Prevenir o cancro do colo do útero, infecções por HVP
No nosso país a taxa de incidência do cancro do colo do útero é de cerca de 23 casos para cada 100 mil mulheres, tendo causado, nos últimos anos a morte de milhares de mulheres.
Este é na realidade um número bastante acima da média europeia o que, segundo os especialistas, se deve à ausência ou ineficácia de programas organizados de rastreio. O principal responsável pela doença de cancro do colo do útero é o papilomavírus humano (HPV), um vírus que não é possível tratar.
O HPV é um vírus bastante frequente nos humanos, sendo responsável pela formação de lesões chamadas papilomas. Alguns tipos de HPV podem infectar a área anogenital, mas outros tipos podem infectam áreas como os pés ou as mãos, onde podem vir a originar verrugas ou “cravos”.
A infeção de HPV tem um período de latência bastante prolongado (anos ou décadas entre o início da infeção e o desenvolvimento de tumores) passando nesse prazo por diversas fases. Actualmente existem mais de 200 tipos de HPV identificados dos quais aproximadamente 40 infectam, preferencialmente, o sistema anogenital.
Este é um vírus que se pode transmitir de diversas formas, porém “a forma mais vulgar de transmissão é através das relações sexuais”, segundo afirma o Dr. Daniel Pereira da Silva, director do Serviço de Ginecologia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra.
A maior parte dos casos de infecção pelo HPV são assintomáticas e latentes, o que vem a fazer com que a mulher doente não apresente queixas. Ao não notar sintomas alarmantes, a mulher permite que este estado se possa prolongar desde várias semanas a vários anos, não sendo possível detectar qualquer indício de contágio mesmo em exames ginecológicos de rotina.
O papilomavírus humano HPV provoca frequentemente uma infeção silenciosa em que muitos dos infetados não têm sintomas nem sinais. Por vezes, as verrugas estão presentes mas não visíveis por se encontrarem numa parte interna do corpo, ou por serem muito pequenas.
O papilomavírus humano HPV tem diversas variantes, sendo os sub-tipos 16 e 18 os mais malignos, sendo capazes de se integrar nas células do colo do útero transformando-as em células cancerosas e pré-cancerosas. Apesar de ser um facto que a presença do HPV pareça ser fundamental para o desenvolvimento deste tipo de cancro, são também necessários outros co-factores para que o cancro se desenvolva, sendo os principais a promiscuidade sexual, consumo de tabaco, inflamações crónicas e outras situações que possam conduzir a uma perda das defesas imunológicas da mulher. Na realidade estes co-factores podem mesmo ter um papel decisivo no aparecimento da doença.
As infecções por HVP ocorrem com mais frequência abaixo dos 40 anos, coincidindo com a fase da maior actividade sexual. Estima-se que cerca de 50 por cento das mulheres abaixo dos 40 anos já sofreram o contacto com o vírus. Contudo, apenas 5% destas vão acabar por desenvolver lesões, uma vez que o sistema imunitário da mulher resolve o problema no resto dos casos.
Na actualidade as lesões cancerosas provocadas pelo vírus HVP possuem uma taxa de cura bastante considerável. Segundo o Dr. Daniel Pereira da Silva, “cerca de 80% dos casos podem ser sujeitos a cirurgia e outros tratamentos conservadores, desde que o diagnóstico seja precoce; desta forma as mortes por cancro do colo do útero poderão ser evitadas”.
Ainda segundo este especialista, “não é possível oferecer à mulher nada em termos de tratamento, apenas vigilância para que ela não venha a ter uma lesão mais grave. Existem vários tratamentos em fase de investigação, entre eles vacinas mais eficazes, que poderão prevenir as manifestações da doença relacionadas com o HPV”.
Como se detecta a infeção por HPV?
Realizar o teste de Papanicolau com regularidade permite identificar alterações precoces das células do colo, permitindo dessa forma o seu diagnóstico, tratamento e vigilância. Este tipo de exame citológico de rotina é uma ferramenta de rastreio muito importante que nenhuma mulher deve evitar, visto não existir meios de saber previamente em que pessoas o vírus vai persistir e evoluir para cancro. Se este tipo de alterações não forem identificadas de forma precoce, existe a possibilidade de estas virem a evoluir para lesões mais graves e, eventualmente, para cancro do colo do útero.
O teste do HPV-DNA, que possibilita a caracterização genética do vírus, está disponível em Portugal, mas não faz parte de um rastreio regular. Este teste mais específico pode estar recomendado em situações de alterações do colo, detectadas pelo teste de rastreio.
Lembre-se que a vacinação e o rastreio, são ferramentas de prevenção muito úteis que todas as mulheres devem considerar nos prazos oportunos.
Prevenir o cancro do colo do útero está nas suas mãos!
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