Branqueamento dentário, em busca de um sorriso perfeito

Quase todos temos os dentes menos brancos do que gostaríamos. E quando essa tonalidade menos apetecida estraga o brilho do sorriso, o branqueamento dentário é um tratamento não invasivo que pode ser a solução. Paula Sequeiros, especialista em Estomatologia e em Cirurgia Maxilo-Facial, contou-nos tudo sobre este procedimento.

Quanto vale um sorriso? Muito. E a opinião é tão unânime que quase que dispensava a apresentação de estatísticas a comprová-lo. Mas, ainda assim, a American Academy of Cosmetic Dentistryfez um inquérito sobre o tema.

Os dados confirmam aquilo que nos diz à partida o senso comum: 99,7 por cento dos inquiridos pensa que o sorriso é socialmente um grande trunfo, 96 por cento acha que é um dos elementos chave no que toca em ser atraente aos olhos do sexo oposto e 74 por cento acredita que um sorriso pouco atrativo pode mesmo prejudicar as hipóteses de sucesso profissional.

Finalmente, quando questionados acerca do que gostariam de melhorar no seu próprio sorriso a resposta mais comum foi ter dentes mais brancos e brilhantes.

Paula Sequeiros tem um dos melhores cartões-de-visita que um dentista pode ter: um sorriso impressionante. Além disso, tem a paixão de transformar uma boca arruinada num sorriso saudável e resplandecente e foi com ela que fomos conversar sobre uma das formas de melhorar o sorriso, o branqueamento.

Como nos explicou a especialista, há fundamentalmente três razões pelas quais não temos os dentes tão brancos como gostaríamos: porque estão manchados pelos alimentos e líquidos devido à placa bacteriana, simplesmente porque é a cor deles (há várias tonalidades de esmalte) ou porque o natural processo de envelhecimento os tornou mais escuros.

Quando o problema são manchas provocadas por placa bacteriana, ou seja, amarelecimento extrínseco, por norma uma boa limpeza dentária em consultório é suficiente. Quando é a própria cor do dente ou resulta do envelhecimento e não há outros problemas, o branqueamento pode ser uma boa opção com ótimos resultados.

Da primeira consulta aos dentes a brilhar: o processo

O branqueamento consiste na aplicação de produtos cujas substâncias ativas libertam oxigénio na estrutura do dente, oxigenando os pigmentos amarelados, o que “abre” a cor do próprio dente Quando há manchas ou coloração intrínseca ao dente, a primeira abordagem é sempre o branqueamento.

É considerada uma intervenção estética, mas isso não faz com que requeira menos cuidados, pelo que para ser realizada com segurança e bons resultados, envolve alguns passos prévios, como explica Paula Sequeiros. O primeiro passo, além da observação da boca do paciente, é fazer radiografias para determinar se há cáries ou fraturas que não sejam visíveis.

Isto porque não é possível fazer o branqueamento nem num caso nem noutro: se há cáries, há bactérias e como durante o branqueamento o dente fica poroso isso pode acarretar muitos problemas; no caso das fraturas porque, se as há, o paciente vai ter dores a sério.

Indispensável também é fazer um teste de sensibilidade já que os produtos usados para branquear podem provocar muita sensibilidade dentária. Quer isso dizer que quem tenha sensibilidade dentária pré-existente ou a demostre neste teste, não é bom candidato a um branqueamento.

No que toca a branqueamento, surgem sempre dúvidas como: só no consultório ou só em casa? Com laser ou com luz? Paula Sequeiros esclarece: “O laser e a luz usados em consultório só fazem uma coisa: ativam o produto que é aplicado, mas o que branqueia é o produto, não o laser.” Quer isto dizer que o laser ou luz vão permitir que em 20 minutos ou meia-hora haja uma diferença substancial de tom nos dentes.

Mas a chave de um bom branqueamento, de acordo com a estomatologista, não passa só por aqui: “com os branqueamentos exclusivamente feitos em consultório, seja com laser ou luz, a pessoa sai daqui feliz, mas depois daí a seis meses está igual.

Quando acompanhado pelo tratamento em casa, os pacientes só costumam ter de fazer retoques após três ou quatro anos.” Ou seja, o ideal é usar a técnica que conjuga os dois, mas a ser dispensada alguma será a do consultório, não a feita em casa.

Para o tratamento realizado em casa são feitos moldes e criadas umas moldeiras à medida da cada pessoa que têm uma espécie de reservatório na parte da frente dos dentes e é lá que é colocado o produto.

São dois os produtos mais utilizados no tratamento: o peróxido de hidrogénio – que é da família da água oxigenada, mas em gel e com concentrações específicas – e o peróxido de carbamida. Enquanto o segundo é mais usado para branqueamentos noturnos, porque exige mais tempo de contacto com os dentes, o peróxido de hidrogénio é mais para branqueamentos diurnos, já que atua em 30 minutos ou uma hora. Assim, é mais fácil o tratamento ser ajustável há vida de cada um, sendo que, como é óbvio, não se pode comer, beber ou falar enquanto está com a moldeira colocada.

Contraindicações para branqueamento dentário

Segundo as recomendações internacionais, o branqueamento não deve ser feito nos seguintes casos:
– Durante a gravidez
– A menores de 16 anos
– A pacientes com sensibilidade dentária
– A pacientes com cáries ou fraturas dentárias

A solução para estas situações são as pastas dentífricas com elixir branqueador que, quando usadas regularmente, ajudam a obter alguns resultados, embora lentamente.

Cuidados para evitar o amarelecimento dos dentes

O cuidado base, não só no que toca a evitar manchas e amarelecimento é uma boa higiene oral. Paula Sequeiros é peremptória: “a placa bacteriana é a mãe de todas as desgraças na boca: das manchas, da cárie, da gengivite. Portanto, se removermos a placa bacteriana eficazmente todos os dias, além de estarmos a viver mais saudáveis, não temos, por exemplo, uma gengivite crónica, não aparecem cáries e todos estes processos de envelhecimento são altamente retardados.”

E o que é uma boa higiene oral? Lavar os dentes no mínimo três vezes por dia e uma delas, preferencialmente à noite, ser uma escovagem mais meticulosa. Paula Sequeiros aconselha a escova elétrica com o temporizador cerca de 2 minutos – e o fio dental mais um ou dois minutos. No que toca ao uso de líquidos e elixires, não há nada contra desde que sejam usados para complementar a escovagem e nunca para a substituir. Estes cuidados de higiene oral, estão também associados à prevenção do mau hálito.

De resto, a estomatologista afirma que para deixar bem clara esta questão costuma perguntar os pacientes se já experimentaram lavar um carro só com a mangueira. Não fica lavado, pois não?. Com os dentes é a mesma coisa: se não houver uma ação mecânica – que é a escovagem e o fio dental – apesar de se sentir a boca muito fresca, a placa bacteriana vai ficar toda lá na mesma.

Agora vamos mais em pormenor à relação entre a higiene oral e as odiadas manchas amarelas e temos boas e más notícias para lhe dar. Vamos começar pelas más, até porque nesta altura já não serão surpresa: está recordado de todas aquelas vezes em que não lava os dentes a seguir ao almoço porque se esquece ou não dá jeito e todas as noites em que, como está cheio de sono, escova os dentes em 10 segundos? Inevitavelmente o seu “prémio” por esta falta de cuidado vão ser dentes amarelados e gengivas inflamadas e vermelhas.

Agora vamos à boa notícia, que vai mudar se não a sua vida, pelo menos a sua dedicação à escovagem dos dentes. É sabido que o café e o chá mancham os dentes, diz a cultura popular. Mas será que mancham mesmo? Resposta: “Se uma pessoa fizer uma escovagem fantástica, nem o café lhe mancha os dentes. O café tem de ter alguma coisa para se agarrar ou não macha o esmalte”, afirma Paula Sequeiros. E a que é que ele se agarra?

Adivinhou, a vilã é sempre a mesma: a placa bacteriana. Aliás, numa comparação elucidativa, a estomatologista e cirurgiã maxilo-facial afirma que “a placa bacteriana está para a gengiva assim como o sol em excesso está para a pele.”

Se não conseguir evitar o escurecimento dos dentes e optar pelo branqueamento, há uma regra básica a ter em conta no que respeita ao tom: cor do dente não deve ser mais branca que a cor das escleróticas (parte branca do olho) sob pena do resultado ser muito artificial!

 

O envelhecimento: alguns problemas que o branqueamento não resolve

Paula Sequeiros tem uma expressão muito apropriada para tudo aquilo que diga respeito aos sinais visíveis de envelhecimento dentário: as rugas dos dentes.

O amarelecimento é um desses sinais e deve-se a uma natural diminuição da espessura da camada de esmalte com a idade. Como o que está debaixo do esmalte é a dentina, que é mais escura e amarelada, acontece essa alteração da cor, até porque, com a idade, também a própria dentina fica mais escura. E a resolução deste problema melhora bastante com o braqueamento.

No entanto, o envelhecimento além desta alteração de cor pode provocar outras “rugas” que o branqueamento não resolve e que tem de ser tratadas através das facetas dentárias ou dos implantes, são elas:

– Desgaste dentário

Num sorriso jovem normalmente os dentes não estão em linha reta: os incisivos centrais são mais compridos, os incisivos laterais um pouco mais curtos e depois há uma proeminência dos caninos. É esta linha, que não é uniforme, que dá beleza e juventude ao sorriso. Com a idade e com desgaste dentário por vezes essa linha fica mais direita, o que “envelhece” o sorriso.

– Alterações nas gengivas

Pensamos pouco nelas, mas as gengivas são uma parte fundamental na estética do sorriso e também elas sofrem alterações com a idade. As papilas gengivais (que são aqueles “montinhos” que temos entre os dentes) vão sofrendo uma retração, ou seja, vão ficando mais pequenas. Essa diminuição faz com que comecem a aparecer uns pequenos triângulos sem gengiva entre os dentes que são inestéticos e envelhecem muito.

– Pequenas fraturas dentárias

Quebras ou irregularidades dos dentes que lhe alteram o formato e que podem acontecer por acidente, como quedas ou alimentos muito duros ou ainda por hábitos como roer as unhas, sendo frequentes em quem sobre de bruxismo (ranger os dentes).

A saúde dos seus dentes é vital tanto a nível estético como a nível digestivo. Considere fazer verificações periódicas num dentista ou estomatologista e quando pretenda fazer algum tratamento ou branqueamento dentário, escolha sempre um profissional que se encontre devidamente credenciado pela ordem dos médicos dentistas.

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