As sequelas mais comuns após o parto! As dores tortas.

Hemorragias, dores tortas , mal-estares… Nos primeiros dias após o parto é comum que a recente mamã sinta alguns mal-estares e até dores. Alguns serão passageiros enquanto outros podem permanecer algum tempo. As alterações hormonais e a involução uterina são, em geral, a causa mais frequente. Todavia, com algumas medidas preventivas, facilmente a jovem mãe ultrapassará o período do puerpério.

Este período, segundo os especialistas é de cerca de quarenta dias, por isso pode ser denominado como período de quarentena.

Para que conheça melhor as sequelas mais comuns após o parto, passamos a enumerá-las:

Involução uterina – Após o parto, o útero vai tentar recuperar as suas dimensões anteriores. Para o conseguir, o útero vai sofrer contracções, provocando dores muitos semelhantes às dores de uma menstruação dolorosa. Estas dores podem ser dolorosas, muito especialmente nos casos em que o útero sofreu uma grande dilatação, como nos casos de um bebé muito grande ou de um parto gemelar, porque o útero está mais dilatado e demora mais tempo a voltar ao seu tónus original.

Em geral, estas dores, também vulgarmente conhecidas como “dores tortas” podem durar dois ou três dias, muito embora em alguns casos se possam prolongar por uma semana. Quando as dores são muito fortes, o médico poderá
prescrever um analgésico. A mulher que sofra de dores tortas nunca se deve auto-medicar porque só o médico saberá indicar um analgésico que não vá interferir na involução uterina ou na composição do leite materno.

É natural que durante o período de amamentação a mãe sinta mais dores, porque a amamentação estimula a libertação da hormona ocitocina, que produz as contracções e ajuda a que o útero recupere mais facilmente as suas dimensões originais.

Suturas Resultantes da episiotomia ou de um parto cirúrgico é natural que durante os primeiros dias lhe possam causar alguns transtornos. Nos casos em que a mulher sofreu uma episiotomia, é natural que a posição de sentada lhe cause alguns incómodos. Contudo, ao fim de uma semana o mal-estar já terá passado.
Para que os pontos não infectem deve lavá-los com água e sabão e tentar manter a zona o mais seca possível.

No caso da cesariana terá de ter alguns cuidados para não fazer esforço e também cuidado ao pegar no bebé durante a amamentação.

Fadiga – Muito especialmente durante os primeiros dias em que a mãe ainda sofre algumas dores, é natural que com o novo ritmo: amamentar o bebé com a consequente inexperiência, acordar várias vezes durante a noite para amamentar
e cuidar do bebé, se sinta fisicamente esgotada.

Durante os primeiros dias é aconselhável que peça ajuda a um familiar e que o pai do bebé a apoie nos cuidados com o recém-nascido. Contudo, à medida que melhor controlar a amamentação, e que as sequelas do parto forem passando tudo entrará num ritmo normal e o cansaço diminuirá.

Hemorragias – As secreções hemorrágicas que se produzem depois do parto – denominadas como lóquios – vão esvaziar a cavidade uterina à medida que o útero se contrai. Em geral diminuem progressivamente e é natural que cessem ao fim de três ou quatro semanas. Para prevenir infecções a mulher não deve utilizar tampões e
deve mudar os pensos com frequência. Nos primeiros dias são de cor avermelhada e é normal expulsar algum coágulo, depois tornam-se de um vermelho acastanhado até cor de café com leite ou esbranquiçadas.

Escapes – Em alguns casos, devido ao esforço dos músculos do pavimento pélvico durante o período expulsivo, é natural que a mulher não consiga controlar os esfincteres.
Para acelerar a sua recuperação convém realizar várias vezes ao dia os exercícios de Kegel, que consistem em apertar os músculos da zona com força durante uns segundos, como se estivesse a urinar e quisesse interromper a saída da urina. A incontinência urinária pode durar uma ou duas semanas, mas se não exercitar
a musculatura da pélvis, pode não recuperar facilmente.

Hemorroidal – Após o parto e devido ao esforço realizado durante o período expulsivo as veias que rodeiam o ânus podem inflamar-se. Se, como é habitual após o parto a mulher sofrer de prisão de ventre, é natural que ao defecar, as veias inflamadas lhe provoquem dores. É aconselhável lavar o esfíncter anal com água fria, cada
vez que vai à casa de banho. Para prevenir, a mulher deve fazer uma dieta rica em fibra, e beber cerca de dois litros de água por dia.

Sequelas da amamentação – O bebé e a mãe levam algum tempo a aprender a melhor forma do bebé pegar no peito. Por isso recomenda-se evitar dar a chupeta durante os primeiros dias de vida da criança para que não interfira na sucção correcta. A mãe e o bebé , com o tempo vão aprendendo qual a melhor posição mas, até o conseguirem é natural
que a mãe sinta algumas dores nas costas e no peito.

Se o peito começar a apresentar gretas, a mãe pode hidratar a auréola com um pouco de leite materno após cada toma. Para manter os seios limpos basta tomar um duche diário, evitando o sabão nos mamilos e bicos. Também ajuda deixar o peito ao ar ou usar protectores de amamentação de algodão transpirável.

Inicialmente é natural que devido ao bebé mamar pouca quantidade em cada toma, que a mãe sinta o peito inchado, mais rosado e tenha dores. Muitas vezes esta situação acontece quando o bebé mamou de uma só mama. Recomenda-
se oferecer o seio afectado na próxima toma.

Recuperação – Tal como dissemos inicialmente, este período pode designar-se como quarentena e como o próprio nome indica, são no máximo quarenta dias com um pouco de sofrimento. Contudo, falámos de alguns transtornos mas, nem todas as mulheres os sofrem e, muitos acabam por afectar a recente mamã apenas alguns dias.

No entanto, quando tudo volta ao normal, qualquer recente mamã acaba por esquecer o “mau tempo” dos primeiros dias que, em boa verdade, foram também perturbados pela sua ansiedade e alguns medos de não conseguir cuidar e

entender o seu bebé. Passado o puerpério, o bebé e a mamã já estão em consonância e nem sequer é preciso falarem para se entenderem.

A partir de agora é tempo para amar e ver crescer o seu bebé.

Fonte: Dra. Madalena Barata, Directora do Centro de Medicina da Reprodução do British Hospital-Lisbon XXI

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