A influência do frio sobre a saúde e as doenças.

Para entender melhor a influência do frio sobre a saúde, podemos analisar como é que o corpo reage tanto na saúde como em algumas doenças.

A fisiologia da alimentação no frio

Durante as estações de clima quente, o corpo tende a gastar menos energia na manutenção da temperatura corporal; mas, no inverno, há um grande dispêndio de energia para produzir calor e manter uma temperatura corporal dentro dos valores normais. É por isso que nos dias frios sentimos maior necessidade de alimentos com alto teor de calorias, como doces, mel, chocolate, massas e gorduras.

O apetite é mais voraz, temos necessidade de alimentos mais energéticos, em quantidades maiores ou intervalos menores. Alguns dos responsáveis por essas mudanças no nosso apetite são a insulina e o glucagon, hormonas que fazem o controlo da nossa taxa de açúcar no sangue. Também há um delicado mecanismo cerebral de controlo da temperatura corporal.

Se o nosso corpo precisa de aumentar a temperatura, o cérebro emite comandos para os músculos, fazendo contrações involuntárias que produzem calor. Já viu alguém “a tremer de frio”? No verão, as nossas necessidades fisiológicas são outras. Há pouco dispêndio de energia para a manutenção da temperatura corporal, e pode até ser necessário perder líquidos através da transpiração, a fim de manter a temperatura nos limites ideais. Isso faz com que sintamos mais sede, ingerindo água e outros líquidos com maior frequência.

Na transpiração perdemos sal, e precisamos de ingerir uma maior quantidade. Nesse mecanismo também interferem algumas hormonas, sendo a renina a principal. Se a nossa urina está escura, de um amarelo mais intenso, isso pode significar que estamos com pouco líquido no organismo.

Fique atento à cor da sua urina, pois ela é o melhor indicador do seu estado de hidratação. Se estiver escura, procure beber mais líquidos. No inverno, os dias são mais curtos e isso parece afetar a nossa glândula pineal, que, segundo muitos pesquisadores, é sensível à luz. Dessa forma, as suas hormonas seriam mais abundantes nos dias longos de verão e menos nos dias curtos do inverno.

Podemos resumir assim: no inverno temos maior necessidade de alimentos calóricos, como doces, massas e gorduras; no verão temos maior necessidade de líquidos e sal. Os sumos e as frutas devem ser usados mais frequentemente.

Gripes e constipações

O frio tem um efeito direto sobre os vasos sanguíneos, fazendo com que fiquem mais contraídos, transportando assim menor quantidade de sangue para os tecidos. As vias respiratórias altas, compreendidas pelo nariz, seios perinasais e garganta, sofrem muito com o frio. Esse é um dos motivos pelos quais as pessoas adoecem mais com gripes, constipações e sinusites no inverno.

Outro fator importante é que no frio os ambientes permanecem mais fechados, o ar fica “viciado”, ou seja, há pouca circulação, e isso facilita a transmissão de doenças entre as pessoas. Nos meses de inverno, é preciso redobrar os cuidados quando se tem em casa alguém doente. É importante evitar o contacto, mas nem sempre é possível. Além disso, o vírus da gripe tem a capacidade de ir mudando com o tempo.

O nosso sistema de defesa consegue guardar na memória imunológica as informações para combater prontamente os vírus com os quais já tivemos contacto. No entanto, após algumas transformações, o vírus já não é reconhecido, podendo levar o indivíduo a adoecer novamente. A vacina contra a gripe é de especial ajuda, podendo e devendo ser usada sempre que possível. Mas é preciso repeti-la uma vez por ano.

Sinusites

O inverno pode ser um período de grande dificuldade para os doentes com sinusite de repetição. O frio faz com que o batimento ciliar das mucosas seja mais lento, além de diminuir a
circulação, reduzindo a resistência local. O clima mais seco facilita uma maior quantidade de partículas em suspensão no ar. Como essas pessoas possuem, com frequência, alergia a algum fator do ambiente, devem ser tomados todos os cuidados para afastar esses fatores desencadeantes. Muitas pessoas sentem-se beneficiadas com humidificadores de ambiente ou simplesmente ao colocarem uma vasilha com água no quarto de dormir.

Laringite estridulosa

Há algumas doenças típicas do frio, ou seja, ocorrem principalmente quando há uma mudança brusca de temperatura. A laringite estridulosa é uma delas. Produz uma tosse rouca conhecida como “tosse de cão”. Ela vem com a frente fria e geralmente tem o seu início de madrugada, quando a temperatura ambiente cai de forma mais intensa. Afeta as crianças mais pequenas, entre 1 a 5 anos.
Algumas crianças repetem as crises com muita facilidade. Uma forma de minimizar esse problema é manter a criança bem agasalhada. Deve evitar-se ao máximo que o quarto arrefeça de madrugada, mantendo as janelas e portas fechadas. Inalações aquecidas, produzidas por inaladores ultrassónicos, ajudam a prevenir esse quadro. Nas crises mais
fortes, há o risco de a criança ficar asfixiada, e deve ser sempre consultada por um médico nas urgências.

Bebé com pieira

Certas crianças têm uma predisposição especial para terem bronco-espasmos, que se manifestam por respiração rápida e superficial, pieira e sibilos pulmonares. O quadro clínico é muito semelhante ao da asma alérgica, diferenciando-se dela por serem desencadeados pela mudança de temperatura, entre outros fatores. Esses quadros podem
ter vários fatores desencadeantes, como gripe, alergia a alimentos, poeira, mofo e medicamentos. Essas crianças tendem a piorar muito no inverno.

Pneumonia

A pneumonia é mais frequente e mais grave no inverno. Ela ocorre em todas as idades, mas as crianças pequenas e os idosos são mais suscetíveis a complicações. A melhor forma de evitar a pneumonia é tratar bem as gripes. Isso faz-se mantendo as vias aéreas superiores limpas e desobstruídas, lavadas com soro fisiológico ou similar. É importante manter o paciente bem hidratado, oferecendo líquidos e sumos, principalmente os de frutas ácidas, por trazerem uma boa quantidade de vitamina C.

Fenómenos vasculares

No inverno, algumas pessoas ficam com as extremidades (dedos das mãos e dos pés) arroxeados e com pouca circulação de sangue. Acompanham dor e falta de sensibilidade, o que facilita ferimentos. Esse quadro é conhecido como “Síndroma de Raynaud”. Pode estar associado a doenças autoimunes. Manter as extremidades sempre bem aquecidas é fundamental. Às vezes, é necessário manter os dedos em água morna durante algum tempo para que a circulação possa voltar.

Dermatites do frio

A pele também sofre com o frio, ficando mais fina, seca e áspera. São mais frequentes as fissuras labiais. Para evitar que o quadro se agrave, é preciso que os banhos sejam mais rápidos, com água não muito quente, e evitar o uso demorado de sabonetes ou produtos que retirem a oleosidade natural da pele. O uso de cremes hidratantes suaves ajuda. Para as fissuras labiais, recomenda-se o uso de manteiga de cacau, que previne e serve de bom remédio.

Outras medidas preventivas a ter em conta:

  1. Proteja-se da exposição indevida ao frio. O uso de roupas adequadas que protejam as extremidades do corpo, mantendo o calor, é o primeiro passo. Muitas vezes aquecemos a parte superior do corpo, o que é correto, mas as extremidades não recebem a mesma atenção. Se tem a tendência de ter as extremidades frias, aumente a eficiência circulatória fazendo mais exercícios. As crianças, principalmente, devem ser protegidas do frio, tanto nos pés como nas mãos.
  2. Evite as correntes de ar frio no quarto de dormir, mas não feche todas as frestas possíveis. Esse hábito impede a renovação de ar puro indispensável à oxigenação. É justamente esse medo de ar fresco que nos torna vulneráveis a qualquer variação de temperatura.
  3. Aumente a sua capacidade de enfrentar o frio, “vacinando-se” através da exposição controlada ao frio, como duches frios, inicialmente rápidos, após o banho quente. Depois, aumente o tempo de banho frio à medida que se for acostumando. Muitas pessoas predispostas a bronquites têm melhorado apenas com essas medidas.
  4. Fortaleça o organismo, exercitando-se. O exercício físico tem a função de aumentar a produção de calor pelo corpo e de equilibrar a circulação.
  5. Uma boa alimentação desempenha um papel importante na prevenção contra doenças. No inverno, coma alimentos mais calóricos, sem negligenciar os alimentos ricos em vitaminas e sais minerais que protegem contra infeções. As frutas devem fazer parte da dieta do inverno, e não apenas os alimentos mais “quentes”.
  6. Abstenha-se de produtos nocivos, como o cigarro, as bebidas alcoólicas e as drogas. Com certeza ficará mais resistente para não se preocupar em demasia com as intempéries do inverno.
  7. A higiene pessoal é importante em todas as épocas, mas especialmente oportuna quando estamos com a imunidade diminuída. Cuide-se.
  8. Evite o contacto íntimo e direto com pessoas doentes, principalmente com doenças infecto-contagiosas. Os micro-organismos são veiculados pelo ar, e as gotículas de vapor são eliminadas pelos pulmões através da tosse e do espirro.
Fonte: saudelar.com

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