Sete dietas da moda aos olhos de uma nutricionista

As dietas da moda ocultam informação que é importante esclarecer.

Dietas que prometem perder cinco quilos numa semana ou cujo cartão-de-visita é terem sido seguidas por várias estrelas de cinema podem não ser as melhores opções. Uma dieta deve, por definição, ser saudável e, perder quilos a todo o custo, pode implicar perder também alguma saúde e provocar desequilíbrios no organismo. Veja a avaliação a sete das dietas da moda feita pelos olhos de uma nutricionista, antes de se decidir fazer alguma.

 

1- Dieta do ananás

O ananás é apresentado como um fruto eficaz quando se trata de perder peso porque é diurético, ajudando a não reter líquidos nem gordura além de favorecer a produção de enzimas, o que acelera o metabolismo do organismo. A dieta do ananás é um regime alimentar baixo em calorias que costuma ser seguido durante um período curto de tempo (nunca mais de um mês). Ao lanche e a meio da manhã apenas é permitido o consumo de ananás e água, ao almoço e jantar além do ananás devem comer-se outros alimentos magros como outras frutas e legumes e peixe ou carne.

 

Comentário de Vera Baldeira, nutricionista:
O ananás tem muitas propriedades benéficas que ajudam na perda de peso e na eliminação de líquidos, é descongestionante, depurativo e digestivo. A dieta do ananás é uma dieta restritiva, monótona e hipocalórica que acaba por permitir a perda de peso. Esta dieta pode causar algumas carências nutricionais, para além disso como é uma fruta ácida, pode trazer complicações ao nível do estômago e boca. O consumo exagerado de fruta (frutose), neste caso do ananás, pode causar um aumento rápido dos níveis de glicose no sangue, provocando aquilo que se chama stress oxidativo (responsável pelo envelhecimento precoce e pelo aparecimento de doenças degenerativas). O ananás tem inúmeras propriedades e benefícios nutricionais e deve ser inserido numa prática alimentar equilibrada e adequada a cada indivíduo e não de restrição.

 

2- Dieta Líquida

Há inúmeras versões desta dieta e, uma vez mais, muitas estrelas de Hollywood dão a cara por ela. Como fica claro pelo nome, a Dieta Líquida consiste em substituir, por alguns dias (cerca de cinco) as refeições normais por uma dieta composta por alimentos líquidos: sumos, sopas e batidos. É apresentada como uma dieta para perda rápida de peso e como desintoxicante do organismo que além disso melhora o funcionamento do intestino. Os resultados apregoados são 3 a 4 quilos a menos em 5 dias.

 

Comentário de Vera Baldeira, nutricionista:
É considerada uma dieta restritiva, tendo como objetivo não ultrapassar as 1000 calorias de ingestão calórica, o que pode fazer com que o organismo não trabalhe a 100%, causando fraqueza, mau humor e um fraco desempenho cognitivo. Contém alimentos dos principais grupos alimentares, como frutas, legumes, leite e derivados do leite, cereais, sementes oleaginosas. Como o alimento líquido é facilmente digerido, acaba por facilitar a perda de peso, o problema é que como existe restrição à mastigação, acaba por haver menor saciedade.

Não deve ser mantida por mais do que cinco dias, pois pode causar carências nutritivas graves, colocando em risco a saúde. Por outro lado, passar este prazo pode ter o efeito oposto, alterando o metabolismo tornando-o mais lento e quando isso acontece o corpo começa a armazenar gordura. Esta privação de alimentos faz com que quando voltamos a comer normalmente, o nosso organismo acostumado à privação, armazena tudo o que é consumido com muita intensidade, promovendo o aumento do peso.

Pode ser vista como uma forma de desintoxicação, mas depois desta dieta deve de haver uma alimentação equilibrada e mais saudável, pois a perda de peso pode ser rápida mas não é duradora.

 

3- Dieta South Beach

Foi criada inicialmente por um cardiologista americano para redução do colesterol e dos triglicéridos mas, como os pacientes perdiam peso, rapidamente começou a ser usada como dieta de emagrecimento nas praias de Miami. Tal como a dieta Atkins, é feita sobretudo à base da restrição de hidratos de carbono considerados “maus” como o pão branco, a batata e o arroz branco. Está dividida em três fases: a primeira que dura cerca de duas semanas é a mais restritiva, a segunda na qual já se reintroduzem alguns alimentos como a fruta e hidratos de carbono “bons” como o arroz e a massa integrais e, a terceira, de manutenção em que mais alimentos adicionados com moderação.

 

Comentário de Vera Baldeira, nutricionista:
É uma dieta com aspectos positivos, pois existe a preocupação de eliminar alimentos menos saudáveis como os hidratos de carbono simples e as gorduras saturadas. Permite o consumo de frutas e legumes e ao contrário de outras dietas não existe um consumo ilimitado de proteína, apesar haver uma sobrecarga proteica.
É menos rígida, considera a ingestão de todos os grupos alimentares promovendo os mais saudáveis, com a desvantagem de na primeira fase existir total restrição de hidratos carbono, incluindo a fruta. Tem a reputação de ser fácil de manter uma vez que estimula a prática de várias refeições por dia e permite comer até que a fome esteja saciada, é claro dentro dos alimentos permitidos.

4- Dieta Detox

Tem “versões” que legam diminuir três quilos numa semana e outras os mesmos três quilos em 15 dias. Mas em qualquer das muitas versões existentes é apresentada como mais do que uma dieta. A Detox é anunciada como uma forma de limpeza do organismo, que elimina toxinas que prejudicam o funcionamento do corpo no seu tempo, fortalece a imunidade e deixa a pele e cabelo mais bonitos. Passa por eliminar alimentos que são considerados inflamatórios como as proteínas de carnes vermelhas, o glúten, os lacticínios e o açúcar e privilegiar alimentos ricos em zinco, vitaminas e antioxidantes como brócolos, alho e limão, promovendo assim a desintoxicação do organismo.

Comentário de Vera Baldeira, nutricionista:

Esta dieta desintoxicante, não tem como objetivo principal a perda de peso, mas sim ajudar na eliminação de substâncias nocivas que se vão acumulando no nosso organismo, principalmente no fígado e intestino. Pode ser uma forma de restaurar o equilíbrio do organismo, ajudando desta forma no tratamento de doenças metabólicas como é o caso da obesidade. Esta dieta deve de ser feita de acordo com o organismo de cada indivíduo, não deve de ser feita sem a orientação de um nutricionista.

Esta dieta aposta em alimentos naturais, exclui os alimentos industrializados e aqueles com alto potencial alergênico, como laticínios, leite de soja, glúten (trigo), cereais refinados, açúcar, adoçantes, corantes, conservantes, café e álcool.

Essa dieta, como já foi dito, não tem o objetivo de fazer com que as pessoas percam muito peso em pouco tempo, mas de melhorar a saúde, a perda de peso pode ser uma consequência. Para manter ou perder mais peso, o ideal seria elaborar um plano alimentar adaptado às necessidades específicas de cada um.

 

5- Dieta da comida crua

Os seguidores da alimentação crudívora, também chamada de alimentação viva, optam por ingerir apenas alimentos crus e não processados, como frutas, vegetais e legumes, frutos secos, ervas e leguminosas. Os defensores desta dieta afirmam que além de fazer perder peso, aumenta os níveis de energia, previne certas doenças e coloca-o em contacto com o verdadeiro sabor dos alimentos. Quem a faz, não precisa de fogão: os alimentos que não são comidos sem confeção são preparados num desidratador ou no forno, sendo que a temperatura de confeção não pode ultrapassar os 45 graus.

Comentário de Vera Baldeira, nutricionista:
De acordo com os “crudívoros”, as enzimas são a força vital de um alimento, ajudando-nos a digerir o alimento e absorver nutrientes, então, quando cozinhamos os alimentos modificamos essas enzimas, o que com o passar do tempo pode levar a problemas digestivos, deficiência de nutrientes, envelhecimento acelerado e ganho de peso. Mas o que acontece é que o nosso corpo tem enzimas digestivas, e muitas das enzimas vegetais acabam por ser logo destruídas pela acidez do nosso estômago.

De facto quando cozinhamos estamos a alterar o valor nutricional de alguns alimentos como é o caso dos brócolos, em que a vitamina C e os folatos são destruídos pelo calor. No entanto, existem alimentos que têm mais vantagens quando cozinhados, como o tomate que têm mais porção de licopeno do que em cru. Por isso é necessário mais do que tudo saber preparar e cozinhar os alimentos para garantir a qualidade organoléptica dos alimentos e as suas vantagens nutricionais.

Como é uma dieta com menos gorduras saturadas, de baixo teor de sódio e açúcar e rica em fibras e antioxidantes entre outros, pode levar à redução das concentrações plasmáticas de colesterol total e dos triglicéridos. Mas como exclui alimentos de origem animal, carne, ovos, peixe, leite e derivados do leite o que pode causar algumas carências nutricionais, como défice de vitamina B12, ferro, zinco, ómega 3, ácidos gordos. A suplementação com um multivitamínico pode ajudar a prevenir estas deficiências nutricionais, mas comer uma variedade maior de alimentos também pode ajudar.

 

6- Dieta da comida de bebé

O nome diz tudo. Esta dieta consiste em substituir as refeições “normais” por boiões de comida de bebé. Um conjunto impressionante de estrelas de Hollywood já a testou e Jeniffer Aniston afirmou ter perdido três quilos com esta dieta criada pela personal trainer de celebridades Tracy Anderson. O método consiste em ingerir até 14 potes de papinha de bebé de sabores diversos ao longo do dia, sendo que há noite, ao jantar, há lugar para uma refeição “normal” com alimentos de baixo teor calórico. As vantagens apresentadas são as poucas calorias e baixo índice de sódio e gorduras. Além disso, acaba-se com o hábito de comer snacks calóricos como bolachas entre refeições, ao longo do dia.

 

Comentário de Vera Baldeira, nutricionista:

A comida de bebé é acondicionada em pequenos boiões, e isso ajuda a controlar o excesso e as calorias ingeridas. Evita a confecção e com isso a preocupação do que comer às refeições. Mas como o nome indica, são refeições para bebés, feitas a pensar nas suas necessidades nutricionais em diferentes fases do seu crescimento. De modo que há alguns nutrientes em quantidades insuficientes das necessidades diárias de um adulto como é o caso do cálcio e das fibras.

Outro dos problemas é a monotonia deste tipo de dieta no que se refere ao sabor, cheiro e consistência. É importante ter atenção à prática de exercício físico, pois este tipo de dieta pode não ter um consumo calórico diário suficiente para haver perdas com o exercício.

 

7- Dieta do livro “Six weeks to OMG”

Tão famosa como polémica, a dieta criada pelo personal trainer Venice A Fulton recomenda adiar a toma do pequeno almoço para depois do exercício físico, beber muito café e eliminar os pequenos lanches entre as refeições principais. O personnal trainer afirma que comer apenas três vezes por dia faz com que o corpo fique “sem combustível” e seja obrigado a usar a gordura acumulada, emagrecendo-o.
Proíbe ainda grande parte das frutas e sumos naturais já que contêm frutose, um açúcar natural e recomenda banhos frios pela manhã como forma de potenciar o gasto calórico.

Comentário de Vera Baldeira, nutricionista:
É verdade que pela manhã, o nível de açúcar no sangue é mais baixo e isso permite mobilizar a gordura, o problema é que gastar calorias antes de as ingerir pode ser desconfortante e até causar náuseas e tonturas devido à hipoglicémia. A intensidade e a duração do treino físico são determinantes para a perda de peso, quanto ao melhor horário, depende do dia-a-dia de cada um.

Quanto ao café, é um excelente estimulante do sistema nervoso, acelerando o metabolismo, facilitando desta forma a perda de peso. Apesar disso não deve ser utilizado como ferramenta para emagrecer, pois quando ingerido em grandes quantidades diárias pode causar ansiedade, náuseas e irritação no estômago, além de outras.

Quanto à prática de apenas três refeições, pode levar ao oposto e aumentar a necessidade de comer e de serem alimentos mais calóricos. Comer mais vezes ao dia, além de manter o metabolismo acelerado, faz com que se sinta menos fome, consumindo-se menos no final do dia.
Em relação às frutas, é verdade que são ricas em frutose, o seu excesso pode afetar a libertação da leptina, provocando o aumento do apetite. Mas o consumo de fruta deve ser controlado e não suprimido.

 

Por fim, e em jeito de resumo, preste atenção ao seguinte comentário final de Vera Baldeira:

“Dietas restritivas resultam, durante algum tempo, mas e a saúde e o bem-estar? Não existem fórmulas e técnicas milagrosas para perder peso a longo prazo. O segredo é fazer uma alimentação mais saudável e adequada a cada pessoa, fazer exercício físico e ter estilos de vida saudáveis. O segredo está no equilíbrio.”

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