Perdas de sangue entre os períodos menstruais

O que causa sangrar fora dos períodos menstruais?

Apesar de não ser possível ter o período duas vezes no mesmo mês, acontece a algumas mulheres perderem sangue no início da gravidez ou após uma relação sexual. A gravidade dessas perdas de sangue, ou metrorragias, não tem nada a ver com abundância do fluxo menstrual, mas há que as saber distinguir do período normal.

O período menstrual normal corresponde à descamação da mucosa uterina, que se desenvolve sob a acção das hormonas do ovário. Na ausência de fecundação, o índice de progesterona aumenta e a mucosa é eliminada através de uma pequena hemorragia. Qualquer desordem da secreção hormonal é então susceptível de ter consequências no período. O stress, por exemplo (estadias no estrangeiro, divórcio, luto) pode fazer antecipar ou adiar a sua data de aparecimento.

Sob acção da pílula

Quando a pílula contraceptiva tem uma dosagem fraca, podem ocorrer pequenas perdas de sangue (spotting) no intervalo dos períodos menstruais. No caso de se repetirem, fale no assunto com o seu médico, que poderá receitar uma pílula mais forte e, acima de tudo, verificar a ausência de qualquer anomalia, pólipo ou fibroma. Um esquecimento, mesmo reparado no dia seguinte, pode igualmente levar à perda de sangue num momento não habitual.

Associado a dores e febre

Estes sintomas podem indicar uma infecção do útero (endometrite) ou das trompas (salpingite). As perdas de sangue, mais ou menos abundantes, por vezes discretas (de cor escura) nem sempre acontecem. A temperatura pode chegar aos 39/40º C, corrimento vaginal ou sintomas urinários.

Os sinais de infecção são por vezes menos claros: dor mais ou menos permanente, febre moderada não ultrapassando os 38º C. O médico, através da observação clínica e exames complementares, poderá confirmar o diagnóstico e iniciar, então, um tratamento antibiótico.

Em jovens

Nas mulheres jovens, as perdas de sangue irregulares que surgem após as relações sexuais, podem testemunhar o início de um cancro no colo do útero. A vigilância ginecológica regular, através da realização de colpocitologia (exame de Papanicolau) é fundamental para a detecção desta doença que, quando diagnosticada precocemente, tem uma taxa de cura de mais de 90 por cento.

Durante a gravidez

Perdas de sangue durante esse período podem indiciar um eventual aborto ou uma gravidez extra-uterina. De um modo geral, estas perdas de sangue ocorrem depois de um atraso do período menstrual. Por vezes observa-se um fluxo normal que se prolonga por perdas de sangue ocasionais, geralmente pouco abundantes. A gravidez ectópica (numa trompa e não no útero) associa-se a dores de tipo cólica no baixo ventre, de intensidade crescente.

Trata-se de uma urgência. Se se intervém demasiado tarde, a trompa pode rebentar e causar uma hemorragia interna grave. Actualmente, nem todos os casos necessitam de cirurgia, podendo muitas deles ser tratados apenas com terapêutica medicamentosa.

Quando é necessário efectuar uma cirurgia, opta-se, sempre que possível, por uma laparoscopia, tentado manter ao máximo a capacidade reprodutiva da mulher.

Depois dos 40 anos

Por vezes, nesta idade, surgem pequenas perdas de sangue irregulares na altura da ovulação ou alguns dias antes do período. É, então, necessário analisar a cavidade uterina através de uma ecografia ou histeroscopia (observação do interior do útero com a ajuda de um aparelho munido de uma óptica). Estes exames permitem, muitas vezes, descobrir um pólipo ou fibromioma (tumor benigno). Dependendo dos casos, o tratamento é médico ou cirúrgico.

A partir dos 45 anos, as menstruações muito irregulares, acompanhadas de dores nos seios ou leves acessos de calor, indiciam a perimenopausa, uma fase que dura anos e precede o aparecimento da menopausa. Nesta fase existem desequilíbrios hormonais que condicionam estes sintomas, mas, através de um tratamento com progestativos (cerca de dez a doze dias por mês), tudo deverá voltar ao normal.

sangrar fora do periodo

Durante a menopausa

Uma perda de sangue fora do período numa mulher com mais de 50 anos, na menopausa, poderá fazer suspeitar um cancro do endométrio (mucosa que reveste o útero). Este tipo de cancro pode manifestar-se quer a mulher faça ou não um tratamento hormonal de substituição. Detectado precocemente e tratado, cura-se na maior parte dos casos.

Se tem um dispositivo intra-uterino (DIU)

Habitualmente, os períodos menstruais das mulheres que têm um dispositivo intra-uterino são abundantes e de maior duração. Por vezes são precedidos de pequenas hemorragias que podem persistir alguns dias.

Estas pequenas perdas podem ter diversas explicações: a mucosa uterina tolera mal o dispositivo e pode ser necessário retirá-lo ou são a manifestação de um infecção, justificando a utilização de antibioterapia, ou, ainda, traduzem uma gravidez extra-uterina necessitando de intervenção urgente.

2 perguntas

Tenho 21 anos e sofro de anorexia há vários anos. Actualmente alimento-me muito melhor e gostaria de engravidar brevemente. O que me aconselha?
Com efeito, a anorexia tem consequências muito negativas na fecundidade: perante um défice de gordura corporal, os ovários interrompem a sua produção hormonal, bloqueando a ovulação, o que geralmente se traduz no desaparecimento dos períodos menstruais.
Esta ausência de períodos persiste até atingir um peso suficiente. A partir do momento em que volte a ter ciclos normais pode pensar numa gravidez.

Tenho 45 anos e três filhos. De momento estou perturbada com um problema que me incomoda seriamente: não posso rir, saltar ou tossir sem ter pequenas perdas de urina. Sinto-me complexada. Não quero submeter-me a intervenção cirúrgica. Que posso fazer?
A incontinência de esforço que descreve é devida a uma ligeira descida da bexiga, habitualmente provocada pelos partos. A correcção cirúrgica, que implica técnicas relativamente simples, dá bons resultados, mas nem sempre é necessária.

A re-educação do períneo, com a colocação de uma sonda vaginal de estimulação muscular e aprendizagem do processo de contracção, geralmente permite obter uma redução dos sintomas.

Consulte o seu médico para avaliar o seu caso e sugerir o tratamento indicado.

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