Perder peso é fácil. Difícil é mantê-lo
Cansada de sacrifícios para perder peso para depois o recuperar e ter de voltar a fazer dieta?
Fuja das dietas iô-iô e aprenda a manter o peso depois de o perder.
Aproxima-se o Verão e as capas das revistas enchem-se de títulos de dietas que prometem perder sete quilos num mês. Nada de novo: quando uns choram, outros vendem lenços, que é como quem diz, enquanto houver alguém que procure milagres, haverá alguém disposto a oferecê-lo – ou a vendê-los. Mas tudo isto está longe do milagre: porque se é possível perder sete quilos num mês, não é menos verdade que se fala menos dos custos para a saúde e, da pouca eficácia destas dietas a médio prazo.
As chamadas dietas iô-iô imitam o efeito deste brinquedo, com os números na balança ora a descer, ora a subir, mas nunca no mesmo sítio. E a culpa é quase sempre, de dietas que, para cumprirem com a desejada perda de peso rápida, são demasiado restritivas. Resultado: ninguém aguenta tanta restrição para sempre e, no fim do peso baixar, a ânsia e o desejo – naturais – de retomar uma alimentação mais variada fazem o peso voltar a subir.
E se está a pensar que a dieta que faz tem uma fase mais restritiva, mas depois, progressivamente, passa para outras que o são menos, saiba que essa também não é a situação indicada. “Cada vez mais a investigação na área da perda e manutenção do peso perdido aponta para que uma visão de ‘contínuo’, e não de ‘fases’, como mais favorável”, defende o nutricionista Rui Jorge. “Muitas dietas ‘pré-definidas’ ou ‘comerciais’ apresentam diversas fases com diferentes níveis de restrição, mas, se não existir uma visão de sustentabilidade e de bem-estar ao longo do processo de perda de peso, a probabilidade de uma subsequente recuperação do peso perdido é maior.”
Talvez o melhor conselho a seguir, no que toca a perda de peso, é não se meter sozinho a fazer mudanças alimentares dramáticas (e sim, isto inclui não adotar dietas só porque as encontrou no blog de alguém). Depois, no que toca a perder peso e manter o peso perdido, de acordo com Rui Jorge, a principal regra é esta: “os comportamentos que se verificavam durante a perda de peso não devem ser substancialmente alterados, por isso, é importante que durante a perda de peso não exista uma restrição muito rígida para que não haja necessidade de ‘compensar’ posteriormente essa restrição rígida com fases de desinibição alimentar, caracterizadas por ‘descontrolo’ do que se ingere.” É aquilo a que o nutricionista chama uma visão a preto e banco da alimentação: ou se tem muito cuidado ou não se tem cuidado nenhum.
Atenção ao fatores comportamentais!
Mas para perder e manter peso – de forma saudável, entenda-se – não se deve olhar apenas à alimentação. Há outras questões a ter em atenção, nomeadamente fatores comportamentais e psicossociais. O nutricionista Rui Jorge aponta três, como exemplo: menos alimentação emocional, menos desinibição alimentar e menos tentativas de perda de peso anteriores.
A alimentação emocional caracteriza-se pela ingestão de alimentos como ‘compensação’, é mais frequente em mulheres do que em homens e pode ser um fator importante para o ganho de peso ou para o insucesso nas tentativas de perda de peso.
A desinibição alimentar pauta-se por períodos de ingestão “descontrolada” de alimentos durante momentos ou fases, que muitas vezes incidem sobre alimentos específicos, identificados comumente como sendo “menos saudáveis”. Por vezes, isto trás um problema acrescido, já que deste aporte elevado de calorias pode advir um sentimento de culpa após a ingestão, que por si só também não é um fator útil para quem quer perder ou manter o peso.
Os indivíduos que já tentaram perder peso por mais vezes, apresentam uma maior resistência ao emagrecimento, os motivos pelos quais isso se verifica ainda não são claros, mas de facto assim é, existindo atualmente investigação nessa área.
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