Menopausa, uma nova fase da vida da mulher

É um fenómeno natural, mas causa uma série alterações no corpo e estado emocional da mulher. Saiba o que está a acontecer com o seu corpo agora que entrou na menopausa, como diminuir os sintomas desagradáveis que sente e como evitar o risco de doenças associadas a esta nova fase da sua vida.

Afrontamentos… É rara a mulher com mais de 55 anos que não sabe o que são. Quem já os teve descreve-os como uma onda súbita de calor que sobe da cintura até ao rosto – que fica afogueado e vermelho – seguida, por norma, de suores. São desconfortáveis e incomodativos, e há mulheres que têm um por semana, outras dezenas por dia. Muitas mulheres queixam-se ainda de suores nocturnos, insónias, irritabilidade e notam alterações ao nível da memória e capacidade de concentração: todos estes sintomas são consequências das alterações hormonais que decorrem da menopausa.

menopausa

É mais fácil perceber os sintomas da menopausa entendendo as alterações que estão a acontecer no corpo da mulher nesta fase: a menopausa começa no final da última menstruação e ocorre porque, com a idade, os ovários gradualmente deixam de funcionar. O que acontece, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Menopausa, é que ao deixarem de libertar óvulos mensalmente, deixam também de produzir a hormona feminina por excelência, o estrogénio. Assim, o organismo feminino deixa de estar exposto aos habituais níveis elevados de estrogénio e é precisamente a falta desta hormona que leva a grande parte dos sintomas que a mulher apresenta.

Embora possa acontecer a mulher ter menstruações regulares até à menopausa, o mais vulgar é que as últimas menstruações tenham um fluxo, duração e intervalo muito variáveis e, da mesma forma, o mais natural é que comece a notar todos estes sintomas antes de ter aquela que será a sua última menstruação.

Aliviar os sintomas da menopausa: terapêutica hormonal e novos comportamentos

Segundo Fernanda Águas, ginecologista-obstetra e Directora do Departamento da Saúde da Mulher da Maternidade Bissaya Barreto, a terapêutica hormonal (TH) é eficaz sobretudo no alívio dos sintomas vasomotores (sensação de calor, suores, palpitações) e mesmo com a utilização de doses baixas estes sintomas regridem por completo ao fim das primeiras semanas de utilização.

Mas existem outros comportamentos a adoptar sobretudo se a mulher não pode ou não quer fazer o tratamento: “devem evitar-se ambientes muito quentes e com pouca ventilação, utilizar roupas adequadas, proceder à ingestão frequentes de líquidos para hidratação, evitar alimentos demasiado condimentados e picantes e evitar igualmente a ingestão de bebidas alcoólicas”, explica a ginecologista. A juntar a isto, a especialista aconselha ainda “a prática regular de atividade física que poderá ser apenas uma caminhada diária com a duração de 20 a 30 minutos e evitar as situações de stress, podendo eventualmente ser recomendada a prática de técnicas de relaxamento ou exercícios de ioga.”

O grande objectivo da TH é tratar os sintomas do climatério (todo o período de transição do período reprodutivo para o não reprodutivo que vai desde a pré-menopausa até à pós-menopausa) e melhorar a qualidade de vida da mulher que muitas vezes é afectada com todos estes sintomas. A decisão de iniciar a terapêutica deve ser individualizada e considerar sempre por um lado os riscos, por outro os benefícios. Em princípio, de acordo com Fernanda Águas, as contraindicações absolutas para fazer TH resumem-se a “situações graves como cancros hormonodependentes (como o cancro da mama); as doenças trombo-embólicas (e será o caso de mulheres que tenham tido tromboembolias pulmonares ou tromboses venosas dos membros inferiores); as doenças cardio e cérebro vasculares graves (como as insuficiências cardíacas ou acidentes vasculares cerebrais); e finalmente doenças hepáticas sobretudo as agudas como as hepatites”, explica.

Apesar de muito se falar da alimentação ou medicação à base de soja, alegando que as isoflavonas presentes na soja de certa forma substituem o estrogénio, estudos recentes publicados na Archives of Internal Medicine consideram que os suplementos de soja não reduzem os afrontamentos nem contribuem para evitar a osteoporose. Também Fernanda Águas defende que embora a sua utilização se tenha expandido nos últimos anos, sendo anunciados como um tratamento natural e sem riscos, a sua eficácia é duvidosa e os estudos que defendem a sua aplicação clínica não são consistentes.

 

Menopausa e a osteoporose!

A falta de estrogénio na menopausa não provoca só os desconfortos típicos descritos por muitas mulheres: “a deficiente produção de estrogénios a nível dos tecidos dos diferentes órgãos e sistemas pode condicionar o aumento do risco de algumas doenças das quais se destacam as doenças cardiovasculares e a osteoporose”, alerta Fernanda Águas.

A osteoporose é a diminuição progressiva da massa óssea. Os ossos tornam-se menos fortes, logo, mais atreitos a fraturas. Uma vez que o estrogénio ajuda o corpo a regular o fornecimento de cálcio aos ossos, após a menopausa a mulher tem mais propensão para apresentar este problema.

Para avaliar a “saúde dos ossos”, ou seja, para determinar a densidade mineral óssea (DMO) o exame mais usado é a densitometria, no entanto o rastreio generalizado só é feito após os 65 anos de idade. “Antes desta idade só está indicado realizar a densitometria óssea se existirem fatores de risco para esta doença.” O que é regra generalizada, essa sim, é aconselhar todas as mulheres a manterem uma dieta adequada, rica em cálcio e pobre em gorduras.

Por fim, mas não menos importante: muitas mulheres queixam-se do impacto que a menopausa tem na sua vida sexual, mas na verdade, a “culpada” pode não se ser só a menopausa, uma vez que nesta fase da vida, outras alterações estão a acontecer na vida feminina: “a área da saúde sexual reage a uma interação de múltiplos factores, uns relacionados com alterações hormonais e com as suas consequências a nível dos órgãos genitais, levando a uma atrofia vaginal que poderá causar dor durante o coito, outros de ordem psicológica e social decorrentes das alterações a nível profissional e familiar que surgem nesta fase da vida da mulher”, explica Fernanda Águas.

Hoje, os efeitos nefastos da menopausa podem ser controlados de forma a interferirem o menos possível com a sua qualidade de vida, bastando para isso que mantenha um bom acompanhamento médico. Além disso, tenha presente que há outra coisa que ninguém lhe pode dar, mas pode fazer por si mesma: manter uma boa autoestima.

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