Sonhar acordado faz bem ao cérebro
Afinal, sonhar acordado não serve apenas para afastar o tédio e criar expectativas desfasadas da realidade. Além de ser um “escape mental” durante a realização de tarefas aborrecidas, o ato de sonhar acordado ajuda o cérebro a tornar-se mais eficiente.
Sabe quando está no meio de uma aula aborrecida ou de uma conversa entediante, e a sua mente começa a divagar, afastando-se para outro cenário daquele em que se encontra e pensando em assuntos que talvez nem façam sentido? Sonhar acordado é sinónimo popular de desatenção, mas essa distração pode ser benéfica, desde que não ocorra em situações e compromissos importantes.
Um grupo de investigadores da Universidade de Bar-Ilan, em Israel, descobriu que, além de oferecer um “escape mental” durante a realização de tarefas aborrecidas, o ato de sonhar acordado tem um “efeito positivo e simultâneo” no desempenho do cérebro.
O estudo publicado na revista científica Proceedings of National Academy of Sciences demonstrou que estímulos elétricos externos de baixa voltagem alteram o modo como pensamos, medindo, com precisão, a frequência com que o cérebro nos leva a sonhar acordados ou a ter pensamentos espontâneos.
Para chegar a estas conclusões, os cientistas submeteram um grupo de voluntários a um procedimento de estimulação transcraniana por corrente direta (“tDCS”, na sigla inglesa), uma técnica “não invasiva e indolor” que estimula partes específicas do cérebro.
Moshe Bar, um dos autores do estudo, explicou em comunicado que concentraram “a estimulação elétrica na área dos lobos frontais porque esta região do cérebro já tem sido associada à divagação da mente e porque é, também, um ponto central da rede cerebral de execução de tarefas que nos permite organizarmo-nos e prepararmo-nos para o futuro”.
Durante o procedimento foi pedido aos participantes que seguissem e respondessem a números que apareciam num ecrã de computador e, periodicamente, que relatassem – numa escala de um a quatro – a frequência com que experienciavam pensamentos espontâneos não associados à tarefa durante a sua realização.
Além de não prejudicar o desempenho dos indivíduos na realização de uma determinada tarefa, a experiência provou que sonhar acordado contribui mesmo para uma maior eficácia. De acordo com Moshe Bar, este resultado pode estar relacionado com o facto de convergirem, numa única região do cérebro, os mecanismos de execução de uma função e o pensamento livre. E, ao que parece, este duplo envolvimento do cérebro parece estar relacionado com a criatividade e contribui para a capacidade de nos mantermos concentrados na tarefa que estamos a executar mesmo que a nossa mente divague.
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