A mastectomia preventiva e o seu impacto

Sabe o que é a mastectomia preventiva?

O câncer (cancro) de mama é o segundo tipo de cancro mais frequente em todo o mundo e o primeiro quando se trata de mulheres.

A cirurgia de mastectomia preventiva é uma espécie de vazamento do seio, ou seja, a retirada da região interna da mama, mais concretamente a glândula mamária juntamente com os ductos mamários, sendo estas as zonas nas quais é mais comum surgir a formação de um tumor.

É um fato que o histórico familiar da doença é um fator de risco verificado e concreto a ter em conta, isso deve-se a que os registos apontam que entre 5 e 10% de todos os casos existe uma herança de mutações genéticas onde no mínimo 50% desses casos hereditários, resultam de mutações nos genes de penetrância BRCA 1/2 e p53, geralmente denominados como supressores de tumores.

O mapeamento genético tem vindo a ser muito utilizado na detecção destas mutações com a intençao de preservar a qualidade de vida das pessoas, principalmente, tendo em conta as elevadas hipóteses do desenvolvimento desta doença, que pode chegar a ser mortal.

Tendo em conta as mutações constatadas, podem ser tomadas algumas atitudes estratégicas para reduzir os riscos do cancro de mama. Uma das alternativas mais usadas e mais eficazes é mesmo a mastectomia preventiva, que, apesar de ser considerada uma técnica de caráter muito agressivo, mutilante e traumatizante para a vida, saúde e auto-estima da mulher, tem sido muito usada em mulheres com histórico familiar que se submeteram ao mapeamento genético onde foram identificadas mutações nesses genes.

Importância do histórico familiar da doença.

A elevada taxa de mortalidade deve-se ao fato da doença ser muitas vezes diagnosticada quando já se encontra em estágio avançado. O desenvolvimento do cancro de mama pode ser facilitado por fatores externos, como o estilo de vida ou fatores emocionais, assim como por fatores internos – de predisposição hereditária ou dependente da constituição hormonal.

O histórico familiar da doença é, certamente, um fator de risco bem estabelecido, tendo como característica o acometimento de mulheres ainda muito jovens, onde esse histórico familiar está associada a um aumento de aproximadamente duas a três vezes no risco de desenvolver essa neoplasia.

Estudos apontam que mulheres que apresentem mutações no gene BRCA 1, apresentam risco de 50 a 80% para o desenvolvimento de câncer de mama até os 70 anos. Risco muito semelhante correm os portadores de mutações no gene BRCA 2, porém, em idade mais avançada.

mastectomia preventiva

Existem pré-requisitos para esta cirurgia?

Não existem pré-requisitos obrigatórios para a mastectomia preventiva, ela é recomendada a quem possuir um risco elevado de cancro de mama. Todavia, regra geral os médicos apenas costumam recomendar a mastectomia preventiva às mulheres que já tenham tido todos os filhos que gostaria.

Isso deve-se ao fato de que após a cirurgia a mulher não vai voltar a ter condições de amamentar, visto que na cirurgia são removidas as glândulas mamárias.

Sempre deve ser tido em conta uma recomendação, nos casos em que a pessoa tenha algum parente de primeiro grau tenha sido afetado por esta doença, o ideal é que a mastectomia preventiva seja efetuada antes de atingir a mesma idade que tinha o seu parente quando sofreu câncer de mama. Um exemplo: se a mãe ou irmã da paciente foi acometida por um cancro de mama aos 40 anos, o ideal é a paciente faça uma mastectomia antes de chegar a essa idade, garantindo a assim prevenção efetiva.

A quem não é recomendado fazer a cirurgia de mastectomia preventiva?

A restrição de uma cirurgia só pode ser feita por um médico e levando em conta diversos fatores do historial clinico do paciente. Pessoas que tenham maior risco de pós-operatório, como fumadores, mulheres com obesidade e dificuldades e limitações, como diabetes e hipertensão, tem determinadas ressalvas para a realização da mastectomia preventiva, podendo chegar a ser contra indicada em determinados casos.

Coném sempre ter em conta que no momento de fazer a opção pela cirurgia deve ser muito ponderada por parte da mulher e acompanhada de muito diálogo com o médico, com a finalidade de saber se é a opção certa e o tempo certo para o fazer.  Já nos casos do cancro do ovário como é muito difícil fazer um diagnóstico atempado já se torna mais prudente avançar para uma remoção dos órgãos, sobretudo a partir do momento em que a mulher não pretende ter mais filhos.

realização da mastectomia

O mapeamento genético pode ajudar a prevenir.

O mapeamento genético tem vindo a ser cada vez mais usado para detectar estas mutações, sendo essencial para a determinação de novos tipos de conduta e abordagens para a prevenção do cancro de mama em mulheres (que tenham um histórico familiar forte), visando preservar a qualidade de vida destas.

Quando são constatadas mutações nos genes BRCA 1/2 e p53, o acompanhamento regular, a adoção de um estilo de vida saudável e a quimio prevenção, podem ser medidas profiláticas a ser tomadas. Quando a intenção é assegurar maior eficácia a alternativa mais eficaz e mais utilizada é a mastectomia preventiva.

Apesar de ser considerada uma técnica verdadeiramente extrema que resulta em alteração na imagem corporal, identidade e autoestima da pessoa, que pode chegar a despontar sintomas de depressão e ansiedade, estudos comprovaram que grande parte das mulheres que realizaram a cirurgia profilática, não
apresentaram alterações significativas em relação a sua autoestima, à satisfação com a aparência, à sensação de feminilidade, e em relação ao estresse e estabilidade emocional.

Esse fato poderá dever-se ao fato das cirurgias que se fazem atualmente terem a particularidade de apresentar bons resultados estéticos, como por exemplo a preservação do mamilo, assim como a possibilidade de implantes de silicone, onde a aparência pós-operatória é bastante similar a pré-operatória.

Tendo em conta todos estes fatos, e prevendo a qualidade de vida, a mastectomia preventiva pode ser considerada uma alternativa viável para pessoas que apresentem mutações nos genes BRCA 1/2 e p53, que possuam uma alta probabilidade de aparecimento do câncer de mama, visto que, o desenvolvimento efetivo do cancro e todas as implicações relacionadas a ele podem vir a ser bastante mais prejudiciais que o procedimento preventivo.

Na atualidade, com as técnicas inovadoras que existem, os danos estéticos são bastante minimizados em relação a necessidade cirúrgica após o desenvolvimento do câncer. Embora a mastectomia preventiva não elimine por completo a possibilidade do surgimento do cancro, ela pode ajudar a reduzir as probabilidades em valores que podem chegar aos 90%, comparando a pessoa às não portadores de mutações genéticas.

A mastectomia preventiva tem sempre um impacto na vida da pessoa, mas pode salvar-lhe a vida!

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