Os Helmintas e os seus efeitos na saúde humana.

Os Platelmitas e os Nematelmintas, abrangidos na designação colectiva de Helmintas, não são exclusivamente parasitas, mas a maior parte deles vive noutros animais, que lhes prestam abrigo.

Supõe-se que Helmintas (parasitas) provieram de formas livres, tornadas “comensais”, isto é, companheiros de mesa, de outros animais.

Os efeitos do parasitismo tanto se manifesta no próprio parasita como no hospedeiro. Uma simples solitária pode reduzir consideravelmente a nutrição do homem; as lombrigas, além de causarem estado doentio, podem dar origem a ataques de urticaria, os ancilóstoma perfuram os tecidos e as paredes dos vasos sanguíneos, provocam hemorragias, e podem ser causa de grave anemia. Trata-se de um grupo de doenças muito comuns em todo o planeta.

As lesões podem dar lugar a graves infecções e constituem porta aberta para a entrada de muitos microrganismos causadores de doenças graves, que, por vezes, se alojam até nos olhos ou no cérebro, nos vasos sanguíneos e nos estreitos canais linfáticos. No caso da obstrução desses, pode dar-se a coagulação da linfa em certas regiões do corpo e o local afectado incha excessivamente, dando lugar a elefantíase.

Os ovos espinhosos de certos Trematódeos do sangue, chistossomas, perfurando as paredes do recto ou da bexiga, podem ser os responsáveis de disenteria e hematúria. Uma infestação profunda de parasitas é sempre prejudicial ao seu hospedeiro, mas uma infecção benigna pode dar-lhe imunidade.

As larvas de muitos parasitas, quando deixam o hospedeiro, têm um período mais ou menos breve em que são mais vulneráveis e, se fosse possível matá-las ou evitá-las, muitas doenças, mais tarde desenvolvidas, poderiam ser evitadas.

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O verme dos mineiros (Ancylostoma duodenale) põe os ovos no intestino do homem, os quais são expulsos com os excrementos e começam a segmentar-se. Se as condições ambientes são favoráveis, passados um ou dois dias de exposição ao ar, desenvolvem-se os embriões, envolvidos por uma cutícula fraca. Passados cerca de 5 dias, as larvas estão em condições de infestar outros mineiros, penetrando, em geral, pela pele.

Helmintas

Depois de uma longa migração através do organismo, podem, ao fim de 10 dias, estar no intestino: introduzirem-se numa veia e são levados na corrente sanguínea até aos pulmões, de onde passam aos brônquios e à traqueia. A irritação causada nesta leva o hospedeiro a tossir e as larvas acabam por vir à boca. Se são engolidas, os ácidos e enzimas do suco digestivo em nada os prejudicam, e depressa passam aos intestinos, onde permanecem.

Para o ciclo vital de alguns parasitas Helmintas é necessário o concurso de dois, três ou mesmo quatro hospedeiros diferentes. Na solitária, Taenia solium, são o porco e o homem. Os ovos, expulsos com os excrementos, transformam-se em larva com seis ganchos (hexacanta).

Quando um porco os ingere, juntamente com a comida, as larvas libertam-se no intestino, atravessam a parede e, entrando na circulação, atingem diversos músculos, onde se transformam em cisticerco. Neste estado de enquistamento permanecem e só poderão desenvolver-se se a carne vier a ser comida mal cozida. Então, o cisticerco atinge o intestino do homem, ao qual se prende a cabeça (escólex) da ténia, que se desenvolverá na cadeia característica de segmento (estróbilo).

Os Trematódeos digenéticos, Fascíola e afins, passam por uma sucessão de formas larvares – miracídio, esporocisto, rédia e cercaria – que parasitam em geral os tecidos de moluscos de água doce, onde se multiplicam por reprodução assexuada. Grandes quantidades de larvas com cauda (cercaria) procuram, no exterior, um novo hospedeiro.

Tal como a Fascíola do fígado de carneiro (Fascíola hepática), a do intestino do homem (Fascioolopsis buski) enquista-se sobre vegetais, e virá a ser ingerida pelo seu hospedeiro definitivo. Uma só castanha-d’água, fruto de Trapa natans, pode conter centenas de larvas enquistadas, e como estes frutos constituem alimento de indígenas chineses, são graves as infestações por elas causadas.

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A célebre Fascíola do pulmão do homem, Paragonimus westermanni, da América do Sul, Indias e Extremo Oriente, vive nos bronquíolos humanos e põe ovos, que são expulsos com os escarros. Neste caso, as cercarias enquistam-se em diversos crustáceos de água doce e a infestação produz-se sempre que a cozedura é imperfeita e não destrói as larvas.

O Clonorchis sinesis, da China, tem um hospedeiro intermediário em numerosas espécies de peixes, mas resistem a cozedura insuficiente e podem infligir grandes sofrimentos aos que as ingerirem. As bilharzias do sangue do homem (Scistosoma) têm, como os ancilóstomas, o poder de penetrar pela pele, de modo que, para evitar a sua infestação, em nada contribuem os cuidados com a alimentação.

Os ovos contidos nos excrementos humanos, que são utilizados como adubo nas plantações de arroz e outros cereais, ecludem e as larvas, depois de uma fase de desenvolvimento passada num molusco, podem penetrar na pele nua dos pés e das mãos dos agricultores.

A melhor maneira de “controlar” os vermes parasitas é utilizar o conhecimento do seu modo de propagação, mas o combate nem sempre é tarefa fácil. Em todo o caso, deve-se tentar quebrar o ciclo vital no seu ponto fraco, para frustrar o desenvolvimento.

Devem-se evitar os contactos com as larvas de ancilóstomas e cercarias dos chistossomas, tanto nas águas que se bebem como naquelas em que nos lavamos, e proceder a dragagens dos pântanos onde se encontram moluscos. Um exame escrupuloso dos alimentos e cozedura conveniente são medidas simples mas muito eficazes.

Os principais fatores de risco para ser infetado com Helmintas:

  • residir ou viajar para zonas geográficas onde os parasitas são mais comuns
  • falta de higiene ou défice de higiene das mãos e da água
  • a idade (crianças e idosos são mais suscetíveis)
  • institucionalização (por exemplo, crianças que frequentam centros de acolhimento)
  • diminuição das defesas (como acontece na infeção pelo VIH/SIDA)

Um melhor conhecimento dos parasitas Helmintas e do parasitismo poderá livrar a Humanidade de inúmeras doenças ainda muito frequentes no mundo animal.

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