Contornar uma separação ou ruptura

Como reagir a uma separação ou divórcio.

Independentemente da causa, uma separação é sempre dolorosa. Como atravessar esta crise, o que fazer para recuperar o desejo de seduzir e partir confiante para uma nova relação?

Por que razão uma separação é tão difícil de viver? “Porque tem a ver com a perda, o luto”, explica Marie-Hélène Colson, sexóloga. “O que fiz para merecer isto?” “Porque não consegui que ficasse comigo?” Tantas perguntas para as quais encontramos apenas respostas depreciativas: “Não sou suficientemente inteligente (bonita, nova)”; “Era demasiado ciumenta (excessivamente dedicada ao trabalho, aos filhos).” Em resumo, procura?se praticamente desculpar a outra parte.

No plano psicológico, a separação torna-nos confusos e vulneráveis. Porque nos sentimos “infelizes”, podemos, nesses momentos dolorosos, perder a autoconfiança. “A ruptura é ainda mais dolorosa, caso quem tenha sido abandonado possa ter passado por experiências difíceis: conflitos, lutos ou a sensação de não ter sido suficientemente amado.

A separação abre as feridas não cicatrizadas”, acrescenta a especialista. Mesmo assim, é possível sair-se mais forte desta experiência, mais bem preparada para o futuro. A palavra-chave é reagir.

Não hesite em pedir auxílio

Sente um desgosto enorme? É normal: está a viver o fim de uma história de amor e terá de passar por um verdadeiro trabalho de luto. Mas, sentindo–se incapaz de ultrapassar a situação sozinha e deprimida, não hesite em consultar um psicoterapeuta.

Algumas sessões bastarão para superar a crise. “Muitas pessoas separadas, em instância de divórcio, por exemplo, consultam-nos sobretudo para falarem e serem ouvidas. Em alguns casos, uma única consulta é suficiente”, sublinha a especialista.

Recupere o poder de sedução

Não ficar sozinha é tranquilizador e muito positivo, na medida em que contribui para que se sinta novamente desejada e sedutora. Demonstra também que a vida não acabou. Com efeito, nunca é tarde para novos encontros e não há idade para namorar.

Algumas mulheres, após uma ruptura, procuram imediatamente outra história de amor, para esquecer o marido (ou o amante) e apagar as más recordações. Porque não? Não existe contra?indicação para esta “terapia”. Mas também não é indispensável.

Há que escolher um novo amante por desejo e não por despeito. Por outro lado, não se empenhe em entrar numa relação estável. Convença-se, à partida, de que o novo “caso” deve ser breve, que tem os dias contados. Numa mulher magoada, uma nova relação pode servir para preencher o vazio afectivo, mas não poderá ser equilibrada. Assim, empenhe-se numa pequena convalescença e basta. Só mais tarde, findo o luto, será possível construir uma nova história de amor, com bases sãs e sólidas.

Aceite as dificuldades amorosas e sexuais

A ferida causada pela ruptura é frequentemente acompanhada, na mulher, por uma diminuição do desejo sexual. No homem, geralmente, reactiva a fragilidade da sexualidade. Resultado, tanto para um como para o outro, é o período ideal para ocorrerem falhas e distúrbios do equilíbrio sexual. Mais vale estar preparado e aceitá-las à partida.

Quando, durante cinco, dez anos ou mais, se teve um único parceiro sexual, não admira que o facto de se encontrar na cama com um “desconhecido” provoque, no mínimo, um momento de angústia. Se tais problemas surgirem durante as primeiras relações sexuais com um novo parceiro, não se aflija. É normal que precise de um período de adaptação. Eventualmente, se a situação a inquietar ou se se prolongar, fale com o seu ginecologista ou com um sexólogo.

Não tente seduzir o seu ex

Se teve filhos com o seu ex-namorado (ou ex-marido), será necessário, face à separação, fazer das tripas coração, assinar o armistício e estabelecer boas relações com o pai. Caso contrário, nada a obriga a continuar a vê-lo. Podem decidir continuar amigos, desde que ambos reconheçam que a relação amorosa acabou. Por vezes, a amizade só é possível muito tempo após a ruptura e pode mesmo ser preferível que nunca mais se vejam.

Cuidado, não entre num jogo perverso de sedução com o seu ex. “A ex-mulher de um doente meu, a pretexto de ter o apartamento em obras, vai todos os dias tomar duche ao apartamento dele”, conta Marie-Hélène Colson. “É claro que a nova namorada fica furiosa.”

Multiplique novos encontros

Um casal vive sempre um pouco em autarcia. Aproveite a recente liberdade para exercer novas actividades. Desporto, teatro, desenho ou vida associativa: saia do seu universo habitual. Inicie-se no tiro ao arco ou na escultura, inscreva-se em cursos de inglês ou estágios de sofrologia, visite museus, defenda uma boa causa. Terá muito por onde escolher e só o primeiro passo será difícil.

Escolha actividades de grupo, pois permitirão fazer novos conhecimentos interessantes. Alargarão o seu círculo de amigos e, quando se sentir novamente disponível, talvez encontre um parceiro com interesses comuns.

Invista no trabalho

Investir na vida profissional é uma solução clássica mas terrivelmente eficaz! Com efeito, permite reagir ao desgosto e, ao mesmo tempo, proporciona satisfação imediata: sucesso, eventual aumento de salário. Este reconhecimento contribuirá para levantar o moral e recuperar a autoconfiança. Na condição de que saiba que este “remédio” é temporário. Porque, em breve, retomará o prazer de viver e uma bela manhã acordará pronta para novas aventuras.

E se for você a partir?

Deixar um companheiro também não é fácil, mesmo quando existem motivos válidos. Seguem-se algumas regras para ficar bem com a sua consciência:

Seja leal e evite os golpes baixos.

Por muitas queixas que tenha do seu marido, porque conhece bem as suas manias, fraquezas e pequenos defeitos, o facto é que a sua partida o torna vulnerável e não é preciso feri-lo ainda mais. Não o martirize, na presença de amigos comuns ou da sua família, com frases assassinas. Ele é o “abandonado”, não ponha o dedo
na ferida.

Não se culpabilize.

Cabe-lhe o papel da má da fita. Sendo a “culpada”, toda a gente (filhos, família, amigos) a acusará. Sobretudo se o seu ex não for um monstro e você partir com outro homem. Não duvide de si mesma. Reflectiu muito para tomar uma decisão que não era fácil. Mantenha-se firme e procure desabafar com uma verdadeira amiga ou com um psicólogo, que lhe dará uma ajuda eficaz.

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