Polaridade: o segredo das relações em perfeita sintonia?

O segredo das relações perfeitas.

Queremos paixão. Atração. Química. Mas tantas vezes, mesmo nas melhores relações, o fogo arrefece, a chama apaga-se, a paixão foge-nos entre os dedos. Porquê? Para muitos a resposta está na falta de polaridade sexual. Descubra o que é e como a pode usar para reacender a sua chama e viver repleto de paixão.

Os opostos atraem-se, já é mais que sabido, mas como, e porquê? A dualidade que gera atração está presente em tudo na natureza: na astronomia, na física, na carga positiva e negativa da eletricidade, no yin e yang do taoísmo. Os humanos não são excepção e, por isso, entre nós, podemos encontrar esta dualidade no masculino e no feminino. Dois opostos que se atraem e completam, como na restante natureza.

A esta força da atração entre o masculino e o feminino há quem chame polaridade sexual. Ronan Pinto Goulão, professor de yoga e tantra, explica-nos que “tudo no universo precisa de um polo positivo e de um negativo. Assim como estes dois polos são necessários para gerar energia e eletricidade, também são necessários para manter viva a relação entre o homem e a mulher”.

Também David Deida, autor americano que escreve e investiga questões relacionadas com a relação – sexual e espiritual – entre homens e mulheres, defende que a atração sexual é baseada na polaridade sexual. “Esta polaridade é a força da paixão que faz a ponte entre o polo masculino e o feminino criando um fluir de sensações sexuais.

Se procura paixão real precisa de um emissor e de um recetor, de outra forma apenas se terá dois amigos que friccionam os genitais na cama. O amor pode continuar a ser forte, assim como a amizade, mas a polaridade sexual vai desaparecendo. Tem de se animar e exagerar nas diferenças entre masculino e feminino se quiser vivenciar a paixão sexual”.

Não confunda os conceitos, quando falamos de feminino e masculino não estamos necessariamente dizer mulheres e homens. Como David Deida esclarece nas suas palestras, a essência sexual, apesar de estar intimamente ligada ao género, não é exclusiva dele. Por exemplo, num casal homossexual, habitualmente existe clareza na diferença de polaridades, existindo uma preferência assumida de cada um dos membros a cada uma das polaridades.

Uma mulher pode ser muito feminina com todas as qualidades que isso traz, como os instintos maternais de preocupação, necessidade de segurança e proteção, recetividade, capacidade multitarefas, entre outros, mas esta pessoa apenas vai sentir conforto com alguém de qualidades masculinas, que são por norma, foco, direção, dominância, entre outras. Este é um exemplo de como os opostos se atraem no sentido em que precisam um do outro para levar avante a sua essência interior. David Deida defende que esta polaridade é essencial numa relação pois funciona como ignição, e mantêm a atração e paixão na intimidade do casal.

Quando algo não está bem

Paixão esmorecida e relação estagnada? Talvez o problema seja a polaridade do casal invertida ou dessincronizada, refere Ronan Goulão.

Quando se fala em ter a polaridade invertida, isso pode simplesmente significar falta de sintonia com a sua essência interior. Por outras palavras, pode significar que não está a ter resposta às suas necessidades, quem sabe seja necessário parar e pensar um pouco mais em si e no que realmente sente falta.

David Deida explica esta situação identificando três níveis de intimidade nos relacionamentos. O primeiro nível, chamado de nível da baixa polaridade, acontece quando as duas pessoas dependem uma da outra para se sentirem completas e realizadas consigo mesmas; no segundo, o nível da autonomia, cada individuo sente-se completo por si mesmo, sem necessidade do parceiro, o terceiro, o nível da comunhão íntima, é aquele em que se expandem os limites e se abre o coração, onde a máxima da relação passa a ser: “o que posso dar mais ao meu parceiro para ele ser ainda mais completo?” Sozinhos são completos e têm a sua essência forte, mas juntos desafiam os próprios limites, David Deida diz com humor que se tornam, “uma deusa radiante e o seu guerreiro do amor”.

Todos temos tendência mais para um polo que para o outro mas, segundo os especialistas, também temos acesso aos dois espetros dos géneros tanto do feminino como do masculino. Quer isto dizer que, uma pessoa de essência mais feminina, portanto, mais estratégica, mais recetiva e passiva também pode desenvolver (por exemplo) a emissividade e foco do polo masculino para enaltecer e melhorar os seus atributos femininos sem deixar de ser feminina na sua essência. Como nos diz Ronan Goulão “idealmente completamos o nosso ser com os atributos da polaridade oposta, sem nunca nos perdermos da nossa própria polaridade”.

Segundo os especialistas, o importante nesta situação é não permitir a despolarização, ou seja, não esquecer a sua essência que, no fundo, vai ser sempre o seu lado mais confortável e que trará consequências às relações íntimas.

Ao estar numa relação em que cada uma das partes está em sintonia com a sua essência, torna-se mais simples de não inverter a polaridade, tanto individual como da relação. Por exemplo, uma mulher de essência feminina ao estar com o seu companheiro de essência masculina, vai ter a oportunidade de ter as necessidades da sua essência respondidas pelo parceiro. Por mais que lhe seja necessário desenvolver o polo masculino em diversas fases do dia, ao estar perto do seu companheiro existe a oportunidade de manter e retomar o seu lado feminino, a sua verdadeira essência. Desta forma, o casal completa-se e, juntos, fazem prosperar tanto a relação dos dois como a relação consigo mesmos.

 

A polaridade nas relações sexuais

As diferentes polaridades atraem-se, puxam-se, precisam-se. O feminino está programado para receber o masculino.

Ronan Pinto Goulão explica-nos que, muitas vezes, problemas como a ejaculação precoce, dificuldade na performance sexual, incapacidade de atingir o orgasmo nas mulheres, ou insatisfação sexual podem ter como origem a despolarização. Defende que “a despolarização acontece quando as pessoas deixam de ter vontade do outro e a relação se torna formal, como um acordo, e como em qualquer tipo de acordo, quando uma pessoa não cumpre, a outra fica aborrecida”. É então necessário manter a polaridade que existe no casal.

Em termos práticos, uma boa forma de se notar a diferença de polaridades numa relação é pela energia sexual entre o casal quando fazem amor. Quando ficam exaustos, sem energia e, por norma, sem vontade do outro, é sinal de despolarização da relação. Pelo contrário, quando ainda ficam com mais vontade de estar um com o outro, é sinal que a polarização do casal está equilibrada e em sintonia. Tem tudo a ver com a atitude com que se está na relação e no ato sexual em si. Ronan Goulão explica que uma forma de preservar essa boa energia é através da filosofia tântrica que ensina a manter a vontade e através da qual, embora as pessoas se afastem, não perdem o desejo de estarem juntas, de regressarem para perto um do outro, continuamente entusiasmadas com aquela relação e com aquele amor.

Exercícios sugeridos por David Deida para manter a polaridade sexual no casal

 

Exercício do foco

Uma forma de se ligar mais profundamente ao seu parceiro é simplesmente fixarem o olhar um no outro, sem permitir qualquer tipo de distração. Sempre que o parceiro se distrair recebe uma chamada de atenção como um toque ou uma palavra. Esta é uma forma de meditação e de concentração simples que vai promover a um momento intenso entre os dois, e por mais que não acredite, este simples exercício pode beneficiar a sua relação.

 

Exercício do exagero

Invertam os papéis na relação e exagerem a personalidade da outra pessoa, as suas características mais femininas e mais masculinas. Este exercício vai permitir à outra pessoa “olhar-se ao espelho” pelos olhos do seu parceiro, revendo nesta personificação as suas qualidades e defeitos e como estes afetam a relação. O exercício permite também reconhecer a essência da polaridade de cada um na relação.

A polarização sexual é uma dança entre forças, posturas, atitudes e energias. Num relacionamento é essencial haver clareza sobre o papel de cada um nesta dança, caso contrário vão pisar os pés um ao outro. Mas a música nunca vai parar e, mais cedo ou mais tarde, os dançarinos vão ficar descompassados. O importante é lembrar sempre que o amor é a base da vida e a sexualidade pode ser o meio de expressão desse amor para com o parceiro.

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