagina), que tem como sintomas a coceira e corrimento vaginal.

12- Corpo estranho

A presença de qualquer corpo estranho dentro da vagina deve ser sempre analisada cuidadosamente nos casos de crianças pequenas com queixas de coceira vaginal. Ocorrem situações em que, pequenos brinquedos, pedaços de tecidos ou pequenos objetos podem ter sido colocados inocentemente na vagina pela própria criança, criando um processo inflamatório que resulta em dor e coceira vaginal.

No caso das mulheres adultas, o objeto estranho pode ser algo como um simples absorvente interno que tenha sido esquecido ou que se tenha soltado partes que não foram removidas.

13- Doenças da pele próximas da vulva

As mulheres que possuam algum problema de pele que se estenda até a região genital, tais como eczemas, micoses de pele, psoríase ou urticária, é bastante comum que apresentem queixas de comichão vaginal ou prurido vulvar. Nestes casos, o diagnóstico é bastante simples, visto que os sinais e sintomas fora da região genital costumam ser fáceis de perceber.

14- Alergia ao sêmen

Alergia ao sêmen ou esperma é uma situação bastante rara, mas que existe e pode ser um problema sério. Os sintomas mais comuns deste tipo de alergia são vermelhidão, inchaço, coceira e sensação de queimadura na região vaginal. Por norma os sintomas surgem cerca de 10 a 30 minutos após uma relação sexual desprotegida. Em aproximadamente 75% das mulheres, os sinais alérgicos não ficam restritos à região genital, havendo também urticária, rinite e conjuntivite alérgica. Existem casos descritos de reação anafilática ao esperma.

Os sintomas da alergia ao semen surgem apenas quando a mulher tem relações desprotegidas. Quando o parceiro usa preservativo e a mulher não entra nunca em contato com o esperma, não ocorrem sinais de alergia após o ato sexual.

Para saber mais sobre a alergia ao sêmen, leia: ALERGIA AO SÊMEN – Causas, Sintomas e Tratamento.

15- Câncer ou cancro (tumor)

Os casos de cancro tem vindo a aumentar e é um fato que os tumores na região genital são causas incomuns de coceira vaginal, mas que não deve ser ignorado. Em raros casos, um câncer da vulva ou da vagina pode ter como sintoma a coceira vaginal.

Agora já conhece as causas mais comuns de coceira vaginal e resta lembrar que tudo tem um motivo que não deve ser ignorado!

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