Nutrição funcional, uma dieta feita à sua medida

A nutrição funcional não é mais do que qualquer abordagem nutricional deveria ser: personalizada e preventiva, tendo como ferramenta mais importante os próprios alimentos e os seus nutrientes. Afinal, o que faz bem a alguns não faz, necessariamente, bem a todos.

Já se questionou porque é que duas pessoas que fazem a mesma alimentação podem ter resultados diferentes? Porque é que um determinado alimento pode fazer bem a um indivíduo mas a outro não? Isto acontece porque todos nós temos perfis genéticos e metabólicos diferentes, ou seja, cada um de nós possui uma forma única de processar os alimentos.

Ora, a premissa da nutrição funcional é a de que as células, tal como os alimentos, são formadas por nutrientes. E que para pôr o metabolismo a funcionar através deles basta recorrer a um plano alimentar, desenhado à medida. Por isso, a nutrição funcional não se limita à prescrição de dietas de alimentos tidos como saudáveis e ao controlo do aporte de calorias. Este tipo de alimentação é personalizado, preventivo e quando já existe algum sintoma ou doença presentes procura conhecer as suas causas para ajudar a ultrapassá-los através dos alimentos e constituintes certos.

Nutrição funcional

A dieta e nutrição atuais podem ser mais do que apenas consumo de alimentos para satisfazer as necessidades nutricionais do organismo. Hoje, com base na evolução da ciência nutricional, sabe-se que os alimentos, a forma como são produzidos e confecionados, o modo como são combinados numa refeição ou mesmo as horas a que são ingeridos interferem na nossa saúde e no funcionamento do nosso organismo. Daniela Seabra, nutricionista funcional explica-nos que “a nutrição funcional, mais do que um tipo de alimentação, é uma forma mais abrangente de entender o organismo, que usa a nutrição e a alimentação como meio de otimizar o funcionamento hormonal, metabólico, imunitário, inflamatório, a modulação da expressão genética, e não apenas como fornecedores de nutrientes e de calorias”.

Aqui cada nutriente conta não só no intuito de livrar o corpo de doenças como para alcançar um organismo que funciona no seu máximo potencial e bem-estar, pois como a nutricionista sublinha, “a cada alimento ingerido podemos estar a favorecer, a evitar ou a agravar a grande maioria das doenças crónicas atuais. Os alimentos são sem dúvida a ferramenta mais poderosa que possuímos”.

Para além de otimizar o desenvolvimento e melhorar o rendimento físico e mental, o funcionamento hormonal, imunitário, intestinal, cerebral e os níveis de energia, a nutrição funcional vê o corpo como um todo e em caso de doença “procura entender quais os sistemas que deixaram de funcionar adequadamente, tentando perceber o que naquele individuo condicionou o desenvolvimento de uma determinada doença crónica”, revela a especialista.

 

Conheça o seu organismo

Considerada por muitos como a nutrição do século XXI, a nutrição funcional permite a cada pessoa ter um programa alimentar específico, em conformidade com as suas especificidades físicas e genéticas. Mas para que isso possa acontecer é necessário conhecer o organismo de cada um e o tipo de alimentos que consome, quando e como os ingere.

Cada pessoa tem uma individualidade bioquímica – o que faz bem a uma pode não fazer a outra. Por esse motivo, é necessário fazer um levantamento completo dos sintomas físicos e emocionais, da história familiar, dos hábitos alimentares e, através da realização de análises, identificar as características bioquímicas, metabólicas e genéticas de cada indivíduo. Todas estas informações são importantes para assegurar a oferta de nutrientes em quantidade adequada e em equilíbrio ao organismo, evitando, assim, carências nutricionais e o desenvolvimento de doenças.

 

De acordo com Daniela Seabra, “é fundamental saber quem é o individuo que tem uma determinada doença (quais os seus antecedentes, o que desencadeou o diagnóstico, quais os comportamentos que estão a manter ou agravar o desenvolvimento de uma determinada patologia), trabalhando de forma individualizada e tentando reverter as alterações que condicionaram o desenvolvimento de uma determinada patologia, ou modulando-os de forma a diminuir a intensidade com que os sintomas se manifestam – como por exemplo, a implementação de uma alimentação mais anti-inflamatória no caso das doenças crónicas inflamatórias”.

 

Aposte nos alimentos “verdadeiros”

Na nutrição funcional todos os alimentos são permitidos desde que sejam alimentos verdadeiros e não haja qualquer contraindicação individual. Ou seja, os produtos processados, com ingredientes difíceis de pronunciar, devem ser totalmente excluídos da dieta, dando preferência aos alimentos de origem biológica. Daniela Seabra explica-nos que “alguns alimentos são manifestamente pró-inflamatórios (como o açúcar ou as gorduras trans), pelo que devem ser evitados, em especial no caso das doenças crónicas inflamatórias”.

Como estão repletos de aditivos, os produtos alimentares industrializados podem sobrecarregar o organismo e prejudicar o seu funcionamento, “alterando a forma como as nossas hormonas comunicam entre si, ou mesmo bloqueando a expressão genética e a ação de enzimas fundamentais para o adequado funcionamento do nosso organismo”, sublinha.

Se quiser adotar este tipo de alimentação, a primeira regra a seguir passa por manter uma adequada hidratação, comer os chamados alimentos verdadeiros e idealmente de origem biológica, abandonando os alimentos alterados pela indústria alimentar e introduzindo alimentos fermentados que favorecem o microbioma intestinal.

Para além disso, “cozinhar com temperaturas moderadas, escolhendo as gorduras mais saudáveis e tendo em atenção os materiais usados na confeção dos alimentos para evitar a ingestão de metais pesados ou de compostos capazes de alterar a nossa comunicação hormonal, são algumas recomendações que devem ser seguidas por todos”, aconselha a nutricionista funcional, salientando que todas as outras indicações são individualizadas, de forma a garantir o aporte adequado dos diferentes nutrientes.

A nutrição funcional não se destina apenas a quem está doente ou necessita de perder peso, mas também a todos os que se preocupam com a sua saúde. Afinal, só através de uma alimentação correta, isto é, que tenha em conta a individualidade de cada pessoa, é que se consegue restaurar e otimizar o funcionamento do organismo, prevenindo o aparecimento de doenças e assegurando uma boa qualidade de vida.

Fonte: Daniela Seabra, nutricionista funcional

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