Adolescentes, como lhes falar de amor!

Muitos pais tem dificuldades de comunicar com os filhos.

A maioria dos pais não se apercebe do crescimento dos seus filhos. Apesar da evidência de um corpo sexuado. Nos rapazes borbulhas e barba. Nas meninas crescimento dos seios e o aparecimento da menarca. Os rebentos são crianças sem segredos para os pais, os quais prevêm tudo o que eles fazem.

Mas, de repente, apresentam-lhes a/o namorada/o. Tudo anda demasiado depressa para os pais que, olhando para os seus filhos, só vêem a mochila da escola. Afinal, em qualquer momento, eles também já se podem tornar pais.

A puberdade torna a procriação biologicamente possível. Contudo, são precisos longos anos de aprendizagem e iniciação na adolescência para se prepararem psiquicamente para isso. De repente tudo se desvanece e se torna estranho para os pais que precisam de reaprender a coabitar com o querido e estranho familiar.

Mudanças de corpo, de comportamentos, de amigos, um sem fim de transformações com que os pais vão ter de se confrontar. Agora, mais do que nunca o seu poder de argumentação e negociação vai ser posto à prova.

No entanto, não esqueça que os adolescentes precisam do seu carinho e da sua protecção.

Apesar de procurarem novos objectos de amor eles não deixaram de amar os pais e precisam de reassegurar esse amor. As crises de confronto de autoridade e de aparente afastamento dos pais são provas da tentativa da autonomia dos jovens e devem ser geridas pelo diálogo.

Dizem algumas estatísticas que, em média, é por volta dos 14 anos que os adolescentes dão o primeiro beijo e por volta dos 17/18 anos têm a primeira relação sexual. O domícilio familiar é normalmente o escolhido para esta primeira experiência. Contudo não espere que eles lhe falem disso. A maioria guarda-o em segredo.

Resposta a questões não colocadas

Se o vosso adolescente faz 17 anos não precisa fazer um discurso solene sobre os problemas da sexualidade. O que o vosso filho espera é que o ajudem e lhe respondam quando vos interroga. Não querem respostas quando não vos perguntaram nada. Descansem. Acabou o tempo em que as raparigas pensavam poder engravidar dando um beijo na boca.

Os adolescentes sabem geralmente mais de sexo do que se pensa. Sabem tanto sobre a anatomia dos órgãos genitais, como sobre as respostas sexuais, a contracepção e as doenças sexualmente transmitidas.

Os jovens recebem uma educação sexual na escola, consultam livros realizados por especialistas e a eles dirigidos, escutam emissões de rádio e de televisão sobre sexualidade para jovens. As raparigas, mesmos as menores de idade, podem consultar um ginecologista num centro de planeamento familiar sem necessitarem da sua autorização.

Em vez das aborrecidas, enfadonhas e desenquadradas conversas, os pais podem lembrar estes diferentes meios de informação e esperar as questões.

A saber: trazer para casa deixando, por exemplo, sobre a mesa de referições, um folheto informativo que encontrou na sala de espera do seu ginecologista ou um artigo tratando da sexualidade dos jovens.

E se o vosso filho lhe conta a experiência desastrosa de um dos seus colegas, ouça-o, procure compreender o problema e disponibilize-se para lhe dar um conselho, se esse amigo o necessitar. Assim terá a cumplicidade do seu filho e ele sentir-se-á compreendido e apoiado se tiver algum problema ou alguma dúvida.

Aproveite um filme visto em conjunto para falarem de temas que dizem respeito aos jovens e assim conhecerá os seus temores, as suas dúvidas e o seu grau de informação.

Os jovens guardam para si mesmos pormenores da sua vida amorosa que só a eles interessam (tal como a dos pais só interessa aos pais). Mas que fazer quando os filhos pedem para a namorada/o dormir lá em casa? Cabe aos pais decidir de acordo com os seus valores. Falem com o jovem e exponham o vosso ponto de vista. Se o jovem pede autorização é porque não se sente autónomo e respeitará a vossa decisão.

Estimule o poder de sedução

Os jovens sabem muito no plano teórico e técnico. Contudo, são pouco instruídos face às novas emoções que os submergem. Como estar certo dos seus sentimentos? Como saber se é aquela ou aquele o amor da sua vida. Como responder quando alguém lhes declara o seu amor?

Dúvidas que se lhes colocam mais cedo ou mais tarde. Mas se o vosso filho não os confrontarem com estas questões não se inquietem. Os amigos estão lá para isso. Os pais podem pelo menos reassegurar-lhe o seu poder de sedução, ajudá-lo a compreender e a aceitar as transformações do seu corpo.

Extremamente pudicos, o adolescente detesta que lhe façam reparos ou que lhe dêem sermões demasiado directos. Mas, por outro lado, nada vos impede de dizer que acredita nos seus amigos e que eles são belos jovens. Pode felicitá-lo pelo seu novo corte de cabelo. Ou dizer que a filha de uma amiga o achou muito bonito, apesar de ele não se interessar por ela.

O cumprimento dá sempre prazer. Ou dizer-lhe que o novo fato lhe fica bem. E pouco importa se ele não liga; como a maioria dos adolescentes o importante é que a mensagem passe tantas vezes até que ele acabe também por aceitar o corpo que é o seu. Assim contribui para aumentar a sua auto-estima. Lembre-se que os pais são os primeiros espelhos dos filhos.

Mas não é preciso exagerar.

Não é preciso dizer que é sempre o melhor em tudo. Nem adoptar a sua linguagem ou o seu comportamento. Um adolescente tem necessidade de se avaliar no meio dos jovens da sua idade e de ser aceite para se sentir bem. Mas tem necessidade dos pais para o guiar. Tem necessidade de pais que se amem entre si e que demostrem a sua ternura, permitindo aos jovens reverem-se no futuro também como pais.

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TESTEMUNHOS

João, 40 anos, pai de Diogo, 18 anos
“Logo que o meu filho me perguntou se a sua namorada podia dormir lá em casa eu pensei que era altura de lhe falar de adulto para adulto. Nem sabia como começar. Comecei por lhe dizer que se eu autorizasse a sua amiga a passar a noite lá em casa o que é que ía acontecer entre eles? E ele desatou a rir e respondeu-me que já tinha acontecido. Contou-me a novidade.

Depois disto nunca mais falámos da sua vida privada até ao dia em que acabou o namoro com a Maria. Desta vez foi ele que me procurou para falar. Ele tinha necessidade de mim no momento em que eu menos esperava!”

Sofia, 34, anos, mãe de Ana, 14 de anos
“Eu quis que a minha filha tivesse uma experiência diferente da minha. A primeira vez que tive as regras, fiquei aflita porque ninguém me tinha falado disso antes. E eu quis poupar a minha filha a esta penosa experiência. Logo que fez dez anos, expliquei-lhe como funciona o corpo de uma mulher, aproveitando a ocasião em que ela me falou das dores de barriga de uma colega.

Até agora ela confessava-me tudo facilmente, mas aos 14 anos tornou-se mais reservada. Faz-me perguntas sobre a maquilhagem, os perfumes. Pergunta-me como conheci o pai, se nos amámos sempre, qual é a minha melhor recordação com ele. Ela espera que eu a reassegure da sua feminilidade, e procura perceber os valores da família.”

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