Aprenda a valorizar a sua marca pessoal

Todos temos uma marca pessoal e se queremos conseguir um emprego, evoluir na carreira ou crescer como pessoa, o melhor é aprender a desenvolvê-la e valorizá-la. Saiba como apostar em si.

E se lhe dissessem que, tal como as empresas, produtos e serviços, as pessoas também têm uma marca? É verdade. Comportamo-nos como elas, ao passarmos uma imagem e ao comunicarmos com quem nos rodeia. Geramos empatias, provocamos reações, marcamos a nossa posição. E, tal como as marcas, tentamos ser únicos e destacar-nos na multidão.

Por outras palavras, todos podemos ser a Coca-Cola ou a Apple das marcas pessoais – Personal Branding – se trabalharmos para isso. Veja-se o caso de algumas figuras bem-sucedidas, como Oprah Winfrey, Richard Branson, Bill Gates, Steve Job, Michael Jordan e Cristiano Ronaldo. O que é que estes nomes têm em comum? Todos eles criaram uma marca pessoal e uma estratégia de posicionamento que os tornam únicos e lhes permite fazer o que gostam, sendo pagos para isso. Quem não gostaria de ser o melhor naquilo que faz e integrar este lote de campeões?

Para nos ajudar a desvendar um pouco do mundo das marcas pessoais, conversámos com Miguel Coelho, especialista na área e CEO da empresa Personal Brands Portugal. Na sua opinião, ter uma marca pessoal é ter uma boa história para contar. Por essa razão, não é de estranhar que defina o seu papel como auxiliar de contador de histórias. “A marca pessoal não é nada mais, nada menos do que uma boa história e as boas histórias cativam-nos e ajudam-nos a inspirar. A marca pessoal serve para inspirar, atrair e encontrar resultados”, defende.

O termo Personal Branding foi mencionado pela primeira vez, em 1997, por Tom Peters num artigo intitulado “The Brand Called you”. No texto o autor defendia que deveríamos cuidar nós próprios da nossa marca pessoal e trabalhá-la num registo semelhante àquele em que são promovidas as marcas e as empresas. E assim nasceu o Personal Branding, um conceito que começou a ser explorado nos últimos anos em Portugal e que nos desafia a sermos o nosso próprio gestor, construindo a nossa marca, reconhecendo-a e potenciando-a, de forma a obter resultados em benefício próprio.

Qual a sua mensagem?

Já alguma vez pensou no que é que as pessoas dizem de si quando sai de uma sala? Qual é a imagem e a mensagem que lhes transmite? É conhecido porquê? A sua marca pessoal é aquilo que as outras pessoas recordam de si, as características, valores e competências que lhe reconhecem. “Uma marca pessoal forte é, acima de tudo, uma promessa de valor. Uma promessa de valor que todos à nossa volta reconhecem, valorizam e identificam na nossa vida pessoal e profissional”, explica Miguel Coelho, deixando claro que se trata de algo que vale a pena construir mas que dá muito trabalho.

O primeiro passo para criar uma marca pessoal passa pela definição da sua identidade e significado na vida.”Quem sou? Quem quero ser? Como sou visto? Como quero ser visto? Quais são as minhas qualidades e pontos fracos? Quais são os meus objetivos? Estas são algumas das questões que temos de responder para definir a nossa marca pessoal”, revela o personal brand strategist.

Só depois de nos conhecermos bem e percebermos as nossas capacidades estaremos prontos para fixar as nossas metas e objetivos.

Sobressaia no meio da multidão

Numa altura em que o mercado de trabalho é cada vez mais exigente e competitivo, diferenciar-se dos outros torna-se essencial. Todos lutamos por deixar uma marca positiva que nos distinga, entre os milhares de pessoas que diariamente concorrem a um lugar, se lançam num negócio próprio ou procuram uma promoção. Tal como nos diz Miguel Coelho, “a capacidade de ser original está associada a um maior valor percebido, pelo que devemos entender cada pessoa como uma marca em potência que pode ser trabalhada, valorizada e renovada consoante o que lhe é exigido pelo mercado”.

É aqui que entra em campo a grande vantagem do Personal Branding. Uma marca pessoal é a oportunidade das pessoas se destacarem de todos os outros de forma diferenciada. Todos temos atributos únicos que mais ninguém tem. Alguns conseguem encontrar e demonstrar os seus pontos fortes, enquanto outros têm medo de os revelar, ou por outro lado, ainda os procuram localizar.

Para o CEO da empresa Personal Brands Portugal, utilizar este instrumento pode ser a diferença entre diluir-se na multidão e destacar-se dela, entre ser mais um e ser um dos melhores: “a marca pessoal é um facilitador. Numa altura de indiferenciação, esta ferramenta ajuda o mercado de trabalho e as pessoas a perceberem o que precisam e a dizer ‘eu quero trabalhar com aquela pessoa’”. Ou seja, a ideia de sermos uma marca é uma forma garantida de ganharmos posicionamento, isto é, criar a nossa promessa de valor, e de tornarmo-nos conhecidos, primando pela diferença.

Provavelmente já se perguntou mais do que uma vez porque é que determinadas pessoas parecem conseguir o que querem sem dificuldade. Aparentemente, não precisam de fazer nada para serem bem-sucedidas, felizes e tudo o que desejam vai ao seu encontro. Ao contrário do que possamos pensar, não se trata única e exclusivamente de sorte.

Por mais que esta seja um fator relevante nesse sucesso, Miguel Coelho desvenda-nos o verdadeiro segredo: “se a pessoa fizer um bom trabalho no posicionamento de um determinado nicho de mercado, no qual as pessoas lhe reconheçam competência e valor, ela vai tornar-se magnética. Eu vou automaticamente ser atraído para essa pessoa porque ela tem algo para me dar”.

Por isso, aceite o nosso repto e desafie-se. Seja criativo, inovador no dia-a-dia e ouse sair da caixa mesmo nas mais pequenas rotinas pessoais e profissionais. O mundo espera que acrescentemos valor ao que já existe, que saibamos transformar problemas em soluções e dificuldades em oportunidades. Se o fizermos, os benefícios surgem com o reconhecimento do valor que se obtém por parte dos outros.

Personal Brand

Seja o seu próprio cartão-de-visita

Mas o que define uma boa marca pessoal? Miguel Coelho responde-nos sem hesitar. “Uma boa marca pessoal tem que ter, essencialmente, três caraterísticas: clareza, consistência e constância”, isto é, bem definida e clara na forma como expressamos os nossos valores, uniforme entre os diferentes contextos (amigos, família, escola, trabalho) e prolongada no tempo.

Para o conseguir, o CEO da Personal Brands Portugal afirma que há que ter em atenção três regras muito simples, que, na verdade, representam a essência da sua própria marca pessoal: ter energia e entusiasmo; comprometer-se com resultados; ser inovador e apostar no design (sobretudo na forma como se relaciona com os outros e no uso das novas tecnologias).

Na hora de construir a marca pessoal, é importante não esquecer que todos os pormenores contam. Para além dos valores e princípios que definimos, a roupa que usamos, o tom de voz, a fluência do discurso, os gestos, o sentido de humor, a presença e visibilidade nas redes sociais, geram sempre um impacto no nosso público. Por essa razão, é fundamental conhecer a audiência a quem nos dirigimos, perceber o que queremos que conheçam de nós e motivar-nos a nós próprios e aos outros.

Outro grande aliado na construção da nossa marca pessoal é o networking. Aumente a sua rede de contactos, ela é a melhor forma de publicidade. Conheça pessoas novas, apresente-se e diga sempre o que faz quando surgir uma oportunidade.

Miguel Coelho revelou-nos a sua marca pessoal e os princípios que a regem. E você, já sabe qual é a sua?

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Plano para criar a Personal Brand

Segundo Rui Miguel Coelho, a estratégia essencial do desenvolvimento de Personal Branding consiste em três pontos-chave, apelidados de 3E’s. São eles:

Extract: prende-se com a capacidade de extrair o talento, trabalhando individualmente, o que torna a pessoa única, e definindo objetivos concretos (pelo que se quer ser reconhecido; aquilo que torna a marca diferente).

Express: o modo como se expressa e comunica a marca pessoal. Passa pela criação de um plano de marketing e de comunicação, aproveitando as potencialidades do mundo que é a Internet. Uma marca para vencer tem de se afirmar, ser credível, reconhecida e competente, Não basta parecer ou comunicar o que é, tem de sê-lo.

Exude: consiste na expansão da marca, através do networking e das redes sociais, como o Linkedin e o Facebook. Elas funcionam como o seu cartão-de-visita, o mais completo de todos. Por exemplo, quando surge alguém que é apreciado, a primeira coisa que por norma se faz é procurar algo mais sobre essa pessoa, no mundo online. No entanto, há que ter em conta os riscos associados à presença nas redes sociais.

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