Vencer a timidez
Como Vencer a timidez!
Uma pessoa tímida torna-se facilmente reconhecível: cora, balbucia, passa a vida a pedir desculpa, morde os lábios e tenta desesperadamente esconder a cara com o cabelo, entre muitas outras defesas… Será a tímida encantadora? Há quem pense que sim! Contudo, quando ela própria se sente diminuída e, até mesmo difícil de suportar, quais são os caminhos que deve seguir? Aqui ficam alguns conselhos para aprender a vencer este problema.
A timidez é um problema que pode, de facto, diminuir uma pessoa. Quem não experimentou já a sensação de se sentir aflita numa entrevista de emprego, num jantar com um «pretendente» apetecível ou num encontro com uma figura importante? Nada mais natural.
Uma pessoa tímida raramente fala em público, não explica ao homem sentado ao lado no autocarro que ele se sentou em cima da sua écharpe, deixa-se ultrapassar na fila dos bilhetes de cinema e, numa reunião mundana e trivial, fica «congelada» numa cadeira, a um canto, sem falar com absolutamente ninguém… Porquê? Simplesmente porque leva mais tempo do que os outros a adaptar-se a situações sociais diferentes e porque fica mais ansiosa do que a média das outras pessoas.
A juntar a tudo isto e, para cúmulo, tem medo de que a avaliem e não gostem dela. De facto, a opinião que tem de si própria é negativa, desvalorizadora – não acredita em si mesma, e muito menos nas suas capacidades. E isso chega, por vezes, para passar completamente ao lado da vida. Porque o problema dos tímidos é passarem o tempo a não se atreverem e a lamentá-lo amargamente o resto da existência.
Não se atrevem, por exemplo, a pedir um aumento, uma mudança de estatuto, a abordar uma pessoa que lhes agrada… Fecham-se em si próprios. Daí a sensação de ocasiões perdidas, bem como as conclusões de que levam uma vida cinzenta.
Quatro tímidas em cada dez!
Desde o «eu coro com facilidade» ao «nunca falo com ninguém», podendo mesmo chegar a tornar-se doentio, o problema da timidez ataca muito mais gente do que se pode, à partida, imaginar. Quatro em cada 10 pessoas são tímidas, porque existem situações que as deixam, na realidade, muito pouco à vontade.
A tímida, no entanto, não pede mais do que ser reconhecida. Não existe nada mais desagradável, para qualquer um, do que ter que ser apresentado mais do que uma vez à mesma pessoa… Mas, acima de tudo, uma tímida precisa é de tempo para descontrair e sentir-se bem. Depois de «quebrado o gelo», pode revelar-se muito agradável e apreciada, sobretudo por aqueles com quem se sente em segurança.
Outra característica da timidez é a dificuldade em dar o primeiro passo. Quem se sentir atraído por outro com estas características tem de ir ao seu encontro e chegar a puxar-lhe pelo colarinho, se for caso disso. É que um tímido pode estar apaixonado até à loucura sem conseguir, por mais que isso lhe custe, mexer um único músculo para alcançar os seus objectivos.
Depois de ultrapassada esta fase – e porque o tímido é, na maior parte dos casos, um exagerado que não o sabe – a sua via sentimental é frequentemente um tudo ou nada, como poderemos comprovar pelas declarações de Miguel. «Quando era mais novo, uma colega de escritório atraía-me muito, mas bastava cruzar-me com ela para ficar mudo. Claro que não era uma questão de a convidar para beber um copo. Eu fugia dela apenas porque a desejava! Ao fim de um ano, enchi-me de coragem e declarei-me… Um pouco à bruta: disse-lhe de caras que ela era a mulher da minha vida. Ela, simplesmente, virou-me as costas, deve ter julgado que estava completamente doido, claro!».
Esta maneira de agir, embora abrupta, é muito característica do tímido. Não respeita as etapas intermédias, atira-se à água de repente e transmite a sua mensagem com uma violência exagerada. O resultado é muitas vezes uma catástrofe e ele volta ao seu «casulo», encolhido, envergonhado, infeliz e ainda mais tímido.
Reencontrara confiança
A pessoa tímida sofre de uma verdadeira intolerância ao fracasso e até as palavras são absorvidas com significados distintos. Uma crítica nunca é apenas isso – torna-se sinónimo de rejeição; uma recusa, mesmo que delicada, é sentida como uma humilhação! Como tem a mente a transbordar de pensamentos negativos, a reacção é sempre um exagero.
De facto, o seu esquema mental não foi maleabilizado pelas relações sociais.
Toda a gente que se atira à vida, passa por triunfos e falhanços, mas não se torna, obrigatoriamente hiper-sensível e consegue comunicar normalmente, sem estar, sistematicamente, a temer desastres. A tímida idealiza as suas relações sociais, e convence-se de que só os indivíduos mais inteligentes – os outros –, têm direito à palavra e para dizer apenas coisas tremendamente brilhantes… Não é portanto de admirar que tenha um receio contínuo de dizer disparates.
«Sou tímida, mas desembaraço-me», conta Susana. «Quando era pequena, andava sempre atrás das saias da minha mãe, fugia quando me falavam e nas aulas não abria a boca. Depois, fiz uma grande amiga e, pouco a pouco, desembaracei-me.
Hoje ainda me sinto mal em frente de desconhecidos, mas já não reajo da mesma maneira».
Com os pequenos sucessos, a tímida (ou tímido) pode ganhar segurança e progredir, desde que adopte uma atitude activa para melhorar. E mesmo curada, fica muitas vezes uma «ex-tímida», como se fica ex-fumador ou ex-alcóolico.
A «ex-tímida» conserva uma hiper-sensibilidade, uma humildade e uma consciência da sua vulnerabilidade que a distinguem. Qualidades, e não defeitos, que fazem dela um ser encantador, fácil de ser amado e agradável para viver.
Conclusão: o triunfo amoroso, profissional e social é acessível aos tímidos que «se atrevem…».
Uma boa razão para se obrigar a sair da sua concha!
Fobia social: uma espécie de timidez doentia.
Levada ao extremo, a timidez torna-se um verdadeiro distúrbio psiquiátrico que abrange dois por cento dos indivíduos: chama-se fobia social. Aqueles que a têm – calcula-se em cerca de duas mulheres para um homem – não conseguem enfrentar os outros. E, contrariamente aos tímidos, não se consegue «domesticá-los». Para eles, encontrar o vizinho ou, simplesmente, ir comprar pão a um padeiro mais dado a piadas, consiste num verdadeiro sofrimento. Felizmente que, apesar de complicada, esta fobia pode ser tratada com um programa de terapias comportamentais, especialmente indicadas para estes casos.
Os CONSELHOS da Dra. Estela Correia, Psicóloga:
Assuma a sua timidez. Não esconda a cara e não procure falsos pretextos para recusar esta ou aquela saída, esta ou aquela proposta. É tímida, aceite o facto. E, de preferência, sem sofrimento.
Evite culpabilizar-se. A timidez é muito mais bem aceite pelos outros do que julga. Um tímido não é ridículo, mas, geralmente, tocante e reconfortante. Encontra sempre aliados, «mortinhos» por ajudá-lo.
Fale. Não hesite em explicar a quem o rodeia as situações que o embaraçam mais, ou as pessoas que o impressionam, e em confessar-lhes a sua atrapalhação.
Atreva-se a sair da concha. É preciso ir em frente! Vai ver que os cenários negativos que imaginou não se vão, necessariamente, concretizar. Isso vai dar-lhe mais confiança em si própria.
O meu filho «sofre» de timidez. Que devo fazer? Não banalize a timidez e falta de confiança e ajude-o a corrigir-se. É preciso dar-lhe o exemplo. Se você mesma se considera ex-tímida, conte-lhe as suas experiências infantis, explique-lhe como pode conseguir ultrapassar os piores momentos.
A timidez não é insuperável! Matricule a criança em actividades de grupo, que vão ajudá-la a ter amigos e a ganhar confiança em si própria… Vá devagarinho: não a «afogue» e respeite-lhe o ritmo! E se ela ficar incomodada e continuar afastada dos outros, não hesite em procurar a ajuda de um psicólogo.
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